Ginástica Artística
Ginástica Artística nos Jogos Olímpicos – Tóquio 2020
Provas da ginástica artística em Tóquio:
FEMININO
+ Equipe
+ Individual Geral
+ Solo
+ Salto
+ Trave
+ Barras Assimétricas
MASCULINO
+ Equipe
+ Individual Geral
+ Solo
+ Salto
+ Cavalo com alças
+ Barra Fixa
+ Barras Paralelas
+ Argolas
Local da competição
A ginástica artística dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 será disputada na Ariake Gymnastic Centre, com capacidade para 12 mil pessoas, no distrito de Ariake. A arena foi construída utilizando cedros japoneses e foi inspirada em barcos de madeira. O local é uma instalação provisória.
O Brasil na ginástica artística dos Jogos Olímpicos
A história da ginástica artística do Brasil nos Jogos Olímpicos tem início em Moscou 1980. Na edição marcada pelo boicote de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão, por ser realizada por um país socialista, Cláudia Magalhães e João Luiz Ribeiro foram os responsáveis por colocar a bandeira do país pela primeira vez em um estádio olímpico da ginástica. Cláudia foi a 32ª colocada no individual geral e João apenas o 64º na versão masculina da disputa
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Nas edições seguintes, o Brasil seguiu sendo representado por um casal. Na edição dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984, Gerson Gnoatto e Tatiana Figueirde foram os representates do país na ginástica artística, tendo Tatiana conseguido o 27º lugar no individual geral, nossa melhor posição até então. A edição de Seul 1988 revelou Luísa Parente, uma de nossas melhores ginastas e para muitos a principal responsável por abrir as portas da modalidade no Brasil para a geração de Daniele Hypólito e Daiane dos Santos. A atleta do Flamengo ficou entre as 36 primeiras colocadas do individual geral. No masculino o nosso representante foi Guilherme Saggese Pinto, 89º colocado.
Quatro anos mais tarde, Luísa Parente voltou a representar o país na ginástica artística em uma edição olímpica. Na Olimpíada de Barcelona 1992, a brasileira chegou à competição tendo conquistado uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana, 1991, nas barras assimétricas. Feito semelhante só seria repetido por Jade Barbosa, no salto, no Pan do Rio de Janeiro em 2007. Na cidade espanhola, Luísa foi a 57ª colocada. No masculino, o Brasil contou com Marco Antônio Monteiro, 84° colocado no individual geral. Após a participação de Marco Antônio em 1992, o Brasil só voltou a ter um representante no masculino na edição de Atenas 2004, com Mosiah Rodrigues.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados
As Olimpíadas de 1996, em Atlanta, foi marcada pela ausência do Brasil na ginástica artística pela primeira vez desde a edição de 1980, em Moscou. Soraya Carvalho até chegou a se classificar para os Jogos Olímpicos, mas acabou não podendo competir por uma lesão no cotovelo.
O ciclo das Olimpíadas de Sidney 2000 marcou o surgimento de uma geração que mudaria os rumos do esporte no país. Já nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg 1999, a equipe comandada por Daniele Hypólito e Daiane dos Santos deu mostras que o esporte estava em pleno crescimento no país, quando alcançaram a medalha de prata por equipes.
Para os Jogos Olímpicos, o país conseguiu classificar duas mulheres, Daniele Hypolito e Camila Comin, algo inédito até então. Inédito também foi a classificação de Daniele Hypólito para a final do individual geral, a primeira final da ginástica artística do Brasil. O 21° lugar da irmã mais velha dos Hypólitos abriu de vez as portas da ginástica artística para o Brasil, ainda que os homens completaram mais um ciclo sem mandar representantes.
Em 2004, os Jogos Olímpicos voltavam para suas origens. Após mais de 100 anos, Atenas voltaria a sediar o evento. E justamente nessa edição histórica, o Brasil também fazia história na ginástica artística, classificando pela primeira vez uma equipe completa no feminino. E mais do que isso, chegava com uma das favoritas à medalha de ouro na prova de solo.
Daiane dos Santos havia conquistado no ano anterior o título mundial no aparelho no campeonato disputado em Anahein, Estados Unidos, e pisou em solo grego como a ginasta a ser batida. Era a segunda medalha em mundiais de ginástica artística que o Brasil conquistava, a primeira foi a de Daniele Hypolito em 2001, também no solo.
