Arremesso de peso masculino
Arremesso de peso masculino – Atletismo – Jogos Olímpicos Tóquio 2020
Recordes do arremesso de peso masculino
Chances do Brasil no arremesso de peso masculino
Darlan Romani já está classificado para Tóquio e é um dos cotados para medalha. O atleta é atualmente recordista brasileiro e sul-americano no arremesso de peso masculino, com 22,61 m, ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, quarto colocado no Mundial de Doha-2019 – em uma prova de nível técnico alto que lhe daria medalha em outras edições olímpicas – e eleito duas vezes o melhor representante do atletismo nacional pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
O Brasil no arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
A primeira participação brasileira na prova nos Jogos Olímpicos foi em Paris-1924. José Galimberti foi 25º com 11,30 m e Octávio Zani ficou sem marca, queimando suas tentativas. Antônio Lira competiu em Los Angeles-1932, mas queimou suas três tentativas, ficando sem marca. Carmine Giorgi também estava inscrito, mas não competiu nesta prova, apenas no lançamento de martelo. Lira voltou em Berlim-1936, mas não pegou vaga na final.
O Brasil só voltou a competir na prova na Rio-2016 com Darlan Romani, que na qualificação bateu o recorde brasileiro com 20,94 m. Na decisão, Darlan abriu com 21,02 m, novamente recorde nacional. Ele fez uma ótima final, mas não melhorou a marca e acabou na 5ª colocação.
Favoritas no arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020
O arremesso de peso tem sido uma das mais disputadas provas de campo na atualidade e a final do Mundial de Doha-2019 confirmou isso. O neozelandês Tom Walsh abriu a final com 22,90 m e o brasileiro Darlan Romani fez 22,53 m na 2ª rodada. Na 4ª tentativa, o campeão olímpico Ryan Crouser marcou 22,71 m para assumir o 2º lugar. Quando parecia que nada mais mudaria, o americano Joe Kovacs tirou um coelho da cartola marcando 22,91 m na última série e Crouser respondeu com 22,90 m, pegando a prata nos critérios de desempate e jogando Walsh pro bronze.
Apesar de ter ficado com a prata, Ryan Crouser é o favorito ao ouro da prova. Em 2019 foram quatro arremessos acima dos 22,50 m. Em 2020, Crouser fez marcas muito expressivas, sendo as sete melhores do ano, incluindo um 22,91m em julho.
Na seletiva olímpica americana, realizada em junho, Crouser quebrou o recorde mundial do arremesso de peso que já durava 28 anos ao atingir incríveis 23,37m. Esse foi o 133º arremesso do americano acima de 22m. Para se ter uma ideia, o segundo colocado na lista tem “só” 39.
Já Joe Kovacs foi prata no Rio-2016 e venceu os Mundiais de 2015 e 2019. Apesar dos resultados, não tem a mesma regularidade de seu compatriota. O neozelandês Tom Walsh foi bronze no Rio-2016, campeão mundial em 2017 e bronze em 2019 e bicampeão mundial indoor.
Darlan Romani é outro que briga por pódio. Bateu na trave em 2019, mas tem regularmente arremessado para acima dos 22 m e está em constante evolução na prova, já tendo feito marcas acima do recorde olímpico.
Poucos outros podem entrar nesse pódio. Entre eles está o americano Darrell Hill, 5º no Mundial de 2019, o polonês Konrad Bukowiecki, ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanjing-2014 e vice europeu em 2018, seu compatriota Michal Haratyk, campeão europeu em 2018, e o neozelandês Jacko Gill, que ganhou praticamente tudo na base, mas ainda está devendo como sênior.
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Histórico do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
Apesar de Homero mencionar competições de arremessos de pedras, não há registros de uma prova como esta nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Por muito tempo a técnica usada foi a tradicional, onde o atleta vinha de costas para o campo e fazia um movimento único girando o corpo 180º para realizar o arremesso. Presente desde a primeira edição olímpica, o arremesso de peso teve como seu primeiro campeão o americano Robert Garrett, com 11,22 m, longe do recorde mundial da época, de 14,32 m. Na edição seguinte, em Paris-1900, a marca já evoluiu bastante e o americano Richard Sheldon venceu com 14,10 m.
Em Saint-Louis-1904, Ralph Rose deu mais uma vitória pros Estados Unidos com 14,81 m, igualando o seu próprio recorde mundial. Rose venceria novamente em Londres-1908 com 14,21 m. Ele voltou como favorito em Estocolmo-1912, batendo duas vezes o recorde olímpico com 14,98 m e 15,25 m, mas seu compatriota Pat McDonald fez 15,34 m na 4ª tentativa e acabou com a vitória, deixando Rose com a prata.
