Salto em distância masculino
Salto em distância masculino – Atletismo – Jogos Olímpicos Tóquio 2020
Calendário
Recordes do salto em distância masculino
Chances do Brasil no salto em distância masculino
São dois brasileiros na prova, Samory Uiki e Alexsandro Melo. Samory conquistou a vaga batendo o índice por 1 cm, cravou 8,23 m. Foi o único salto dele além dos oito metros na carreira. Ocupa o 61º lugar no ranking mundial e tem como resultado internacional mais expressivo o quarto lugar no sul-americano deste ano. O atleta tem o nome inspirado num herói africano e Uiki significa mel em urubá, dialeto nigeriano. Os pais, gaúchos, Dalmir e Carla, quiseram resgatar a ancestralidade africana ao dar o nome ao filho. Alexsandro, apesar de ter se classificado somente pelo ranking, tem uma carreira mais consistente. É o 13º do mundo, já foi 12º, e já saltou algumas vezes além dos 8 metros. A melhor marca é 8,19m em 2018. Foi bronze no sul-americano deste ano e quarto colocado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Chances remotas de medalha.
O Brasil nos Jogos
A estreia brasileira no salto em distância foi em Los Angeles-1932. Três brasileiros estavam inscritos: Clóvis Raposo, João da Costa e Carlos Woebcken. Mas apenas Clóvis Raposo realmente competiu, ficando em 8º com 6,43 m. Márcio de Oliveira competiu em Berlim-1936 ao lado de Jesse Owens e terminou em 15º no geral com 7,05 m. Geraldo de Oliveira foi mais um que estava inscrito e acabou não competindo em Londres-1948.
O melhor resultado da história do Brasil na prova viria na edição seguinte, em Helsinque-1952. Ary de Sá fez uma ótima qualificação conquistando o 6º lugar com 7,24 m e, na decisão, acabou na excelente 4ª colocação com 7,23 m, a apenas 7 cm do pódio. Geraldo de Oliveira também competiu na Finlândia, terminando em 23º na quali com 6,71 m. Ary voltou a competir em Melbourne-1956, mas parou na qualificação com 7,00 m e a 20ª colocação.
Bronze no salto em altura em 1952, José Telles da Conceição competiu no salto em distância em Roma-1960, mas não participou da quali. O mesmo aconteceu com Luiz Carlos da Silva, em Munique-1972.
Na edição canadense em Montreal-1976, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, foi 6º na quali com 7,87 m e terminou a final na ótima 5ª posição com 8,00 m, um dia antes de sua medalha de bronze no salto triplo. Ele voltou a competir na prova em Moscou-1980, fazendo a 12ª marca na qualificação com 7,78 m, mas não competiu na final.
Três brasileiros competiram em Atlanta-1996, mas nenhum se classificou para a final. Nelson Ferreira foi 27º com 7,76 m, Douglas da Souza foi 33º com 7,61 m e Márcio da Cruz terminou em 42º com 7,12 m. Nelson Ferreira voltou a competir em Sydney-2000, mas foi mal, terminando e 43º com 7,32 m.
Especializado no salto triplo, Jadel Gregório também competiu no salto em distância em Atenas-2004, ficando em 32º na quali com 7,50 m. Mauro da Silva esteve em Pequim-2008, mas foi 26º na quali com 7,75 m, fora da final. Já em Londres-2012, Mauro foi o melhor na qualificação com 8,11 m, mas na final fez 8,01 m e acabou em 7º. No Rio-2016, Higor Alves foi o único a competir, ficando em 28º com 7,59 m.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
Os Favoritos
O jamaicano Tajay Gayle fez uma grande prova na decisão do Mundial de 2019, vencendo com 8,69 m, o melhor salto do mundo desde 2009. Com esta marca, Gayle se tornou o 10º melhor saltador da história. Um pouco antes do Mundial, ele havia ficado com a prata nos Jogos Pan Americanos de Lima-2019, perdendo para o cubano Juan Miguel Echevarría, outro fortíssimo candidato a medalha em Tóquio. Echevarría foi bronze no Mundial e ouro no Pan, além de ter vencido o Mundial Indoor de 2018. Seu melhor salto em 2019 foi de 8,65 m e ele saltou seis vezes acima dos 8,30 m neste ano.