Treinadas por um dos maiores nomes da história do esporte, o ucraniano Oleg Ostapenko, a equipe acabou ficando em nono lugar, a uma posição de se garantir na final. No individual geral , o Brasil conseguiu classificar pela primeira vez duas atletas para a final, tendo Camila Comin terminado em 24° lugar e Daniele Hypólito em um inédito 16° lugar.
Ao som de Brasileirinho, Daiane dos Santos disputou a final do solo, como o esperado, mas algumas falhas nas aterrissagens de suas acrobacias acabaram custando a medalha inédita para o país. Daiane acabou terminando em quinto lugar, até hoje o melhor resultado feminino em Jogos Olímpicos. Atenas marcou também a volta de um ginasta masculino. O gaúcho Mosiah Rodrigues representou o país no individual geral e terminou em 33°, melhor posição do masculino até então.
Os Jogos Olímpicos de Pequim 2008 chegaram trazendo novas estrelas para a ginástica artística brasileira. Diego Hypólito, o irmão mais novo de Daniele, pisou na cidade chinesa como favorito ao ouro no solo após ter conquistado um bicampeonato mundial no aparelho, além de uma prata, durante o ciclo.
Destaque também para a carioca Jade Barbosa, medalhista de bronze no individual geral no mundial de 2007 e finalista na trave e no salto da mesma edição. Pequim teve o recorde de finais para o país, ainda que a medalha tenha batido na trave novamente.
Na competição por equipe as meninas do Brasil conquistaram uma vaga na final, terminando a disputa em oitavo lugar. Diego Hipólito se classificou em primeiro lugar para a final de solo, sendo o segundo ginasta a se apresentar. Após uma série praticamente prefeita em sua maior parte, o ginasta acabou caindo em sua última acrobacia e terminou em sexto lugar, adiando o sonho da medalha olímpica.
Daiane dos Santos foi novamente finalista no solo, dessa vez terminando em sexto lugar. A novata Ana Cláudia Silva se classificou para a final do individual geral, onde foi 24ª. Jade Barbosa, na mesma final, foi a décima colocada, nossa melhor posição até hoje na ginástica artística, e sétima colocada na prova de salto.
A primeira medalha da história do Brasil na ginástica artística veio na edição de Londres 2012 dos Jogos Olímpicos e foi logo uma dourada. No dia 06 de agosto, Arthur Zanetti entrou na Arena North Greenwich para fazer história para o país.
Nas argolas, aparelho marcado pelo grande uso da força, Zanetti segurou nos braços a pressão e a expectativa por uma medalha que acompanhava a ginástica brasileira desde 2004 e não decepcionou. O paulista de São Caetano foi o último atleta a se apresentar nas argolas, e mesmo após uma ótima apresentação do chinês Chen Ybing (o grande favorito da prova), não se intimidou e foi quase perfeito.
A explosão na comemoração após a nota divulgada não deixava dúvidas sobre quem era o novo rei das argolas. O Brasil tinha mais um esporte estreando no quadro de medalhas, o seu primeiro campeão olímpico na ginástica artística.
Londres também deixou boas lembranças para Sérgio Sasaki que conseguiu uma inédita vaga na final do individual geral, onde terminou em 10º lugar. Já a equipe feminina não teve um bom desempenho e acabou terminando em último lugar e não conseguiu nenhuma final, fato que vinha acontecendo desde a edição de Sidney 2000.
Competindo em casa, os brasileiros conquistaram três medalhas em 2016. Diego Hypólito e Arthur Nory, no solo, e novamente Arthur Zanetti, nas argolas, foram os responsáveis pela melhor campanha do Brasil em Jogos Olímpicos em termos de quantidade de medalhas na ginástica artística.
Após cair no solo em duas edições de Jogos consecutivas, Diego Hypólito alcançou sua redenção no tablado da Arena Olímpica do Rio, na Barra da Tijuca. Após uma ótima apresentação, o ginasta conquistou a medalha de prata, ficando atrás apenas do britânico Max Whitlock. Para completar a festa dos brasileiros que lotavam a arena, Arthur Nory fez uma apresentação sem grandes erros e conquistou a medalha de bronze, fazendo realidade uma rara dobradinha em pódios olímpicos para o Brasil.
Arthur Zanetti voltou a subir em um pódio olímpico quatro anos após ser campeão em Londres. Dessa vez, a medalha foi de prata, tendo ficado atrás do grego Eleftherios Petrounias. Entre as mulheres, destaques para Flávia Saraiva, quinta colocada na trave, e Rebeca Andrade, finalista no individual geral. As equipes masculina e feminina também fizeram bonito tendo as duas se classificado para a final.