Após a 1ª Guerra, o finlandês Ville Pörhöla quebrou a sequência americana com a vitória na Antuérpia-1920 com 14,81 m. O americano John Kuck venceu em Amsterdã-1928 com 15,87 m, recorde mundial. Leo Sexton venceu em casa em Los Angeles-1932 com 16,005 m, sendo o primeiro a arremessar acima dos 16 m em uma Olimpíada.
Após a 2ª Guerra, os americanos seguiram dominando, levando ouro e prata em seis Olimpíadas seguidas e, em três ocasiões, fechando o pódio. Em Londres-1948, Wilbur Thompson ficou com o ouro com 17,12 m, melhorando o recorde olímpico em quase um metro. Curioso que o recordista mundial da época, o americano Charlie Fonville, não conseguiu vaga na forte equipe americana. Parry O’Brien também conquistou o bicampeonato olímpico, vencendo em Helsinque-1952 com 17,41 m e em Melbourne-1956 com 18.57 m e quebrando 10 vezes o recorde mundial na carreira.
As marcas seguiram subindo e Bill Nieder venceu em Roma-1960 com 19.68 m. Nieder havia batido o recorde mundial algumas semanas antes dos Jogos em 1960 com 20,06 m, se tornando o primeiro a passar dos 20 m. Esta marca foi alcançada nos Jogos na competição seguinte, em Tóquio-1964, onde Dallas Long venceu com 20,33 m.
O polonês Wladyslaw Komar quebrou mais uma sequência americana ao vencer em Munique-1972 com 21,18 m, obtidos no primeiro arremesso da disputadíssima final, contra 21,17 m do americano George Woods e 21,14 m dos alemães orientais Hartmut Briesenick, bronze, e Hans-Peter Gies, 4º colocado. O soviético Aleksandr Baryshnikov bateu o recorde olímpico na qualificação em Montreal-1976 com 21,32 m, mas ficou apenas com o bronze com 21,00 m, contra 21,05 m do campeão alemão oriental Udo Beyer e 21,03 m do soviético Yevgeny Mironov, prata.
A final de Seul-1988 contou com uma apresentação espetacular do alemão oriental Ulf Timmermann. Recordista mundial com 23,06 m, ele bateu três vezes o recorde olímpico na final, todos acima dos 22 m. Na última rodada, o americano Randy Barnes fez 22,39 m, assumindo a liderança. Com toda a pressão, Timmermann melhorou a marca para 22,47 m e ficou com o ouro. Em 1990, Barnes bateu o recorde mundial que dura até hoje com 23,12 m, mas não conseguiu se classificar para os Jogos de Barcelona-1992. Em compensação ele foi para Atlanta-1996, onde venceu com 21,62 m, obtidos no seu último arremesso. Ele estava em 6º antes dessa tentativa.
O americano Adam Nelson venceu em Atenas-2004 com 21,16 m, seu único arremesso válido na final, obtido na 1ª tentativa. Esta prova foi disputada em Olímpia, berço dos Jogos e local onde as tochas são acesas. O polonês Tomasz Majewski foi campeão em Pequim-2008 com 21,51 m e brilhou novamente em Londres-2012, numa decisão emocionante. O alemão David Storl, campeão mundial em 2011 e 2013, abriu a final com 21,84 m, melhorou para 21,86 m. Na 3ª rodada, Majewski fez 21,87 m e na última tentativa conseguiu 21,89 m para assegurar o bi. No Rio-2016, o americano Ryan Crouser fez uma final excelente com três arremessos acima dos 22 m e venceu com 22,52 m, recorde olímpico.