A África do Sul tem dois grandes nomes para brigar por pódio na prova. Luvo Manyonga foi campeão mundial em 2017 e prata no Rio-2016 e Ruswahl Samaai foi bronze no Mundial de 2017 e é bicampeão africano. Ouro no Rio, o americano Jeff Henderson segue bem, vindo da prata no Mundial de 2019.
Os chineses Wang Jianan e Huang Changzhou, o grego Miltiadis Tentoglou, campeão europeu em 2018, e o sueco Thobias Montler são outros fortes nomes que podem brigar por medalha.
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Histórico do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos
O salto em distância masculino está presente no programa dos Jogos desde a sua primeira edição em Atenas-1896, quando a vitória ficou com o americano Ellery Harding Clark com 6,35 m. Clark usava seu chapéu como marcador, mas Constantino I, futuro rei da Grécia e que servia como árbitro da competição, removeu o chapéu por duas vezes, declarando que era uma competição amadora. Já em Paris-1900, a marca da qualificação valeria para a final. O americano Myer Prinstein havia feito a melhor marca e fez um acordo com seu compatriota Alvin Kraenzlein para não competirem na final, que seria num domingo, mas Kraenzlein competiu e ainda superou a marca de Prinstein, que ficou muito irritado e ameaçou bater no concorrente. Kraenzlein foi o grande nome dessa edição olímpica, vencendo quatro provas: 60 m, 110 m com barreiras, 200 m com barreiras e o salto em distância. Os americanos seguiram vencendo a prova nas edições seguintes, que iam batendo o recorde olímpico a cada edição antes da 1ª Guerra Mundial.
O sueco William Petersson quebrou a sequência americana ao vencer na Antuérpia-1920 após a Guerra com 7,15 m. Mas em seguida veio mais um longo domínio dos Estados Unidos. Um desses americanos a vencer foi ninguém menos que Jesse Owens, em Berlim-1936. Owens já tinha chocado Adolf Hitler quando venceu os 100 m no dia anterior e ele era novamente o favorito para o salto em distância, tendo se tornado o primeiro atleta a saltar acima dos oito metros no ano anterior, batendo o recorde mundial com 8,13 m. Ele bateu o recorde olímpico por três vezes durante a competição até vencer com 8,06 m, o primeiro a passar da marca de 8 m em uma Olimpíada e deixando o favorito da casa, o alemão Luz Long, em segundo lugar com 7,87 m. Longo foi o primeiro a parabenizar Owens pela vitória, abraçando-o na frente de Hitler. Os dois se tornaram grandes amigos e seguiram se comunicando após os Jogos, até o falecimento de Long durante a 2ª Guerra Mundial. Owens seria mais tarde o padrinho de casamento do filho do alemão. Long receberia postumamente a Medalha Pierre de Coubertin em 1964 por sua atitude.
Desde a vitória de Owens que ninguém conseguia saltar acima dos 8 m em uma Olimpíada. Isso mudou em Roma-1960 com quatro atletas alcançando a marca na decisão, vencida pelo americano Ralph Boston com 8,12 m contra 8,11 m de seu compatriota Bo Roberson. Boston voltou em Tóquio-1964 como grande favorito, tendo batido o recorde mundial com 8,34 m um mês antes dos Jogos, mas foi surpreendido pelo britânico Lynn Davies, campeão com 8,07 m contra 8,03 m do americano.
Boston novamente era o favorito na Cidade do México-1968 ao lado do soviético Igor Ter-Ovanesyan, ambos recordistas mundiais com 8,35 m. Boston tinha batido o recorde olímpico na qualificação com 8,27 m, mas ninguém no mundo estava pronto para o que aconteceria na final. Logo em seu primeiro salto, o americano Bob Beamon voou longe, quase chegando ao fim da caixa de areia. O aparelho ótico que mediria o salto não alcançava a marca e uma trena foi solicitada. Beamon havia saltado inacreditáveis 8,90 m, 55 cm melhor que o recorde mundial.