Grandes nomes da ginástica artística nos Jogos Olímpicos
Presente desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos em 1896, a ginástica artística possui ao longo desses 124 anos uma extensa lista de grandes atletas que marcaram o esporte e as Olimpíadas. Os primeiros ginastas campeões olímpicos nos aparelhos que hoje compõem o programa dos Jogos foram o suíço Louis Zutler no cavalo com alças, o grego Ioannis Mitropoulos nas argolas e os alemães Carl Schuhmann no salto, Alfred Flatow nas barras paralelas e Hermann Weingartner na barra fixa. Entre as mulheres, que foram incluídas apenas nos Jogos de Amsterdã 1924, as primeiras medalhistas nas provas do atual programa olímpico foram na disputa por equipes, com vitória das donas da casa, prata para a Itália e bronze para a Grã-Bretanha.
Pentacampeão consecutivo por equipes masculina entre Roma 1960 e Cidade do México 1976, os japoneses deixaram um grande legado no período, que incluem nomes históricos e várias acrobacias que ainda hoje são utilizadas pelos ginastas. O maior medalhista do Japão, e um dos maiores entre todas as nações, é Sawao Kato. Foram oito medalhas douradas, três medalhas de prata e uma de bronze, entre os Jogos da Cidade do México 1968 e Montreal 1976. Takeshi Ono somou ainda mais medalhas do que Kato, embora tenham sido menos ouros. Foram simplesmente 13 medalhas entre as Olimpíadas de Helsinque em 1952 e Tóquio em 1964. Dentre essas medalhas estão cinco ouros, com destaque para os bicampeonatos na barra fixa e por equipes.
Yukio Endo, que deu nome a vários elementos no código de pontuação, esteve presente em três dos cinco títulos olímpicos consecutivos da equipe japonesa, 1960, 1964 e 1968, além de ter conquistado o ouro no individual geral e no solo em 1964. Outro nome de peso da ginástica japonesa e que ainda hoje tem seu sobrenome citado em todas as competições pelos elementos complexos que levam o seu nome é Mitsuo Tsukahara. Tricampeão por equipes entre 68 e 76, o japonês ainda conta com o bicampeonato na barra fixa e outras 4 medalhas. Ele ainda foi quatro vezes campeão olímpico e duas vezes medalhista de prata. Também fizeram parte dos anos dourados do Japão, Akinori Nakayama, com 10 medalhas olímpicas, sendo seis delas de ouro, e outras 12 medalhas em mundiais, e Eizo Kenmotsu, com três ouros, três pratas e três bronzes.
Anos depois da geração dourada, o Japão voltou a presentear o mundo com um dos melhores ginastas da história. Kohei Uchimura participou de suas primeiras Olimpíadas em Pequim 2008, quando foi medalhista de prata por equipes e no individual geral. Apelidado de king Kohei (Rei Kohei), a estrela japonesa da ginástica artística começou seu reinado para valer no mundial do ano seguinte, em Londres. Uchimura conquistou o ouro no individual geral e dali em diante não perdeu mais na prova em grandes competições até as Olimpíadas de 2016. Nesse período, o ginasta conquistou um bicampeonato olímpico, 2012 e 2016, e seis títulos mundiais, completando oito anos consecutivos de invencibilidade. Kohei ganhou ao todo sete medalhas olímpicas, sendo três ouros, e 21 em mundiais, 10 delas de ouro. O ginasta vive a expectativa de disputar sua quarta edição olímpica, dessa vez em sua própria casa.
O atual momento da ginástica artística romena pode até enganar os desavisados e fazer parecer ser um país com pouco peso na ginástica, afinal, são duas Olimpíadas consecutivas sem conseguir classificar uma equipe completa. Mas o presente nebuloso não apaga os feitos de uma das bandeiras mais pesadas da ginástica mundial.
Toda história romena começou em Montreal 1976, com uma garotinha chamada Nadia Comaneci. Com apenas 15 anos, ela encantou o mundo com sua ginástica e protagonizou um dos momentos mais icônicos da história da ginástica e dos Jogos Olímpicos. Após fazer uma excelente apresentação nas barras assimétricas durante a qualificatória, o placar apresentou a nota da pequena ginasta e acabou chocando todo mundo mostrando apenas 1.00.
Momentos depois todos entenderam o que havia acontecido, Nadia recebera na verdade um perfeito 10, o primeiro da história da ginástica. Como o placar não estava preparado para um 10, acabou por mostrar apenas a nota 1. Naquela edição a ginasta romena acabou conquistando três medalhas de ouro (individual geral, trave e barras assimétricas), uma de prata e uma de bronze. Quatro anos depois, em Moscou, Nadia somou mais duas medalhas de ouro e duas de prata. Em mundiais de ginástica artística foram duas medalhas de ouro e duas de prata.
