Salto com vara masculino
Salto com vara masculino – Atletismo – Jogos Olímpicos Tóquio 2020
Calendário
Recordes do salto com vara masculino
Chances do Brasil
São dois brasileiros competindo no salto com vara em Tóquio, um deles o atual campeão olímpico Thiago Braz. O outro é Augusto Dutra. A chance de medalha está com Thiago, afinal já mostrou ter salto para brigar pelo pódio, apesar de não ter tido um bom ciclo olímpico. Da Rio-2016 para cá, conseguiu um quinto lugar no Mundial de 2019 e um vice-campeonato sul-americano no mesmo ano. Dutra, por sinal, foi o campeão sul-americano de 2019 e vice-campeão Pan-Americano no mesmo ano. Também pegou final no Mundial de 2019.
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O Brasil nos Jogos
O primeiro brasileiro a competir no salto com vara em uma Olimpíada foi Eurico de Freitas, em Paris-1924. Ele obteve a marca de 3,40m na qualificação, ficando em 11º, não avançando para a final. Dois brasileiros competiram na prova em Los Angeles-1932. Com apenas oito atletas na prova, Lúcio de Castro foi 6º com 3,90m e Carlos Nelli ficou sem marca, queimando as três chances em 3,75m. Em Helsinque-1952, Hélcio da Silva ficou em 25º na qualificação com 3,60m não avançando à final.
Após um longo hiato, o Brasil voltou a competir na prova em Los Angeles-1984 com Tom Hintnaus, que fez 5,35m na qualificação, avançando para a final em 8º. Na decisão, queimou as três em 5,40m e ficou sem marca.
Fábio Gomes da Silva colocaria novamente o Brasil na prova em Pequim-2008, mas com apenas 5,45m, ele terminou em 25º no geral na qualificação, fora da decisão. Ele voltaria a competir em Londres-2012, mas queimou as três tentativas em 5,50m e ficou sem marca na quali.
No Rio-2016, dois brasileiros competiram: Augusto Dutra, 22º na quali com 5,45m e fora da final, e Thiago Braz. Braz tinha sido campeão mundial júnior em 2012 e prata nos Jogos Olímpicos da Juventude de Cingapura-2010. Mas como adulto, seus resultados não eram os esperados. Após o 4º lugar no Mundial Indoor de 2014, ele obteve uma sequência de falhas, como quando ficou sem marca no Pan de 2015, não pegou final no Mundial de Pequim-2015 e foi apenas 12º no Mundial indoor de 2016. E ele não ficava mais entre os cotados a uma medalha.
Braz quase queimou as três tentativas na quali em 5,45m, mas eventualmente passou no 5,70m para ir à final. Na decisão, o francês Renaud Lavillenie brilhava passando em todas as alturas de primeira, enquanto o brasileiro queimava alguns saltos. Em 5,93m, Lavillenie novamente passou de primeira enquanto Braz precisou de duas tentativas. No 5,98m, o francês foi mais uma vez de primeira, forçando o brasileiro a não saltar e ir direto para um até então inimaginável 6,03m. Com a prata já garantida, ele foi para o tudo ou nada e passou na altura na segunda tentativa. Lavillenie queimou duas e foi obrigado a subir o sarrafo para 6,08m. Irritado com a torcida brasileira que fazia muito barulho e soltava algumas vaias, o francês queimou e o ouro foi para o brasileiro.
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Os Favoritos
O favoritismo da prova hoje é todo do sueco Armand Duplantis. Nascido e criado nos Estados Unidos, mas filho de mãe sueca, Duplantis teve uma ascensão rápida na modalidade, se tornando campeão europeu adulto em 2018 aos 18 anos com uma marca espetacular de 6,05m, recorde mundial sub20. No mesmo ano foi campeão mundial sub 20, mas acabou ficando com a prata no Mundial de Doha-2019, perdendo nos critérios de desempate para o americano Sam Kendricks. Em compensação, o sueco faz uma temporada de 2020 invejável, mesmo sendo interrompida pela pandemia. No início do ano, bateu duas vezes o recorde mundial da prova com 6,17m e 6,18m, ambos em provas indoor e voltou para a temporada outdoor em grande forma vencendo 11 provas, incluindo um histórico 6,15m em setembro em Roma, onde bateu a melhor marca outdoor da história.
