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Maratona feminina

Calendário

Recordes

OlímpicoMundialBrasileiro
2:23:07 / Tiki Gelana (ETH) / Indianapolis (USA) – 05/08/2012
2:17:01 / Mary Jepkosgei Keitany (KEN) / Londres (GBR) – 23/04/2017
2:27:48 / Carmem de Oliveira / Boston (USA) – 18/04/1994

Chances do Brasil

O Brasil não vai competir nesta prova.

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos

As Favoritas

O favoritismo na maratona feminina é todo do Quênia e da Etiópia. Nada menos do que 95 etíopes e 57 quenianas fizeram tempos abaixo do índice olímpico apenas em 2019. O time queniano já foi escolhido e terá três nomes muito fortes. Ruth Chepngetich venceu a duríssima maratona no Mundial de 2019 em Doha com 2:32:43. Além disso, é bicampeã da maratona de Istambul e venceu a forte maratona de Dubai em 2019 com ótimos 2:17:08, o 4º melhor tempo da história para a distância.

Vivian Cheruiyot tem um excelente currículo na pista. Na Rio-2016, foi campeã nos 5.000 m e prata nos 10.000 m e em Londres-2012 foi prata na prova mais curta e bronze na mais longa. Venceu duas vezes cada uma dessas provas em Mundiais, além de inúmeras medalhas em Mundiais de Cross-Country. Após a Olimpíada carioca, a queniana se focou em provas de rua e obteve grande sucesso. Em 2017, foi 4ª em Londres e venceu a de Frankfurt. Em 2018, venceu em Londres e ficou em 2º lugar em Nova York e, em 2019, foi segunda colocada na capital inglesa e 4ª em Valência.

Brigid Kosgei fecha o time queniano. Desde 2018, ela foi praticamente impecável, com o 2º lugar em Londres e a vitória em Chicago. Em 2019, foram duas grandes vitórias, nestas mesmas provas, com destaque para 2:14:04 obtido em Chicago, a melhor marca da história de uma maratona feminina. Como as mulheres correm junto com os homens, este recorde mundial vem com esta observação. Em 2020, Kosgei venceu mais uma vez a Maratona de Londres com 2:18:58.

A Etiópia ainda não definiu a sua equipe, mas com certeza terá nomes para brigar por medalha. Entre as principais atletas estão Worknesh Degefa, que venceu a Maratona de Boston em 2019 e a de Dubai em 2017 e em 2020, Ashete Bekere, vencedora em Roterdã e em Berlim em 2019, Roza Dereje, campeã em Valência em 2019 e 3ª em Londres no mesmo ano, ou Ruti Aga, campeã da de Tóquio em 2019. Até Gelete Burka, que teve algum sucesso na pista e agora foca nas provas de rua, pode entrar na equipe. Burka foi campeã em Paris em 2019 e 3ª em Chicago. Na pista, ela tem a prata dos 10.000 m no Mundial de Pequim-2015 e foi campeã mundial indoor nos 1.500 m em 2008.

Nascida no Quênia, Lonah Chemtai Salpeter se mudou para Israel em 2008 como babá dos filhos do embaixador queniano e lá conheceu seu técnico e marido, Dan Salpeter, com quem começou a treinar em distâncias maiores em 2014. Disputou sua primeira maratona em 2016, vencendo em Tel Aviv e foi para o Rio-2016, onde não terminou a prova. Ela ficou conhecida quando venceu os 10.000 m no Europeu de 2018 em Berlim com 31:43.29 e no mesmo ano venceu a Maratona de Florença. Também não terminou a maratona no Mundial de 2019, mas venceu em Praga com um bom 2:19:46. Mas foi em 2020 que veio o grande resultado, com o título da Maratona de Tóquio com 2:17:45, o melhor tempo do mundo no ano.

Também nascida no Quênia, Rose Chelimo representou o Bahrein, por quem conquistou o 8º lugar no Rio-2016 e brilhou com o ouro na maratona do Mundial de 2017 em Londres. Ainda conseguiu a prata no Mundial de Doha-2019 e foi ouro na prova nos Jogos Asiáticos de 2018. Também representando o Bahrein, Shitaye Eshete é tricampeã asiática dos 10.000 m e tem bons resultados em maratonas de menor importância.

Também entram na disputa de medalhas a bielorrussa Volha Mazuronak, campeã europeia em 2018, a queniana naturalizada americana Sally Kipyego, e a veterana namibiana Helalia Johannes, ouro nos Jogos da Comunidade Britânica em 2018 e bronze no Mundial de 2019.

O Brasil nos Jogos

A primeira participação brasileira na maratona feminina foi logo na sua estreia com Eleonora de Mendonça em Los Angeles-1984. Ela foi a última a cruzar a linha de chegada em 44º lugar com 2:52:19. Angélica de Almeida competiu em Seul-1988 e terminou na 44ª posição com 2:43:40.

Márcia Narloch fez sua estreia olímpica em Barcelona-1992 om a 17ª posição na maratona com o tempo 2:44:32. Pela primeira vez o Brasil teve duas maratonistas nos Jogos e Janete Mayal acabou na 31ª colocação com 3:00:23.