Após Nadia Comaneci, as portas foram abertas para a ginástica artística do país e vários atletas marcaram o seu nome no esporte. A ginástica feminina é repleta de elementos que levam os nomes de romenas, como Grigoras, Amanar, Gogean e Silivas, que possuem alto grau de dificuldade. Ecaterina Szabo, em 1984, conquistou quatro dos seis ouros disponíveis e ganhou uma prata. Daniela Silivas além de deixar seu nome marcado com elementos no código de pontuação, conquistou seis medalhas em Jogos Olímpicos, sendo três de ouro, e outras 10 em mundiais, seis delas de ouro. Simona Amanar também conquistou seis medalhas olímpicas, com destaque para o salto sobre a mesa com um ouro em Atlanta 1996, aparelho em que o salto que ela realizava e que leva o seu nome é até os dias de hoje um dos mais difíceis realizados pelas mulheres.
Entretanto, o sucesso não ficou restrito apenas às mulheres e os homens também aproveitaram da esteira de Nadia e brilharam. Destaque para Marius Urzica, campeão no cavalo com alças em Sidney 2000 e detentor de outras três medalhas olímpicas e cinco em mundiais. O mais famoso entre os ginastas romenos é Marian Dragulesco, embora não tenha tido o mesmo sucesso olímpico de Urzica. As oito medalhas de ouro em mundiais no solo e salto não se repetiram em Olimpíadas, mas somadas à prata no solo e o bronze conquistados em Atenas 2000 e a um salto batizado com o seu nome acabaram por eternizar o ginasta.
A última grande estrela do país na ginástica artística foi Catalina Ponor, principal ginasta dos Jogos Olímpicos de 2004. Ponor conquistou o ouro nas provas de trave, equipes e solo, batendo na final a brasileira Daiane dos Santos, favorita no aparelho. Depois de anunciar sua aposentadoria, a ginasta voltou a competir e conquistou a medalha de bronze por equipes e a prata no solo em Londres 2012. Ponor tem ainda três pratas e dois bronzes em mundiais.
Sem dúvidas, a União Soviética foi quem mais deu ao mundo ginastas de destaque, sendo o maior nome entre todas essas estrelas o de Larissa Latynina, nove vezes campeã olímpica. A ginasta nascida em Kherson foi a maior medalhista da história das Olimpíadas até o surgimento do fenômeno Michael Phelps, na natação. Além dos nove ouros foram mais cinco medalhas de prata e quatro medalhas de bronze, totalizando 18 medalhas conquistadas entre 1956 e 1964 na ginástica artística. Contemporâneas de Larissa, Sofia Muratova, com oito medalhas olímpicas, Polina Asthakova com 10 medalhas e Tamara Manina, com cinco medalhas, também tiveram seus nomes marcados nos Jogos Olímpicos.
As décadas de 70 e 80 também foram frutíferas para a União Soviética e a ginástica artística mundial. Olga Korbut, que dá nome a um dos elementos mais difíceis na trave de equilíbrio, Ludmilla Tourischeva, Yelena Shushunova, Natalia Shaposhnikova e Svetlana Bongiskaya dominaram as duas décadas tanto em Olimpíadas como em mundiais. Nellie Kim acabou se convertendo na principal rival da romena Nadia Comaneci. Disputando as mesmas Olimpíadas, a soviética conquistou três ouros e uma prata em Montreal 1976 e dois ouros em 1980. Kim ganhou ainda 11 medalhas em campeonatos mundiais, sendo cinco de ouro.
Em 1992 a União Soviética já não disputou as Olimpíadas e os países que formavam o antigo bloco comunista competiram nos jogos como Equipe Unificada e as ginastas que representaram o bloco entraram para a história como uma das melhores equipes já vistas. Além da presença de Bongiskaya a equipe contava com nomes de peso como o de Tatiana Gutsu, três vezes campeã na edição, Oksana Chusovitina, ginasta que mais vezes disputou as Olimpíadas e está classificada para sua oitava participação, e Tatyana Lisenko, três vezes medalhista em 92.