Com pouca familiaridade com o sistema métrico, Beamon não tinha entendido o seu feito e a ficha só caiu após Boston avisá-lo que ele tinha quebrado a marca por mais de dois pés. Beamon não acreditou, caiu de joelhos e ficou em estado de choque. Ninguém chegou nem perto da sua marca. Após os Jogos, Beamon foi draftado para a NBA, mas nunca jogou uma partida e também encerrou sua carreira no atletismo.
Los Angeles-1984 foi o início do domínio de uma lenda, o americano Carl Lewis. O seu primeiro ouro em casa havia vindo nos 100 m dois dias antes. No salto em distância, Lewis dominou desde a quali, quando marcou 8,30 m. Na decisão, foi ouro com 8,54 m, 30 cm melhor que o vice-campeão, o australiano Gary Honey. A segunda vitória de Lewis na prova veio em Seul-1988 com um excelente 8,72 m em pódio todo americano.
Em Barcelona-1992, Lewis novamente chegou como favorito, mas seu compatriota Mike Powell havia surpreendido o mundo batendo o recorde mundial com 8,95 m no ano anterior. Lewis abriu a final com 8,67 m e a emoção foi até o último salto, quando Powell chegou muito perto, fazendo 8,64 m. Carl Lewis fecharia sua imbatível sequência vencendo aos 35 anos a prova em Atlanta-1996 com 8,50 m, se tornando apenas o segundo atleta da história olímpica a vencer a mesma prova individual pela 4ª vez.
Sem Lewis, a vitória em Sydney-2000 ficou com o cubano tetracampeão mundial Ivan Pedroso com 8,55 m. Esta foi a primeira vez que um americano não subiu ao pódio, sem contar com o boicote em Moscou. O americano Dwight Phillips venceu em Atenas-2004 com 8,59 m. Phillips também vencera o Mundial no ano anterior e levaria mais três nos anos seguintes.
O panamenho Irving Saladino, treinado pelo brasileiro Nélio Moura, foi campeão em Pequim-2008 com 8,34 m, numa prova que pela primeira vez não teve um americano na final (excluindo-se o boicote em Moscou-1980). Em Londres-2012, Saladino queimou as três tentativas na quali e não pôde defender seu título na final. A vitória ficou com o britânico Greg Rutherford, brilhando em casa com 8,31 m. A vitória no Rio-2016 ficou com o americano Jeff Henderson, campeão com 8,38 m, apenas 1 cm melhor que o sul-africano Luvo Manyonga.
Medalhistas do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Atenas 1896 | Ellery Clark USA | Bob Garrett USA | James B. Connolly USA |
Paris 1900 | Al Kraenzlein USA | Meyer Prinstein USA | Pat Leahy GBR |
St. Louis 1904 | Meyer Prinstein USA | Dan Frank USA | Robert Stangland USA |
Atenas 1906 | Meyer Prinstein USA | Peter O’Connor GBR | Hugo Friend USA |
Londres 1908 | Frank Irons USA | Dan Kelly USA | Cal Bricker CAN |
Estocolmo 1912 | Albert Gutterson USA | Cal Bricker CAN | Georg Åberg SWE |
Antuérpia 1920 | William Petersson SWE | Carl Johnson USA | Erik Abrahamsson SWE |
Paris 1924 | DeHart Hubbard USA | Ned Gourdin USA | Sverre Hansen NOR |
Amsterdã 1928 | Ed Hamm USA | Sylvio Cator HAI | Al Bates USA |
Los Angeles 1932 | Ed Gordon USA | Lambert Redd USA | Chuhei Nanbu JPN |
Berlim 1936 | Jesse Owens USA | Luz Long GER | Naoto Tajima JPN |
Londres 1948 | Willie Steele USA | Bill Bruce AUS | Herb Douglas USA |
Helsinque 1952 | Jerome Biffle USA | Meredith Gourdine USA | Ödön Földessy HUN |
Melbourne 1956 | Greg Bell USA | John Bennett USA | Jorma Valkama FIN |
Roma 1960 | Ralph Boston USA | Bo Roberson USA | Igor Ter-Ovanesyan URS |
Tóquio 1964 | Lynn Davies GBR | Ralph Boston USA | Igor Ter-Ovanesyan URS |