Em Atlanta-1996, o Brasil contou com três atletas. Narloch mais uma vez foi a melhor brasileira na 39ª posição com 2:39:33. Solange de Souza ficou em 60º com 2:56:23 e Carmem de Oliveira não terminou. Uma das maiores fundistas e maratonistas da história do Brasil  dona de recordes continentais que duram até hoje, Carmem de Oliveira não repetiu seus bons tempos nas duas Olimpíadas que disputou. Ela também competiu nos 10.000 m em Barcelona. Narloch disputou sua terceira Olimpíada em Pequim-2008, mas, assim como Marlene Fortunato, não completou a prova.

Em Pequim-2008, o Brasil teve Marily dos Santos, que terminou em 51º lugar com 2:38:10 e em Londres-2012 foi a vez de Adriana Aparecida da Silva competir, terminando em 47º lugar com 2:33:15. As duas voltaram para o Rio-2016. Adriana foi 69ª com 2:43:22 e Marily 78ª com 2:45:08. O Brasil ainda teve em casa Graciete Santana, 128ª colocada com 3:09:15.

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Histórico

Apesar da maratona existir desde Atenas-1896, não havia provas oficiais de longas distâncias para mulheres. A grega Stamata Revithi tentou se inscrever para correr a prova na primeira edição dos Jogos, mas oficialmente disseram que ela havia se inscrito depois do prazo. Ela correu sozinha o percurso no dia seguinte e completou em 5 horas e meia.

A francesa Marie-Louise Ledru é considerada a primeira mulher a completar oficialmente uma maratona, em Paris em 1918, quando terminou em 38º lugar em 5 horas e 40 minutos. A inglesa Violet Percy foi a primeira mulher a ser oficialmente cronometrada numa maratona e a Federação Internacional reconheceu o seu tempo de 3:40:22 em 1926, em Londres, como o primeiro recorde mundial da maratona feminina. A marca durou 37 anos. A primeira mulher a baixar da marca de 3 horas foi a americana Elizabeth Bonner ao vencer a maratona de Nova York de 1971 com 2:55:22.

No final da década de 1970 e início da de 1980, a norueguesa Grete Waitz era o grande nome da prova, tendo vencido a Maratona de NY por nove vezes entre 1978 e 1988. Ela venceu por cinco vezes o Mundial de Cross-Country e foi a primeira campeã mundial na Maratona. Com a criação do Mundial de Atletismo em 1983, a IAAF colocou a maratona no programa já antecipando a sua estreia nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984. Waitz venceu no Mundial em Helsinque com 2:28:09.

A norueguesa tinha pela frente a americana Joan Benoit, que corria em casa e vinha de duas vitórias na Maratona de Boston, onde havia quebrado o recorde mundial em 1983 com 2:22:43. Em Los Angeles, Benoit disparou ainda nos primeiros 5 km, abrindo uma vantagem. O forte calor californiano foi muito para as concorrentes, que não tentaram tirar a vantagem e o primeiro ouro olímpico da prova ficou com Benoit com 2:24:52. Waitz foi prata com 2:26:18 e a portuguesa Rosa Mota completou o pódio com 2:26:57. Foi nesta prova que ocorreu a marcante cena da suíça Gabrielle Andersen-Schiess terminando a prova à beira da exaustão. A atleta suíça ficou em  37ª com 2:48:42.

No ciclo seguinte, foi a vez de Rosa Mota subir ao topo da prova. Ela foi bicampeã europeia em 1986 (já havia vencido em 1982) e chegou em Seul-1988 ainda com duas vitórias na maratona de Boston, uma na de Tóquio e o título Mundial em 1987 em Roma. Mota confirmou o favoritismo e venceu em solo sul-coreano com 2:25:40 na prova que ainda contou com o abandono da norueguesa Grete Waitz. Rosa Mota voltou a vencer o Europeu em 1990 pela terceira vez, mas não terminou a do Mundial de 1991 e nem a de Londres em 1992, encerrando a sua carreira.

Valentina Yegorova foi a vencedora da maratona em Barcelona-1992 pela Equipe Unificada com 2:32:41, apenas 8s à frente da japonesa Yuko Arimori. Também da Equipe Unificada, Madina Biktagirova terminou em 4º e foi a primeira maratonista a ser desclassificada dos Jogos por doping.

A portuguesa Manuela Machado venceu o Europeu em 1994 e o Mundial em 1995, mas não aguentou o ritmo da maratona em Atlanta-1996 e terminou na 7ª posição a mais de 5 min da campeã, a etíope Fatuma Roba, vencedora com 2:26:05. Roba venceu pela maior diferença em uma maratona feminina nos Jogos, colocando exatos 2 min entre o seu ouro e a prata de Yegorova.

