Decatlo
Decatlo – Atletismo – Jogos Olímpicos – Tóquio 2020
Calendário
Recordes do Decatlo
8.893 / Ashton Eaton (USA) / Rio de Janeiro (BRA) – 18/08/2016
Chances do Brasil
Felipe Vinícius dos Santos é o único brasileiro na prova e não deve conquistar medalha. Se ficar entre os dez melhores já será um ótimo resultado. Ele assegurou o índice no Troféu Brasil, em dezembro de 2020, com 8.364 pontos, segundo melhor brasileiro na história da prova, atrás apenas de Carlos Chinin, e quarta melhor marca da temporada, que, vale dizer, foi prejudicada pelas poucas competições. Este ano, foi campeão sul-americano e do Troféu Brasil.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
Os Favoritos
O favoritismo do decatlo é todo do francês Kevin Mayer, prata no Rio-2016. Campeão mundial em 2017 com 8.768, Mayer bateu o recorde mundial numa prova em casa em setembro de 2018 com 9.126 pontos. No Mundial de 2019, Mayer começou muito bem e liderava após 7 provas. No salto com vara, ele correu, mas não saltou. Sentindo uma lesão, desistiu do salto e abandonou a prova. Mesmo sendo um atleta espetacular, Mayer tem tido problemas para terminar as provas. Desde o Rio-2016, ele só terminou duas provas, a que foi campeão mundial em 2017 e a que bateu o recorde mundial em 2018. Foram outras cinco provas sem terminar.
O canadense Damian Warner foi bronze no Rio-2016, tem três medalhas em Mundiais, além dos ouros nos Jogos da Comunidade Britânica em 2014 e Pan-Americanos de 2015 e 2019. O canadense é dono da melhor marca do mundo de 2019 com 8.711.
Com o abandono de Mayer no Mundial de 2019, o ouro ficou com o alemão Niklas Kaul, campeão com 8.691 pontos aos 21 anos. Kaul foi campeão mundial Sub 18 no decatlo e prata no lançamento de dardo em 2015. Depois venceu o Mundial Sub 20 em 2016. Como adulto, foi 4º no Europeu de 2018. Sua vitória em Doha-2019 veio graças a uma excepcional performance no dardo com 79,05 m (apenas 75 cm da melhor marca da história no decatlo) e a melhor marca dos 1.500 m com 4:15.70.
Outros que brigam por medalha no decatlo são o estoniano Maicel Uibo, prata no Mundial de 2019, o granadino Lindon Victor, prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e ouro nos Jogos da Comunidade Britânica de 2018, o russo Ilya Shkurenyov e o canadense Pierce LePage.
O Brasil no Decatlo dos Jogos Olímpicos
Carlos Woebcken, nascido na Alemanha, foi o primeiro brasileiro a competir no decatlo olímpico, em Los Angeles-1932, mas ele não terminou os 100 m, a primeira prova das dez, e ficou sem pontuação.
Pedro da Silva voltou a colocar o país na disputa olímpica em Barcelona-1992. Ele fez um bom primeiro dia, com destaque para um 2,06 m no salto em altura, mas no lançamento de disco errou as três tentativas e abandonou a prova.
Em Pequim-2008, Carlos Chinin conseguiu o índice e competiu pelo Brasil, mas queimou as três tentativas no arremesso de peso, a 3ª prova do decatlo. Ele ainda competiu nas duas provas seguintes, mas desistiu do segundo dia e ficou sem marca final.
Luiz Alberto Araújo esteve em Londres-2012 e se tornou o primeiro brasileiro a terminar o decatlo nos Jogos, ficando em 19º com 7.849 pontos. No Rio-2016, ele voltou a competir, começando muito bem nos 100 m com a 6ª marca, seguiu bem no salto em distância e no arremesso de peso. Após três provas, ele estava em 4º no geral. Mas despencou para 12º após um fraco salto em altura. Foi bem nos 400 m e encerrou o 1º dia de disputas em 9º no geral.
No 2º dia, Luiz Alberto estava em 7º após os 110 m com barreiras, o disco e o salto com vara. No dardo, sua pior prova, caiu para 10º, mantendo a posição após os 1.500 m. Acabou na ótima 10ª posição com 8.315 pontos.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM E NO FACEBOOK
Histórico do Decatlo nos Jogos Olímpicos
O decatlo tem seu formato como conhecemos hoje há mais de 100 anos e fez sua estreia olímpica em Estocolmo-1912. Disputado em dois dias, os atletas competem nos 100 m, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura e 400 m no 1º dia e 110 m com barreira, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1.500 m no 2º dia. O programa da prova não mudou, mas as tabelas de pontuação foram atualizadas algumas vezes na história. A tabela atual está em vigor desde 1984 e teve pequenos acertos em 1998.