Naturalmente herdeiras da União Soviética, as russas competiram pela primeira vez na edição de 1996. O principal nome do país é sem dúvidas o de Svetlana Khorkina. Especialista nas barras assimétricas, a russa foi bicampeã no aparelho em 1996 e 2000 e ainda conquistou quatro medalhas de prata e uma de bronze em outras provas. Khorkina conquistou ainda nove medalhas de ouro em campeonatos mundiais, incluindo três títulos do individual geral, oito medalhas de prata e três bronzes. Seus números em mundiais só vieram a ser superados por Simone Biles no atual ciclo olímpico. Yelena Produnova, que dá nome a um dos saltos mais difíceis e mais raros de serem vistos em competições e Elena Zamolodchikova, com quatro medalhas olímpicas, também foram nomes de destaque entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000.
A estrela mais recente revelada pela Rússia é a bicampeã olímpica das barras assimétricas Aliya Mustafina, que subiu ao lugar mais alto do pódio nas edições de Londres 2012 e Rio 2016. Ela ainda conta com duas pratas por equipes, dois bronzes no individual geral e um no solo, todas conquistadas nas duas edições. Mamãe recentemente, a russa 12 vezes medalhista em mundiais briga contra o tempo para recuperar sua melhor forma física e poder representar o país mais uma vez, agora em busca do tricampeonato nas barras assimétricas.
Entre os homens da antiga União Soviética Viktor Chukarin é considerado uma das primeiras estrelas. Foram sete medalhas de ouro entre Helsinque 1952 e Melbourne 1956 e outras três pratas e um bronze. Bicampeão olímpico nas argolas em 1956 e 1960, e bicampeão mundial em 1954 e 1958, Albert Azaryan é considerado um dos melhores ginastas da história nesse aparelho, que conta com elementos batizados em seu nome. O ginasta de origem armênia conta ainda com um ouro e uma prata por equipes em Olimpíadas. Contemporâneo de Azaryan e Chukarin, Boris Shakhlin conquistou 13 medalhas olímpicas, sete delas de ouro. Valentin Muratov, outro integrante da equipe soviética no período, foi quatro vezes campeão olímpico entre 1952 e 1956.
A geração seguinte dos soviéticos também foi bastante vencedora. Nikolai Andrianov foi oito vezes campeão olímpico entre Munique 1972 e Montreal 1980, e quatro vezes campeão mundial. Andrianov é o ginasta masculino que mais vezes subiu ao pódio olímpico, foram 15 no total. Em mundiais são 13 pódios para o ginasta de origem russa. Aleksandr Dityatin conquistou três ouros, seis pratas e um bronze em Jogos Olímpicos e outras sete medalhas em mundiais. Hoje Dityatin é o nome de um dos torneios mais importantes do calendário da ginástica russa. Tal honraria também foi concedida a outro ginasta soviético, Mikhail Voronin, que conquistou nove medalhas na Cidade do México em 68 e em Munique 72.
Aleksadr Tkatchev foi três vezes medalhista nos Jogos de 1980, sendo duas delas de ouro. Especialista nas provas de barra fixa e barras paralelas, Tkatchev deixou registrado alguns dos elementos mais executados na barra fixa e na prova feminina de barras assimétricas, que hoje levam o seu nome.
Na edição de Seul 1988, a União Soviética venceu em todas as provas da ginástica artística, algumas delas com o ouro dividido com outras nações. Daquela equipe se destacaram Valeri Liukin, campeão por equipe e na barra fixa e prata nas barras fixas e no individual geral. Anos depois Valeri se radicou nos Estados Unidos e sua filha, Nastia Liukin, se tornou uma das maiores ginastas americanas. Vladimir Artemov foi campeão na barra fixa, equipes, barras paralelas e individual geral, além da prata no solo.
Com o fim da União Soviética, os atletas do bloco comunista competiram as Olimpíadas de Barcelona 1992 sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional como Equipe Unificada. Dentre esses atletas estava Vitaly Scherbo, maior estrela da edição. Vitaly só não foi campeão no solo e na barra fixa, foram seis medalhas de ouro em uma das participações olímpicas mais memoráveis de um ginasta. O atleta de origem bielorrussa conquistou ainda quatro medalhas de bronze nas Olimpíadas de Atlanta em 1996.
A última grande geração da Rússia na ginástica artística tem como representante máximo Alexei Nemov. Em 1996 o ginasta foi campeão por equipes e do salto, prata no individual geral e bronze no solo, barra fixa e cavalo com alças. Em Sidney 2000 o ginasta somou mais dois ouros, um no individual geral e outro na barra fixa, além de uma prata no solo e bronze por equipes, cavalo com alças e barras paralelas. Nemov tem ainda 13 pódios em mundiais, cinco deles no lugar mais alto.