O Japão sempre teve uma equipe muito competitiva na maratona e o auge veio no início dos anos 2000 com dois ouros olímpicos seguidos. Naoko Takahashi foi ouro em Sydney-2000 com 2:23:14, recorde olímpico, e Mizuki Noguchi venceu em Atenas-2004 com 2:26:20. A britânica Paula Radcliffe era favoritíssima para a disputa em Atenas, vindo de três ouros nos Mundiais de Meia-Maratona, dois Mundiais de Cross-Country, duas vitórias na Maratona de Londres e uma na de Chicago, além de ter quebrado duas vezes o recorde mundial da distância. Radcliffe liderou o grupo da frente, mas com 25 km de prova, começou a sentir e ficar para trás. Com 35 km, tentou se recuperar e buscar as líderes, mas quando a queniana Catherine Ndereba a ultrapassou, a britânica desistiu da prova com 6 km para o fim.

Em 2005, Radcliffe venceu o Mundial em Helsinque e mais uma vitória em Londres e uma em Nova York a colocaram novamente como uma das favoritas para Pequim-2008, ao lado de Ndereba, campeã mundial em 2007. A britânica mais uma vez não chegou 100% nos Jogos, precisando até parar por um tempo para se recuperar de câimbras, terminando na 23ª colocação. A vencedora em solo chinês foi a romena Constantina Dita-Tomescu, campeã mundial da meia-maratona em 2005, com o tempo de 2:26:44, deixando Ndereba com a prata pela segunda Olimpíada seguida.

A queniana Edna Kiplagat venceu o Mundial de 2011, mas não conseguiu repetir o feito em Londres-2012. O ouro ficou com a etíope Tiki Gelana com 2:23:07, recorde olímpico num lindo percurso que passou por todos os grandes pontos turísticos da capital britânica.

O ouro queniano veio finalmente na Rio-2016, com Jemima Sumgong. Apesar de não estar entre as favoritas pro ouro, Sumgong viu sua compatriota Helah Kiprop, prata no Mundial no ano anterior, desistir da prova e foi pro ouro com 2:24:04, a frente da barenita Eunice Kirwa, prata com 2:24:13 e da etíope Mare Dibaba, campeã mundial no ano anterior, e bronze no Rio com 2:24:30.

As Medalhistas

Olimpíada
Jogos
Ouro

Prata

Bronze
Los Angeles 1984Joan Benoit
EUA
Grete Waitz
NOR
Rosa Mota
POR
Seul 1988Rosa Mota
POR
Lisa Martin
AUS
Katrin Dörre
GDR
Barcelona1992Valentina Yegorova
EUN
Yuko Arimori
JPN
Lorraine Moller
NZL
Atlanta 1996Fatuma Roba
ETH
Valentina Yegorova
RUS
Yuko Arimori
JPN
Sydney 2000Naoko Takahashi
JPN
Lidia Șimon
ROU
Joyce Chepchumba
KEN
Atenas 2004Mizuki Noguchi
JPN
Catherine Ndereba
KEN
Deena Kastor
EUA
Pequim 2008Constantina Tomescu
ROU
Catherine Ndereba
KEN
Zhou Chunxiu
CHN
Londres 2012Tiki Gelana
ETH
Priscah Jeptoo
KEN
Tatyana Petrova-Arkhipova
RUS
Rio 2016Jemima Sumgong
KEN
Eunice Kirwa
BRN
Mare Dibaba
ETH

Quadro de Medalhas

PaísTotal
1Japão2114
2Etiópia2013
3Quênia1315
4Romênia1102
5Portugal1012
5Estados Unidos1012
7Equipe Unificada1001
8Rússia0112
9Austrália0101
9Bahrein0101
9Noruega0101
12Alemanha Oriental0011
12Nova Zelândia0011
12China0011

A Prova

Maratona é uma corrida realizada na distância oficial de 42,195 km, normalmente em ruas e estradas. Única modalidade esportiva que se originou de uma lenda, seu nome foi instituído como uma homenagem à antiga lenda grega do soldado ateniense Fidípides, um mensageiro do exército de Atenas, que teria corrido cerca de 40 km entre o campo de batalha de Maratona até Atenas para anunciar aos cidadãos da cidade a vitória dos exércitos atenienses contra os persas e morreu de exaustão após cumprir a missão.

A Federação Internacional de Atletismo (World Athletics, como foi rebatizada em 2019) estabelece que a distância oficial da maratona deva ser de exatos 42,195 km (42 mil 195 metros), com um adendo de 42 metros. Os fiscais oficiais e medidores de quilometragem destas provas acrescentam ao final mais um metro por quilômetro percorrido, para reduzir o risco de que alguma falha na medição produza uma distância final inferior à estipulada.

Para eventos sob a égide da IAAF é obrigatório que o percurso tenha marcações intercaladas da distância percorrida, de maneira a que os corredores tenham noção do ponto em que se encontram, e esses marcos devem ser a cada quilômetro. 

Os recordes conquistados, sejam eles mundiais, continentais ou nacionais, só são reconhecidos em provas que cumpram as regras da IAAF, que estabelecem que o percurso precisa ter uma distância máxima entre a partida e a chegada de 50% da distância total da prova – 42,195 km – e um desnível na topografia de no máximo 1/1000 da distância total.