Lançamento de dardo masculino
Lançamento de dardo masculino – Atletismo – Olimpíada Tóquio 2020
Recordes do lançamento de dardo masculino
Chances do Brasil no lançamento de dardo masculino
O Brasil não tem representantes nessa prova.
O Brasil no lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
O primeiro brasileiro a competir no dardo foi Willy Seewald em Paris-1924, que terminou em 18º com 49,39 m. Heitor Medina competiu em Los Angeles-1932 terminando em 11º com 58,00 m.
O país só voltou a ter um competidor na prova em casa. Júlio César de Oliveira tinha batido o recorde nacional em 2015 com 83,67 m e atingiu o índice para os Jogos da Rio-2016. Na qualificação, ele marcou 80,49 m, terminando em 16º lugar e sem vaga na final.
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Favoritas no lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020
São vários os nomes que brigam por medalha no dardo masculino. Mas quem chega como nome mais forte é o alemão Johannes Vetter. Quarto na Rio-2016, o alemão venceu o Mundial de 2017 e foi bronze no de 2019. Vetter tem atualmente cinco das 15 melhores marcas da história e, em setembro de 2020, fez 97,76 m em prova na Polônia, a segunda melhor marca da história, atrás apenas do recorde do checo Jan Zelezny, 72 cm melhor.
A Alemanha está com uma grande equipe na prova e pelo menos cinco atletas brigam pelas três vagas. O campeão olímpico do Rio Thomas Röhler é um desses nomes. Ele bateu duas vezes a trave em Mundiais com dois quartos lugares, mas em Doha-2019 ficou longe da final. Em compensação, foi campeão europeu em 2018. Andreas Hofmann é o terceiro nome alemão, também com bons resultados em Mundiais, mas teve uma performance muito ruim no de 2019. Apesar disso, foi prata no Europeu de 2018.
O estoniano Magnus Kirt tem tido uma bela evolução nos últimos anos. Foi bronze no Europeu de 2018 e prata no Mundial de 2019. Além disso, é dono das duas melhores marcas do mundo em 2019, com 90,61 m e 90,34 m.
O campeão mundial de 2019 veio da pequena ilha de Granada. Anderson Peters venceu em Doha com 21 anos. Bronze no Mundial Sub20 de 2016, ela ainda foi ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e bronze nos Jogos da Comunidade Britânica em 2018. Bem perto daí vem o campeão olímpico de Londres-2012, Keshorn Walcott, de Trinidad & Tobago. Além do ouro, ele ainda foi bronze no Rio-2016, apesar de não ter nenhuma medalha em Mundiais adultos.
O queniano Julius Yego surpreendeu o mundo ao pegar final em Londres-2012, quando terminou em 12º, e ficar em 4º no Mundial de Moscou-2013. Ele treinava vendo vídeos no YouTube. Com novo técnico, evoluiu mais ainda e foi campeão mundial em Pequim-2015 com um espetacular 92,72 m e prata no Rio-2016. No Mundial de 2019, ficou sem marca na final.
Da Ásia, vale ficar de olho em Cheng Chao-tsun, de Taiwan, campeão da Universíade em 2017 com 91,36 m, nos indianos Neeraj Chopra e Shivpal Singh, no sueco Kim Amb e no finlandês Antti Ruuskanen.
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Histórico do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
Apesar do dardo ter feito parte dos Jogos da Antiguidade, ele só entrou pro programa olímpico em Londres-1908. Os escandinavos têm um grande histórico nesta prova, vencendo 12 vezes em 25 disputas e aparecendo em quase todos os pódios.
O sueco Eric Lemming dominou a prova no início do século XX, se tornando o primeiro campeão olímpico em Londres-1908 com 54,83 m e repetindo o feito em casa em Estocolmo-1912 com 60,64 m. Após a 1ª Guerra, os finlandeses sobraram na Antuérpia-1920, com os quatro primeiros lugares da prova, liderados pelo campeão Jonni Myyrä, ouro com 65,78 m. Ele repetiria a vitória em Paris-1924 com 62,96 m. O finlandês Matti Järvinen foi o primeiro a passar dos 70 m nos Jogos ao vencer com 72,71 m em Los Angeles-1932.