Único a também passar dos 6m em 2020, Kendricks é o grande rival de Duplantis. Chegou no Rio-2016 sem ser muito conhecido e foi bronze. Tornou-se campeão mundial em 2017, ano que venceu todas as 17 provas que disputou, e em 2019 repetiu o feito batendo Duplantis. Extremamente regular e presença constante em pódios, deve ser o grande rival do sueco.
O francês Renaud Lavillenie não foi bem no Mundial de 2019, sequer passando à final. Fará sua despedida olímpica em Tóquio e pode sim brigar por medalha. Dois poloneses também entram na briga: Piotr Lisek, que foi bronze no Mundial de 2019, e Pawel Wojciechowski, campeão mundial em 2011.
Apesar da irregularidade, o brasileiro Thiago Braz é uma incógnita. Pelo histórico dos últimos Mundiais, ele poderia desde ficar sem marca na qualificação como brigar por medalha na final.
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Histórico do salto com vara masculino
Baseado nas práticas de atravessar obstáculos naturais, como rios, o salto com vara como nós conhecemos começou a ser praticado por volta de 1850, mas há registros de competições desde 1826.
Prova muito tradicional, está presente nos Jogos desde a sua primeira edição em Atenas-1896, quando americano William Hoyt venceu com 3,30m. No início, as varas eram rígidas, feitas principalmente de bambu ou alumínio e não se usavam colchões para amortecer as quedas.
Neste início de competições, o salto com vara foi completamente dominado pelos Estados Unidos, que venceram de Atenas-1896 a Cidade do México-1968, 16 edições seguidas. Nos Jogos de Londres-1908 tivemos o único empate pro ouro registrado até hoje, quando os americanos Edward Cook e Alfred Carlton Gilbert empataram com 3,71m. Nos Jogos seguintes, em Estocolmo-1912, tivemos a realização de uma qualificação pela primeira vez e Harry Babcock venceu com 3,95m. Marc Wright, o primeiro a passar dos 4m (4,02m em um mês antes dos Jogos) ficou com a prata com 3,95m.
Após a 1ª Guerra Mundial, o americano Frank Foss se tornou o primeiro a ultrapassar a marca de 4m em uma Olimpíada, vencendo em Antuérpia-1920 com 4,09m, recorde mundial para a época. O domínio americano seguiu com dois pódios completos, em Paris-1924 e Amsterdã-1928.
As vitórias americanas seguiram após a 2ª Guerra Mundial e Bob Richards se tornou o primeiro e até hoje único bicampeão olímpico da prova. Ele venceu em Helsinque-1952 com 4,55m e em Melbourne-1956 com 4,56m, ambas marcas recordes olímpicos.
Nesta época, os atletas começaram a usar varas de compostos de fibra de vidro e fibra de carbono, que davam elasticidades às varas e as alturas começaram a subir rapidamente. Entre 1960 e 1964, o recorde mundial foi batido 11 vezes por oito atletas diferentes. Don Bragg venceu em Roma-1960 com 4,70m. Na edição seguinte, esta altura daria apenas o 10º lugar enquanto Fred Hansen venceria com 5,10m.
Na Cidade do México-1968, uma final emocionante com o americano Bob Seagren, o alemão oriental Claus Schiprowski e o alemão ocidental Wolfgang Nordwig empatando em 5,40m, mas Seagren foi ouro pelo critérios de desempate.
Quatro anos depois, em Munique-1972, Nordwig entraria pra história por ser o primeiro a quebrar a sequência de vitórias dos Estados Unidos, levando o ouro com 5,50m, seguido de Seagren. Dois poloneses venceram em seguida: Tadeusz Slusarski, que tinha ficado sem marca na final de 1972, levou em Montreal-1976, e Wladyslaw Kozakiewicz venceu em Moscou-1980 com 5,78m, recorde mundial, o primeiro em uma Olimpíada desde 1920.
Em 1984, um jovem soviético de 20 anos chamado Sergei Bubka quebrava o recorde mundial com 5,85m, mas, por conta do boicote soviético, ele ficaria de fora dos Jogos de Los Angeles-1984, vencidos pelo francês Pierre Quinon. Bubka quebraria o recorde mais três vezes naquele ano e em outras cinco oportunidades antes de finalmente fazer sua estreia olímpica em Seul-1988.