Cidade do México 1968 | Bob Beamon USA | Klaus Beer GDR | Ralph Boston USA |
Munique 1972 | Randy Williams USA | Hans Baumgartner FRG | Arnie Robinson USA |
Montreal 1976 | Arnie Robinson USA | Randy Williams USA | Frank Wartenberg GDR |
Moscou 1980 | Lutz Dombrowski GDR | Frank Paschek GDR | Valery Podluzhny URS |
Los Angeles 1984 | Carl Lewis USA | Gary Honey AUS | Giovanni Evangelisti ITA |
Seul 1988 | Carl Lewis USA | Mike Powell USA | Larry Myricks USA |
Barcelona 1992 | Carl Lewis USA | Mike Powell USA | Joe Greene USA |
Atlanta 1996 | Carl Lewis USA | James Beckford JAM | Joe Greene USA |
Sydney 2000 | Iván Pedroso CUB | Jai Taurima AUS | Roman Shchurenko UKR |
Atenas 2004 | Dwight Phillips USA | John Moffitt USA | Joan Lino Martínez ESP |
Pequim 2008 | Irving Saladino PAN | Godfrey Khotso Mokoena RSA | Ibrahim Camejo CUB |
Londres 2012 | Greg Rutherford GBR | Mitch Watt AUS | Will Claye USA |
Rio 2016 | Jeff Henderson USA | Luvo Manyonga RSA | Greg Rutherford GBR |
Quadro de medalhas do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 23 | 15 | 11 | 49 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 1 | 2 | 5 |
3 | Alemanha Oriental | 1 | 2 | 1 | 4 |
4 | Suécia | 1 | 0 | 2 | 3 |
5 | Cuba | 1 | 0 | 1 | 2 |
6 | Panamá | 1 | 0 | 0 | 1 |
7 | Austrália | 0 | 4 | 0 | 4 |
8 | África do Sul | 0 | 2 | 0 | 2 |
9 | Canadá | 0 | 1 | 1 | 2 |
10 | Alemanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
10 | Haiti | 0 | 1 | 0 | 1 |
10 | Jamaica | 0 | 1 | 0 | 1 |
10 | Alemanha Ocidental | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | União Soviética | 0 | 0 | 3 | 3 |
15 | Japão | 0 | 0 | 2 | 2 |
16 | Finlândia | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Itália | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Noruega | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Espanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Ucrânia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Salto em distância é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas combinam velocidade, força e agilidade para saltarem o mais longe possível a partir de um ponto pré-determinado.
O salto deve ser dado após uma corrida numa raia marcada no chão, com o atleta saltando o mais longe possível dentro de uma caixa de areia ao fim dela. O salto é invalidado caso o atleta pise no final da tábua de impulsão, que geralmente é marcado por uma listra vermelha, colocada exatamente no início da caixa. Atualmente, o bordo da tábua é coberto por plasticina para facilitar a decisão dos juízes em casos dúbios. A distância é então medida do limite da tábua até a primeira marca na areia feita pelo corpo do atleta. A maioria dos eventos disputados é composto de seis saltos, sendo que alguns deles, que tem marcas mais baixas, constam de apenas três saltos. Se os competidores empatam no salto mais longo, é declarado vencedor aquele com a segunda marca mais longa.
Em eventos esportivos de grande magnitude, como os Jogos Olímpicos ou o Campeonato Mundial de Atletismo por exemplo, os doze melhores atletas dentre todos os que participam da primeira rodada de saltos, são classificados para a final; nela, todos dão três saltos mas apenas os oito primeiros colocados participam da rodada final de mais três saltos. Todos os seis saltos destes atletas finais valem para aferir o vencedor.
Como em diversas outras modalidades do atletismo, saltos dados com vento a favor acima de 2m/s não tem validade para a aferição de recordes.