Os Estados Unidos é um dos países de maior sucesso na ginástica artística e domina o feminino atualmente, mas apesar de ter conquistado algumas medalhas no masculino nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos, o país começou a se destacar realmente a partir da edição de 1984, em Los Angeles.
A primeira geração responsável por isso foi a de Bart Conner e Mitch Gaylord, campeões por equipes em Los Angeles. Além do ouro por equipe Bart conquistou o ouro nas barras paralelas e Gaylord a prata no salto e dois bronzes, nas barras paralelas e nas argolas. Na mesma edição as mulheres norte-americanas apareceram no pódio pela primeira vez por equipes, com uma prata. Destaque para Mary Lou Retton, que conquistou cinco medalhas na edição, incluindo o ouro no individual geral.
As Olimpíadas de 1992, 1996 e 2000 apresentou uma nova geração vencedora na ginástica feminina do país. Começando por Kerri Strug, remanescente da equipe medalhista de bronze em 1992. Kerri ficou famosa após se lesionar na final por equipes de Atlanta 1996 e mesmo assim não se retirar da competição, saltar com o tornozelo machucado e sair carregada pelo treinador. O esforço valeu a pena e a equipe foi campeã olímpica. Shannon Miller, com sete medalhas olímpicas e nove mundiais, e Amy Chow também se destacaram no período.
As Olimpíadas de 2004 apresentaram dois novos destaques da ginástica artística do país. No feminino, Carly Patterson conquistou a medalha de ouro no individual geral, além da prata por equipes e da trave, aparelho onde possui uma das saídas mais difíceis de serem realizadas. O país conquistou a medalha de ouro no individual geral masculino com Paul Hamm, que também conquistou a medalha de prata na barra fixa. Ao lado do irmão gêmeo Morgan, Paul deu ainda a medalha de prata por equipes para os Estados Unidos.
Nastia Liukin e Shawn Jhonson foram as grandes estrelas dos Jogos Olímpicos de 2008, na China. Treinada por seu pai, Valeri Liukin, Nastia conquistou a medalha de ouro no individual geral, deixando para trás sua compatriota Shawn Jhonson, medalhista de prata. Nastia conquistou ainda três medalhas de prata, incluindo uma por equipes, e uma medalha de bronze na mesma edição. Shawn Jhonson ganhou ainda o ouro na trave e prata no solo, além de estar presente na equipe. Somadas, as duas conquistaram mais de 10 medalhas em mundiais, sendo sete delas de ouro.
Em 2012 Gabrielly Douglas se tornou a primeira ginasta negra da história a conquistar a medalha de ouro no individual geral, a prova mais nobre da ginástica. Gabby ganhou as capas de jornais e revistas do mundo inteiro, ganhou filme e virou boneca para as crianças após as Olimpíadas. A ginasta ainda foi campeã por equipes tanto em Londres quanto no Rio em 2016. Quem também esteve presente nas duas edições foi Alexandra Raysman, bicampeã por equipes, campeã no solo em 2012 e prata em 2016, prata no individual geral em 2016 e bronze na trave em 2012.
O ciclo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro acabou por revelar aquela que para muitos é maior ginasta da história. Simone Biles soma 25 medalhas em campeonatos mundiais, sendo 19 delas de ouro. Biles nunca perdeu uma disputa no individual geral, equipes e no solo em mundiais ou Olimpíadas. É a ginasta com o maior número de medalhas em mundiais, tanto no total quanto em ouros, na história. Na Rio 2016 Biles foi campeã por equipes, solo, salto e individual geral e ainda conquistou o bronze na trave. Premiada duas vezes com o Laureus de melhor atleta feminina do ano, Biles chegará em Tóquio para continuar seu caminho em busca da consagração eterna.
Outro país que começou a se destacar nas Olimpíada na ginástica artística a partir de 1984 foi a China. Um dos maiores nomes daquela edição disputada em Los Angeles foi Li Ning. Campeão olímpico no solo, cavalo com alças e argolas, o chinês ainda somou ainda uma prata por equipes e outra no solo, além de um bronze no individual geral. Astro do esporte olímpico chinês, coube a Li Ning a honraria de acender a pira olímpica na abertura dos Jogos de Pequim 2008 no estádio Ninho de Pássaro. Quem também se destacou em 84 foi Ma Yanhong, a ginasta foi campeã nas barras assimétricas e bronze na competição por equipes.