Com dois ouros em Mundiais, Bubka levou o ouro com 5,90m, liderando um pódio todo soviético. Quatro anos depois, com o terceiro título mundial no currículo, parecia que viria mais um ouro. Ele só precisou de um salto na qualificação em 5,60m, mas na final queimou duas em 5,70m e foi para o desespero em 5,75m, queimando e ficando sem marca na final. Maksim Tarasov, que também competia pela Comunidade dos Estados Independentes, ficou com o ouro com 5,80m.
Bubka bateu pela 17ª vez o recorde mundial em 2014 com 6,14m e ainda era o favorito para Atlanta-1996, mas uma lesão no tornozelo tirou o então pentacampeão mundial dos Jogos e ele nem competiu na quali. Sem o favorito, a prova estava aberta e três atletas conseguiram 5,92m, mas o francês Jean Galfione se deu melhor pelos critérios de desempate e ficou com o ouro.
Um americano voltaria ao topo da prova em Sydney-2000 com Nick Hysong, numa final onde quatro fizeram 5,90m, mas Hysong foi o único a passar de primeira. Timothy Mack daria mais um ouro pros Estados Unidos vencendo em Atenas-2004 com 5,95m.
A prova seguiu sem um grande nome e os títulos a cada ano ficavam com um atleta diferente. Em Pequim-2008, o australiano Steven Hooker sagrou-se campeão numa prova muito “suja”, onde precisou de três saltos nas quatro últimas alturas. Ainda assim, ele foi o único a passar em 5,96m para vencer.
O francês Renaud Lavillenie surgia como o novo nome da prova, apesar de nunca ter vencido um título mundial em pista aberta. Ele vencera quase todas as provas que disputara no ciclo olímpico e a coroação da grande fase veio em Londres-2012, onde levou com 5,97m.
O francês ainda era o nome a ser batido no Rio-2016, mas ele não esperava por um duelo inesquecível com o brasileiro Thiago Braz, que fazia a prova da vida em casa. Numa prova emocionante, que acabaria bem tarde numa segunda-feira já num estádio relativamente vazio, Braz fez um salto espetacular em 6,03m para bater o recorde olímpico e faturar um ouro inédito e inesperado pro Brasil.
Os Medalhistas do salto com vara masculino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Atenas 1896 | Bill Hoyt USA | Albert Tyler USA | Evangelos Damaskos GRE Ioannis Theodoropoulos GRE |
Paris 1900 | Irv Baxter USA | Meredith Colket USA | Carl Albert Andersen NOR |
St. Louis 1904 | Charles Dvorak USA | LeRoy Samse USA | Lou Wilkins USA |
Atenas 1906 | Fernand Gonder FRA | Bruno Söderström SWE | Ed Glover USA |
Londres 1908 | AC Gilbert USA Ed Cook USA | – – | Clare Jacobs USA Bruno Söderström SWE Ed Archibald CAN |
Estocolmo 1912 | Harry Babcock USA | Frank Nelson USA Marc Wright USA | William Halpenny CAN Bertil Uggla SWE Frank Murphy USA |
Antuérpia 1920 | Frank Foss USA | Henry Petersen DEN | Ed Myers USA |
Paris 1924 | Lee Barnes USA | Glenn Graham USA | Jim Brooker USA |
Amsterdã 1928 | Sabin Carr USA | Bill Droegemueller USA | Charles McGinnis USA |
Los Angeles 1932 | Bill Miller USA | Shuhei Nishida JPN | George Jefferson USA |
Berlim 1936 | Earle Meadows USA | Shuhei Nishida JPN | Sueo Oe JPN |
Londres 1948 | Guinn Smith USA | Erkki Kataja FIN | Bob Richards USA |
Helsinque 1952 | Bob Richards USA | Don Laz USA | Ragnar Lundberg SWE |
Melbourne 1956 | Bob Richards USA | Bob Gutowski USA | Georgios Roubanis GRE |
Roma 1960 | Don Bragg USA | Ron Morris USA | Eeles Landström FIN |
Tóquio 1964 | Fred Hansen USA | Wolfgang Reinhardt GER | Klaus Lehnertz GER |
Cidade do México 1968 | Bob Seagren USA | Claus Schiprowski FRG | Wolfgang Nordwig GDR |
Munique 1972 | Wolfgang Nordwig GDR | Bob Seagren USA | Jan Johnson USA |
Montreal 1976 | Tadeusz Ślusarski POL | Antti Kalliomäki FIN | Dave Roberts USA |