O americano Jim Thorpe foi o vencedor da primeira disputa olímpica do decatlo em Estocolmo-1912 com 8.412,955 pontos. Um ano depois, o COI descobriu que Thorpe havia ganho dinheiro jogando beisebol, o que retirava dele o caráter de amadorismo. Com isso, ele perdeu sua medalha e o ouro ficou com o sueco Hugo Wieslander. Em 1982, o COI voltou atrás, devolvendo o ouro para Thorpe, que faleceu em 1953, mas não retirando o do sueco. Com isso, os dois são declarados campeões.
Nos anos 1920, o principal decatleta era o finlandês Paavo Yrjölä, que bateu três vezes o recorde mundial e levou o ouro em Amsterdã-1928. O ouro em Los Angeles-1932 ficou com o americano Jim Bausch, que bateu o recorde mundial com 8.462,235 pontos. Em Berlim-1936, uma bela disputa entre os americanos Glenn Morris e Bob Clark marcou a prova. Clark começou muito bem nos 100 m e salto em distância, mas Morris o ultrapassou até vencer com recorde mundial de 7.900 pontos.
Após a 2ª Guerra, o destaque do decatlo foi o americano Bob Mathias. Ele foi campeão em Londres-1948 com 7.139, bateu o recorde mundial em 1950, e confirmou seu favoritismo em Helsinque-1952 ao faturar o bicampeonato olímpico com 7.887, novo recorde mundial em pódio totalmente americano. Mathias foi eleito congressista da Câmara dos deputados nos Estados Unidos pela Califórnia e serviu por dois termos.
O americano Rafer Johnson foi ouro em Roma-1960 com recorde olímpico de 8.392, melhorando a prata que conquistara em Melbourne-1956. Ele havia batido o recorde mundial dois meses antes dos Jogos. Foi uma boa disputa também na Cidade do México-1968 com vitória do americano Bill Toomey com 8.193 pontos, com destaque para a sua prova de 400 m com 45.6, melhor tempo da história do decatlo até então. Toomey venceu o alemão ocidental Hans-Joachim Walde por apenas 82 pontos. A única vitória soviética na histórica veio em Munique-1972 com Mykola Avilov, vencendo com recorde mundial de 8.454.
O americano Bruce Jenner chegou como grande favorito em Montreal-1976 após ter quebrado duas vezes o recorde mundial, uma delas um mês antes dos Jogos. Com enorme regularidade, foi campeão com 8.618 pontos. Jenner teve seis filhos com três mulheres diferentes. Em 2015, se assumiu como mulher trans, fez a transição de gênero em 2017 mudando seu nome para Caitlyn Jenner. Ela ficou mais conhecida pelo grande público como parte da família Kardashian. A sua terceira esposa, Kris Jenner, é mãe de Kim Kardashian.
Apesar do boicote britânico em Moscou-1980, alguns atletas competiram na União Soviética. O britânico Daley Thompson foi um deles, e ele foi o campeão do decatlo com 8.495 pontos. Em Los Angeles-1984, Thompson venceu novamente igualando o recorde mundial com 8.798 pontos.
O americano Dan O’Brien havia sido campeão mundial em 1991 e grande favorito para Barcelona-1992. Mas um desastre no salto com vara na seletiva americana tirou o americano dos Jogos. O título na Espanha ficou com o tchecoeslovaco Robert Zmelik com 8.611 pontos. O’Brien venceu os Mundiais de 1993 e 1995 e, novamente como favorito, não decepcionou e venceu o ouro em Seul-1988.
Bronze em Atlanta-1996 e campeão mundial em 1997 e 1999, o checo Tomas Dvorak era o favorito em Sydney-2000, mas deixou a desejar em quase todas as provas e acabou apenas em 6º. Ele venceria novamente o Mundial em 2001. O ouro em Sydney acabou com o estoniano Erki Nool com 8.641, seguido pelo checo Roman Sebrle com 8.606.
Sebrle bateu o recorde mundial em 2001 com 9.026, o 1º na história a passar dos 9.000 pontos. Em Atenas-2004, fez uma bela prova para vencer com 8.893 contra 8.820 do americano Bryan Clay. O americano venceu o Mundial de 2005 e o checo venceu o título mundial pela 1ª vez em 2007. Em Pequim-2008, Clay foi brilhante, conseguindo a melhor marca em quatro provas, incluindo as três primeiras. Sua vantagem era tão grande que na prova final, os 1.500 m, correu super tranquilo, chegando mais de 40 s atrás do vencedor da bateria e mesmo assim foi ouro com tranquilidade, com 8.791 pontos, 240 melhor que o medalhista de prata, o bielorrusso Andrei Krauchanka.