Outro ginasta chinês de grande destaque foi Li Xiaoshuang. Na edição de 1992, disputada em Barcelona, Li Xiaoshuang foi campeão no solo, prata na disputa por equipes e bronze nas argolas. Quatro anos mais tarde Li voltou a ser campeão olímpico, dessa vez no individual geral, e somou ainda mais duas pratas, no solo e por equipes. Além do sucesso olímpico, Li também conquistou três medalhas de ouro e três medalhas de prata em mundiais.
Os anos 2000 trouxeram uma nova geração chinesa que começou a impor seu estilo próprio e entrou de vez na disputa entre as grandes nações do esporte. Nos Jogos Olímpicos de Sidney 2000 a China conquistou a medalha de ouro por equipes e no time estavam presentes Li Xiaopang, que também conquistou a medalha de ouro nas barras paralelas, e Yang Wei, que ficou com a prata no individual geral. Enquanto isso, no feminino Liu Xuan conquistava o ouro na trave e o bronze no individual geral.
Os Jogos Olímpicos de 2000 e 2004 serviram de aquecimento para os chineses, que demonstraram tudo o que eram capazes na edição de 2008, disputada em solo chinês. Liderados por Yang Wei e Li Xiaopang, a China varreu as medalhas de ouro da ginástica masculina. Somente no salto o país não conseguiu se sagrar campeão. Além do ouro por equipes, Xiapong foi campeão nas barras paralelas e Wei foi campeão do individual geral e prata nas argolas. Novos nomes também surgiram na equipe, como Chen Yibing, campeão nas argolas em 2008 e quatro vezes campeão mundial no aparelho. Apelidado de o Senhor dos anéis, Chen só veio a ser destronado pelo brasileiro Arthur Zanetti nas Olimpíadas de 2012, em Londres.
Quem também estava presente na equipe era Zou Kai, que surpreendeu a todos conquistando o ouro no solo e na barra fixa. O ginasta chinês ainda disputou as Olimpíadas de Londres, onde além do ouro por equipes, venceu novamente o solo e foi bronze na barra fixa.
As mulheres também acabaram por vencer a disputa por equipes contra as americanas pela medalha de ouro em Pequim 2008. Lideradas por Cheng Fei, que vinha de um tricampeonato mundial consecutivo no salto, as chinesas venceram os Estados Unidos de Shawn Jhonson e Nastia Liukin, para a festa da torcida chinesa. Cheng além do ouro conquistado com a equipe levou um bronze no salto e outro no solo. Também compunham a equipe Deng Linlin, campeã na trave, He Kexin campeã nas barras assimétricas, e Yang Yilin, bronze no individual geral e nas barras assimétricas.
Alguns dos grandes nomes da ginástica artística não integram o grupo dos países que hoje são considerados potências da modalidade, seja pela queda no nível da ginástica em seu país ao longo dos anos, casos de Hungria e Itália, seja porque os países deixaram de existir, casos de Tchecoslováquia e Iugoslávia, ou porque os ginastas acabaram se destacando mesmo com o país não tendo muita tradição, como Espanha e Holanda. Uma das primeiras potenciais no esporte foi a Itália e de lá vieram Giorgio Zampori, quatro vezes medalhista de ouro e uma de bronze nos Jogos Olímpicos. Alberto Braglia foi bicampeão olímpico no individual geral em 1908 e 1912, além de ter sido campeão por equipe em 1912. Outro pais que teve destaque nas primeiras edições olímpicas foi a Hungria de Agnes Keleti, 11 vezes medalhistas, tendo cinco medalhas de ouro, e Itsván Pelle, bicampeão olímpico em 1932.
Entre os atletas daqueles países que foram desmembrados ou deixaram de existir, se destaca Vera Caslavska. Uma das ginastas mais vencedoras de todos os tempos, Vera competiu pela extinta Tchecoslováquia nas edições de Tóquio 1964 e Cidade do México 1968. Foram sete medalhas de ouro conquistadas e outras quatro de prata. Em mundiais Vera ganhou 10 medalhas, sendo quatro delas de ouro.
Epke Zonderland, da Holada, e Gervasio Defer, da Espanha, são exemplos de estrelas da ginástica que vieram de países com destaque no esporte, mas que estão longe de serem considerados potências. Gervasio Defer conquistou o bicampeonato consecutivo na prova de salto nas Olimpíadas de 2000 e 2004, além da prata no solo em 2008. Já o neerlandês Zonderland é reconhecido por seu estilo arrojado na barra fixa. Apelidado de Holandês Voador, Zonderland foi campeão olímpico em 2012 e três vezes campeão mundial no aparelho. Em Tóquio ele tentará sua segunda medalha na barra fixa e é um dos principais rivais do brasileiro Arthur Nory.