Moscou 1980 | Władysław Kozakiewicz POL | Tadeusz Ślusarski POL Konstantin Volkov URS | – – |
Los Angeles 1984 | Pierre Quinon FRA | Mike Tully USA | Thierry Vigneron FRA Earl Bell USA |
Seul 1988 | Sergey Bubka URS | Rodion Gataullin URS | Grigory Yegorov URS |
Barcelona 1992 | Maksim Tarasov EUN | Igor Trandenkov EUN | Javier García ESP |
Atlanta 1996 | Jean Galfione FRA | Igor Trandenkov RUS | Andrej Tiwontschik GER |
Sydney 2000 | Nick Hysong USA | Lawrence Johnson USA | Maksim Tarasov RUS |
Atenas 2004 | Tim Mack USA | Toby Stevenson USA | Giuseppe Gibilisco ITA |
Pequim 2008 | Steve Hooker AUS | Yevgeny Lukyanenko RUS | Derek Miles USA |
Londres 2012 | Renaud Lavillenie FRA | Björn Otto GER | Raphael Holzdeppe GER |
Rio 2016 | Thiago Braz BRA | Renaud Lavillenie FRA | Sam Kendricks USA |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 19 | 14 | 14 | 47 |
2 | França | 4 | 1 | 1 | 6 |
3 | Polônia | 2 | 1 | 0 | 3 |
4 | União Soviética | 1 | 2 | 1 | 4 |
5 | Equipe Unificada | 1 | 1 | 0 | 2 |
6 | Alemanha Oriental | 1 | 0 | 1 | 2 |
7 | Austrália | 1 | 0 | 0 | 1 |
7 | Brasil | 1 | 0 | 0 | 1 |
9 | Alemanha | 0 | 2 | 3 | 5 |
10 | Finlândia | 0 | 2 | 1 | 3 |
10 | Japão | 0 | 2 | 1 | 3 |
10 | Rússia | 0 | 2 | 1 | 3 |
13 | Suécia | 0 | 1 | 3 | 4 |
14 | Dinamarca | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Alemanha Ocidental | 0 | 1 | 0 | 1 |
16 | Grécia | 0 | 0 | 3 | 3 |
17 | Canadá | 0 | 0 | 2 | 2 |
18 | Itália | 0 | 0 | 1 | 1 |
18 | Noruega | 0 | 0 | 1 | 1 |
18 | Espanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
O salto com vara masculino
Salto com vara é um evento do atletismo onde os competidores usam uma vara longa e flexível para alcançar maior altura e passar por cima de uma barra ou sarrafo. Competições com varas já eram conhecidas na Grécia Antiga, entre os cretenses e os celtas. Foi introduzido como modalidade olímpica desde os primeiros Jogos em Atenas 1896 para os homens e desde Sydney 2000 para as mulheres.
É uma modalidade classificada como um das quatro principais provas de salto no atletismo, junto com o salto em altura, salto em distância e o salto triplo. Sua originalidade está no fato de ser um esporte que requer uma significativa quantidade de equipamento especializado para ser praticado, tornando-o mais caro que os demais, mesmo em nível básico. Vários saltadores de sucesso na prova tem uma base na ginástica, caso da russa Yelena Isinbayeva e da brasileira Fabiana Murer, o que reflete os atributos físicos similares necessários para os dois esportes.
A pista de corrida para o salto deve medir no mínimo 45 metros e ao fim dela se encontra o obstáculo, uma barra horizontal de 4,5 m de comprimento, 2,260 kg de peso máximo, sustentada por duas traves laterais que a elevam e apoiam à determinada altura. Exatamente ao fim da pista, ao nível do solo e à frente do obstáculo, existe centrada uma caixa de metal ou madeira, com 1 m de comprimento, 60 cm de largura no início e 15 cm junto ao obstáculo. É nela que o saltador apoia a vara para conseguir a impulsão, realizar o salto e ultrapassar o sarrafo.
O atleta tem três tentativas para saltar a marca, mas pode se recusar saltar determinada altura preferindo esperar por outra maior. Não conseguindo passar a altura depois de três tentativas na mesma altura ou alturas combinadas, é eliminado. Caso empatem na mesma altura final, o desempate é feito pelo número menor de tentativas para superar a altura imediatamente anterior. Caso continue empatado, é analisado o menor número de tentativas em toda a disputa; ainda um empate, a prova então tem um ou mais saltos de desempate até surgir o vencedor