Em Londres-2012, foi a vez do americano Ashton Eaton brilhar. Ele havia ficado com a prata no Mundial de 2011 e já começou 2012 batendo o recorde mundial do heptatlo no Mundial Indoor. Nos Jogos, marcou 8.869 pontos, fazendo mais de 1.000 pontos em três provas. Eaton venceu os Mundiais de 2013 e 2015, neste último batendo o recorde mundial com 9.045 pontos. No Rio-2016, Eaton encerrou sua carreira com mais uma vitória com 8.893 pontos, pouco à frente do francês Kevin Mayer, prata com 8.834.
Os Medalhistas do Decatlo em Jogos Olímpicos
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Estocolmo 1912 | Jim Thorpe Hugo Wieslander USA SWE | Charles Lomberg SWE | Gösta Holmér SWE |
Antuérpia 1920 | Helge Løvland NOR | Brutus Hamilton EUA | Bertil Ohlson SWE |
Paris 1924 | Harold Osborn EUA | Emerson Norton EUA | Aleksander Klumberg EST |
Amsterdã 1928 | Paavo Yrjölä FIN | Akilles Järvinen FIN | Ken Doherty EUA |
Los Angeles 1932 | Jim Bausch EUA | Akilles Järvinen FIN | Wolrad Eberle GER |
Berlim 1936 | Glenn Morris EUA | Bob Clark EUA | Jack Parker EUA |
Londres 1948 | Bob Mathias EUA | Ignace Heinrich FRA | Floyd Simmons EUA |
Helsinque 1952 | Bob Mathias EUA | Milt Campbell EUA | Floyd Simmons EUA |
Melbourne 1956 | Milt Campbell EUA | Rafer Johnson EUA | Vasily Kuznetsov URS |
Roma 1960 | Rafer Johnson EUA | Yang CK TPE | Vasily Kuznetsov URS |
Tóquio 1964 | Willi Holdorf GER | Rein Aun URS | Hans-Joachim Walde GER |
Cidade do México 1968 | Bill Toomey EUA | Hans-Joachim Walde FRG | Kurt Bendlin FRG |
Munique 1972 | Nikolay Avilov URS | Leonid Litvinenko URS | Ryszard Katus POL |
Montreal 1976 | Bruce Jenner EUA | Guido Kratschmer FRG | Nikolay Avilov URS |
Moscou 1980 | Daley Thompson GBR | Yury Kutsenko URS | Sergey Zhelanov URS |
Los Angeles 1984 | Daley Thompson GBR | Jürgen Hingsen FRG | Siggi Wentz FRG |
Seul 1988 | Christian Schenk GDR | Torsten Voss GDR | Dave Steen CAN |
Barcelona 1992 | Robert Změlík TCH | Antonio Peñalver ESP | Dave Johnson EUA |
Atlanta 1996 | Dan O’Brien EUA | Frank Busemann GER | Tomáš Dvořák CZE |
Sydney 2000 | Erki Nool EST | Roman Šebrle CZE | Chris Huffins EUA |
Atenas 2004 | Roman Šebrle CZE | Bryan Clay EUA | Dmitry Karpov KAZ |
Pequim 2008 | Bryan Clay EUA | Andrei Krauchanka BLR | Leonel Suárez CUB |
Londres 2012 | Ashton Eaton EUA | Trey Hardee EUA | Leonel Suárez CUB |
Rio 2016 | Ashton Eaton EUA | Kévin Mayer FRA | Damian Warner CAN |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 14 | 7 | 6 | 27 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 0 | 0 | 2 |
3 | União Soviética | 1 | 3 | 4 | 8 |
4 | Finlândia | 1 | 2 | 0 | 3 |
5 | Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
5 | Suécia | 1 | 1 | 2 | 4 |
7 | República Tcheca | 1 | 1 | 1 | 3 |
8 | Alemanha Oriental | 1 | 1 | 0 | 2 |
9 | Estônia | 1 | 0 | 1 | 2 |
10 | Tchecoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Noruega | 1 | 0 | 0 | 1 |
12 | Alemanha Ocidental | 0 | 3 | 2 | 5 |
13 | França | 0 | 2 | 0 | 2 |
14 | Belarus | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Taipei Chinês | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Espanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
17 | Canadá | 0 | 0 | 2 | 2 |
17 | Cuba | 0 | 0 | 2 | 2 |
19 | Cazaquistão | 0 | 0 | 1 | 1 |
19 | Polônia | 0 | 0 | 1 | 1 |
O Decatlo
Decatlo é uma competição de atletismo composta por dez provas, exclusiva para homens. Os atletas inscritos competem num programa de dois dias, que inclui as seguintes modalidades: 100 metros rasos; salto em distância, arremesso de peso, salto em altura, 400 metros rasos (1º dia); 110 metros com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo, 1500 metros (2º dia).
A especial importância do decatlo deve-se a que o vencedor dessa modalidade é considerado “o atleta mais completo do mundo”, por causa do conjunto de provas que a modalidade exige, ao mesmo tempo, resistência extraordinária e o desenvolvimento harmônico de diferentes aptidões físicas.