A sequência escandinava foi quebrada em Berlim-1936 com o título do alemão Gerhard Stöck com 71,84 m, mas após a 2ª Guerra, o ouro ficou novamente com a Finlândia com Tapio Rautavaara com 69,77 m em Londres-1948. Em Helsinque-1952, o ouro ficou com o americano Cy Young com recorde olímpico de 73,78 m, se tornando o primeiro e único americano a vencer esta prova.
Os dardos começaram a sofrer mudanças nos anos 1950. Antes eram de madeira pura com uma ponta de metal, até que os irmãos americanos Bud e Dick Held começaram a produzir dardos mais aerodinâmicos, ocos e feitos em metal. Com estas alterações os dardos começaram a ir cada vez mais longe. O norueguês Egil Danielsen venceu em Melbourne-1956 com 85,71 m, batendo o recorde mundial, com quase 12 m a mais que a marca do vencedor nos Jogos anteriores.
O soviético Janis Lusis foi campeão na Cidade do México-1968 com 90,10 m, o primeiro a passar dos 90 m nos Jogos, mas abaixo do seu próprio recorde mundial de 91,98 m. Em Munique-1972, Lusis ficou com a prata com 90,46m, perdendo para o alemão ocidental Klaus Wolfermann por apenas 2 cm.
Em Montreal-1976, o húngaro Miklós Németh quebrou o recorde mundial com 94,58 m, vencendo por quase 7 m. As distâncias foram aumentando e era muito comum os dardos caírem chapados, sem fincarem completamente no chão. Com isso, a Federação Internacional decidiu alguns anos depois mudar o centro de gravidade do implemento. Enquanto isso, em 1984, o alemão oriental Uwe Hohn batia o recorde mundial com 104,80 m, o que começava a se tornar perigoso, já que alguns campos não tinham esse tamanho. Mas por conta do boicote, ele não disputou os Jogos de Los Angeles-1984.
O dardo mudou, mas as distâncias não reduziram tanto, embora atingir os 90 m tenha ficado muito mais raro. Só que aí apareceu o checo Jan Zelezny. Em Seul-1988, ele fez 85,90 m na qualificação, mas na final acabou com a prata com 84,12m, atrás do finlandês Tapio Korjus, que venceu com 84,28 m. Zelezny sobrou em Barcelona-1992 vencendo com 89,66 m e quebrou o recorde mundial três vezes após os Jogos.
Quando ele chegou para competir em Atlanta-1996, o tcheco tinha acabado de quebrar o recorde mundial para 98,48 m, que persiste até hoje. Ele não decepcionou e venceu o seu segundo ouro, com 88,16 m. Ainda em alto nível, Zelezny competiu em Sydney-2000 para levar seu 3º ouro, agora com recorde olímpico de 90,17 m, apenas 32cm melhor que o britânico Steve Backley. Ele chegou a competir em Atenas-2004, mas acabou em 9º e a vitória foi do norueguês Andreas Thorkildsen, que venceu também em Pequim-2008 com recorde olímpico de 90,57 m.
Apesar dos dois ouros do norueguês, nenhum atleta dominou o dardo por completo nos últimos 20 anos, tanto que tivemos 12 campeões mundiais diferentes nos 12 últimos Mundiais. Mas ninguém esperava a vitória do trinitino Kershorn Walcott em Londres-2012. Aos 19 anos, ele havia sido campeão mundial Sub 20 em julho e, um mês depois, surpreendeu ao vencer com 84,58 m. No Rio-2016, o ouro ficou com o alemão Thomas Röhler com 90,30m, outra surpresa, já que ele não tinha medalhado em nenhuma competição importante ainda.