Quadro de medalhas da ginástica artística em Jogos Olímpicos
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | União Soviética | 72 | 67 | 43 | 182 |
2 | Estados Unidos | 37 | 42 | 35 | 114 |
3 | Japão | 31 | 33 | 34 | 98 |
4 | China | 26 | 18 | 17 | 61 |
5 | Romênia | 25 | 20 | 26 | 71 |
6 | Suíça | 16 | 19 | 14 | 49 |
7 | Hungria | 15 | 11 | 14 | 40 |
8 | Itália | 14 | 5 | 9 | 28 |
9 | Alemanha | 13 | 11 | 13 | 37 |
10 | Tchecoslováquia | 12 | 13 | 10 | 35 |
11 | Rússia | 10 | 15 | 19 | 44 |
12 | Equipe Unificada | 9 | 5 | 4 | 18 |
13 | Finlândia | 8 | 5 | 12 | 25 |
14 | Alemanha Oriental | 6 | 13 | 17 | 36 |
15 | Ucrânia | 5 | 3 | 4 | 12 |
16 | Grécia | 5 | 3 | 2 | 10 |
17 | Iugoslávia | 5 | 2 | 4 | 11 |
18 | Suécia | 5 | 2 | 1 | 08 |
19 | França | 3 | 10 | 9 | 22 |
20 | Países Baixos | 3 | 0 | 0 | 3 |
Coréia do Norte | 3 | 0 | 0 | 3 | |
22 | Grã-Bretanha | 2 | 3 | 9 | 14 |
23 | Bulgária | 2 | 2 | 6 | 10 |
24 | Espanha | 2 | 1 | 1 | 4 |
25 | Coréia do Sul | 1 | 4 | 4 | 9 |
26 | Brasil | 1 | 2 | 1 | 4 |
Dinamarca | 1 | 2 | 1 | 4 | |
Noruega | 1 | 1 | 2 | 4 | |
29 | Polônia | 1 | 1 | 2 | 4 |
30 | Alemanha Unificada | 1 | 1 | 1 | 3 |
31 | Lituânia | 1 | 1 | 0 | 2 |
32 | Canadá | 1 | 0 | 0 | 1 |
33 | Bélgica | 0 | 1 | 1 | 2 |
34 | Croácia | 0 | 1 | 0 | 1 |
35 | Belarus | 0 | 0 | 4 | 4 |
36 | Uzbequistão | 0 | 0 | 1 | 1 |
Alemanha Ocidental | 0 | 0 | 1 | 1 |
O esporte
A ginástica artística é considerada uma das formas mais antigas de práticas físicas, além de ser uma forma de se exercitar na busca pela definição do corpo. Os primeiros relatos da ginástica remontam ao Egito Antigo, passando pela Grécia, até chegar a forma sistematizada como a conhecemos hoje, no século XIX. Em 1811 o alemão Ludwig Christoph Jahn criou os aparelhos cavalo com alças, barras paralelas, barra fixa, trave e os saltos sobre a mesa. Ao contrário do que se possa pensar, o objetivo não era a prática de esportes de forma competitiva, mas sim como uma forma de treinamento militar para o exército alemão combater o exército de Napoleão Bonaparte. Da Alemanha, a ginástica se espalhou pelo continente europeu e posteriormente por outros continentes. Foi ganhando os contornos artísticos até se tornar o que conhecemos hoje como ginástica artística.
A ginástica artística é um dos esportes mais antigos no cronograma olímpico e está presente desde os primeiros jogos da Era Moderna, em Atenas 1896. Somente atletismo, natação e esgrima estiveram na primeira edição do evento ao lado da ginástica e ainda estão presentes atualmente. Primeiramente disputada apenas por homens, a ginástica passou a contar com a disputa feminina a partir de Amsterdã em 1928 com a prova por equipes. Ao longo dos anos o programa olímpico da ginástica artística sofreu diversas alterações com a entrada e a saída de várias provas. Já estiveram no programa provas como o salto lateral, o tumbling, as disputas por equipes em cada aparelho, dança com maças e maça indiana, dentre outras.
Atualmente as provas masculinas são divididas em equipes, individual geral, solo, cavalo com alças, argolas, salto sobre a mesa, barras paralelas e barra fixa. No feminino a divisão é por equipes, individual geral, salto sobre a mesa, barras assimétricas, trave e solo. Assim são distribuídas 14 medalhas de ouro, 14 de prata e 14 de bronze, totalizando 42 medalhas.