Medalhistas do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze | |||
Londres 1908 | Eric Lemming | SWE | Arne Halse | NOR | Otto Nilsson | SWE |
Estocolmo 1912 | Eric Lemming | SWE | Julius Saaristo | FIN | Miklós Kovács | HUN |
Antuérpia 1920 | Jonni Myyrä | FIN | Urho Peltonen | FIN | Paavo Johansson | FIN |
Paris 1924 | Jonni Myyrä | FIN | Gunnar Lindström | SWE | Gene Oberst | USA |
Amsterdã 1928 | Erik Lundqvist | SWE | Béla Szepes | HUN | Olav Sunde | NOR |
Los Angeles 1932 | Matti Järvinen | FIN | Matti Sippala | FIN | Eino Penttilä | FIN |
Berlim 1936 | Gerhard Stöck | GER | Yrjö Nikkanen | FIN | Kalervo Toivonen | FIN |
Londres 1948 | Tapio Rautavaara | FIN | Steve Seymour | USA | József Várszegi | HUN |
Helsinque 1952 | Cy Young | USA | Bill Miller | USA | Toivo Hyytiäinen | FIN |
Melbourne 1956 | Egil Danielsen | NOR | Janusz Sidło | POL | Viktor Tsybulenko | URS |
Rima 1960 | Viktor Tsybulenko | URS | Walter Krüger | GER | Gergely Kulcsár | HUN |
Tóquio 1964 | Pauli Nevala | FIN | Gergely Kulcsár | HUN | Jānis Lūsis | URS |
Cidade do México 1968 | Jānis Lūsis | URS | Jorma Kinnunen | FIN | Gergely Kulcsár | HUN |
Munique 1972 | Klaus Wolfermann | FRG | Jānis Lūsis | URS | Bill Schmidt | USA |
Montreal 1976 | Miklós Németh | HUN | Hannu Siitonen | FIN | Gheorghe Megelea | ROU |
Moscou 1980 | Dainis Kūla | URS | Aleksandr Makarov | URS | Wolfgang Hanisch | GDR |
Los Angeles 1984 | Arto Härkönen | FIN | Dave Ottley | GBR | Kenth Eldebrink | SWE |
Seul 1988 | Tapio Korjus | FIN | Jan Železný | TCH | Seppo Räty | FIN |
Barcelona 1992 | Jan Železný | TCH | Seppo Räty | FIN | Steve Backley | GBR |
Atlanta 1996 | Jan Železný | CZE | Steve Backley | GBR | Seppo Räty | FIN |
Sydney 2000 | Jan Železný | CZE | Steve Backley | GBR | Sergey Makarov | RUS |
Atenas 2004 | Andreas Thorkildsen | NOR | Vadims Vasiļevskis | LAT | Sergey Makarov | RUS |
Pequim 2008 | Andreas Thorkildsen | NOR | Ainārs Kovals | LAT | Tero Pitkämäki | FIN |
Londres 2012 | Keshorn Walcott | TTO | Antti Ruuskanen | FIN | Vítězslav Veselý | CZE |
Rio 2016 | Thomas Röhler | GER | Julius Yego | KEN | Keshorn Walcott | TTO |
Quadro de medalhas do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Finlândia | 7 | 8 | 7 | 22 |
União Soviética | 3 | 2 | 2 | 7 |
Suécia | 3 | 1 | 2 | 6 |
Noruega | 3 | 1 | 1 | 5 |
Alemanha | 2 | 1 | 0 | 3 |
República Tcheca | 2 | 0 | 1 | 3 |
Hungria | 1 | 2 | 4 | 7 |
Estados Unidos | 1 | 2 | 2 | 5 |
Tchecoslováquia | 1 | 1 | 0 | 2 |
Trinidad e Tobago | 1 | 0 | 1 | 2 |
Alemanha Ocidental | 1 | 0 | 0 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 3 | 1 | 4 |
Letônia | 0 | 2 | 0 | 2 |
Quênia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Polônia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Rússia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Alemanha Oriental | 0 | 0 | 1 | 1 |
Romênia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Lançamento de dardo é uma modalidade olímpica do atletismo existente desde a Grécia Antiga. Uma das mais nobres modalidades por sua antiguidade, integra o heptatlo e o decatlo, além de ter sua própria prova individual. Assim como o lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
O dardo é um objeto em forma de lança, feito de metal, fibra de vidro ou fibra de carbono. Seu tamanho, tipo, peso mínimo e centro de gravidade foram definidos pela World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) e variam do homem para a mulher. O homem usa um dardo de 2,7 metros de comprimento, pesando 800 gramas. A mulher usa um dardo um pouco mais leve, 600 gramas, e tem 2,3 metros de comprimento. Os dois modelos tem uma empunhadura feita de corda localizada no centro de gravidade.
O atleta corre para tomar impulso e usa uma pista de corrida e lançamento com 34,9 metros de comprimento e 4 metros de largura, fazendo um giro rápido com o corpo para lançar. O dardo costuma sair das mãos do atleta com uma velocidade de 100 km/h. Após o voo, ele aterra numa zona relvada que costuma ocupar a zona central dos estádios de atletismo. A marca obtida pelo atleta é medida pelos oficiais, desde o limite da zona de lançamento até ao primeiro ponto onde o dardo tocou no chão, obrigatoriamente dentro de uma setor pré-marcado no campo com um ângulo de 29°.
Ao contrário das outras modalidades de lançamento (martelo, peso e disco), a técnica do dardo tem regras próprias ditadas pela IAAF e lançamentos “não-ortodoxos” não são permitidos; o dardo precisa ser seguro pela empunhadura e lançado por cima do braço levantado ou dos ombros; além disso, é proibido ao atleta se virar completamente de maneira a que seu rosto fique em direção contrária ao lançamento, técnica que é muito usada, por exemplo, no lançamento de disco.
O lançador é desclassificado se sair da zona de lançamento antes, durante ou depois do lançamento, ou se o dardo tocar no solo sem ser pela ponta dianteira dele. As competições de lançamento de dardo iniciam-se com três rondas de lançamentos para cada atleta. Após esta fase, os oito melhores resultados são apurados para realizar mais três lançamentos. Ao fim da prova, o atleta que obtiver a maior distância num lançamento legítimo é declarado vencedor. No caso de um empate, vence aquele com a segunda melhor marca.
Reconfiguração
Em abril de 1986, o dardo masculino foi redesenhado pelo Comitê Técnico da IAAF. Isto se deveu ao fato de que, além de várias aterrissagens começarem a ser feitas ao comprido, sem a ponta furar o solo, diversos lançamentos estavam sendo feitos no limite da área destinada a isto no campo de atletismo, colocando em perigo potencial as pessoas envolvidas e espectadores. O recorde mundial com o dardo antigo do alemão Uwe Hohn, de 104,80 m em 1984, foi o sinal de que algo precisa ser rapidamente mudado ou a modalidade seria inviabilizada para um estádio olímpico. Ele então foi redesenhado, com o centro de gravidade sendo colocado 4 cm à frente enquanto as áreas de superfície posteriores e anteriores ao centro de gravidade foram reduzidas e aumentadas, respectivamente. Isto teve como efeito a redução da elevação do dardo e o aumento da curvatura para baixo no arco da queda. Esta mudança fez o “nariz” do arco cair mais rapidamente, reduzindo a distância de voo em aproximadamente 10% e fazendo com que o dardo atinja o chão de maneira mais vertical e consistente. Em 1999, o dardo feminino também sofreu a mesma modificação.
Mesmo assim reconfigurado, o dardo voltou a ser lançado a distâncias proibitivas e em 2007 um atleta do salto em distância foi atingido na barriga por um dardo lançado do outro lado do campo, durante uma etapa da Golden League em Roma; com o atual recorde mundial masculino já novamente próximo dos 100 metros, nova mudança deve ser feita no implemento nos próximos anos.