Medalhistas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze | |||
Atenas 1896 | Bob Garrett | USA | Miltiadis Gouskos | GRE | Georgios Papasideris | GRE |
Paris 1900 | Dick Sheldon | USA | Josiah McCracken | USA | Bob Garrett | USA |
St. Louis1904 | Ralph Rose | USA | Wesley Coe | USA | Lawrence Feuerbach | USA |
Atenas 1906 | Martin Sheridan | USA | Mihály Dávid | HUN | Eric Lemming | SWE |
Londres 1908 | Ralph Rose | USA | Denis Horgan | GBR | Johnny Garrels | USA |
Estocolmo 1912 | Pat McDonald | USA | Ralph Rose | USA | Larry Whitney | USA |
Antuérpia 1920 | Ville Pörhölä | FIN | Elmer Niklander | FIN | Harry Liversedge | USA |
Paris 1924 | Bud Houser | USA | Glenn Hartranft | USA | Ralph Hills | USA |
Amsterdan 1928 | Johnny Kuck | USA | Herman Brix | USA | Emil Hirschfeld | GER |
Los Angeles 1932 | Leo Sexton | USA | Harlow Rothert | USA | František Douda | TCH |
Berlim 1936 | Hans Woellke | GER | Sulo Bärlund | FIN | Gerhard Stöck | GER |
Londres 1948 | Wilbur Thompson | USA | Jim Delaney | USA | Jim Fuchs | USA |
Helsinque 1952 | Parry O’Brien | USA | Darrow Hooper | USA | Jim Fuchs | USA |
Melbourne 1956 | Parry O’Brien | USA | Bill Nieder | USA | Jiří Skobla | TCH |
Roma 1960 | Bill Nieder | USA | Parry O’Brien | USA | Dallas Long | USA |
Tóquio 1964 | Dallas Long | USA | Randy Matson | USA | Vilmos Varjú | HUN |
Cidade do México 1968 | Randy Matson | USA | George Woods | USA | Eduard Gushchin | URS |
Munique 1972 | Władysław Komar | POL | George Woods | USA | Hartmut Briesenick | GDR |
Montreal 1976 | Udo Beyer | GDR | Yevgeny Mironov | URS | Aleksandr Baryshnikov | URS |
Moscou 1980 | Vladimir Kiselyov | URS | Aleksandr Baryshnikov | URS | Udo Beyer | GDR |
Los Angeles 1984 | Alessandro Andrei | ITA | Mike Carter | USA | Dave Laut | USA |
Seul 1988 | Ulf Timmermann | GDR | Randy Barnes | USA | Werner Günthör | SUI |
Barcelona 1992 | Mike Stulce | USA | Jim Doehring | USA | Vyacheslav Lykho | EUN |
Atlanta 1996 | Randy Barnes | USA | John Godina | USA | Oleksandr Bahach | UKR |
Sydney 2000 | Arsi Harju | FIN | Adam Nelson | USA | John Godina | USA |
Atenas 2004 | Adam Nelson | USA | Joachim Olsen | DEN | Manuel Martínez | ESP |
Pequim 2008 | Tomasz Majewski | POL | Christian Cantwell | USA | Dylan Armstrong | CAN |
Londres 2012 | Tomasz Majewski | POL | David Storl | GER | Reese Hoffa | USA |
Rio 2016 | Ryan Crouser | USA | Joe Kovacs | USA | Tom Walsh | NZL |
Quadro de medalhas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Estados Unidos | 19 | 20 | 12 | 51 |
Polônia | 3 | 0 | 0 | 3 |
Finlândia | 2 | 2 | 0 | 4 |
Alemanha Oriental | 2 | 0 | 2 | 4 |
União Soviética | 1 | 2 | 2 | 5 |
Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
Itália | 1 | 0 | 0 | 1 |
Grécia | 0 | 1 | 1 | 2 |
Hungria | 0 | 1 | 1 | 2 |
Dinamarca | 0 | 1 | 0 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
Tchecoslováquia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Canadá | 0 | 0 | 1 | 1 |
Nova Zelândia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Espanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Suíça | 0 | 0 | 1 | 1 |
Ucrânia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Equipe Unificada | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Arremesso de peso é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas competem para arremessar uma bola de metal o mais longe possível. As qualidades principais do atleta campeão são a força e a aceleração. Ao contrário do lançamento de dardo, lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de arremesso devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
A bola oficial masculina tem uma massa de 7,26 kg e é geralmente feita de bronze ou ferro fundido e chumbo, possuindo cerca de 12 cm de diâmetro. Na categoria feminina ela pesa 4 kg e o seu diâmetro é de 9 cm aproximadamente.
O arremessador tem uma área restrita circular de diâmetro 2,135 m (7 pés) para se locomover, com um anteparo semicircular de concreto ou madeira de 10 cm de altura no limite frontal dela; no início do lançamento, o peso deve estar colocado entre o ombro e o pescoço do atleta e arremessado com as pontas dos dedos, e não com a palma da mão. Durante o lançamento, o atleta deve rodar sobre si mesmo e arremessar (técnica com giro). A marca obtida em cada arremesso é medida a partir do primeiro lugar onde o peso bate no chão, dentro de um setor pré-determinado com 35° de abertura; o atleta não pode tocar no anteparo do chão, nem ultrapassá-lo com o pé e o arremesso deve ser sempre feito numa linha acima do ombro. Caso ele deixe o círculo antes do peso tocar o solo ou se retirar dele pela frente ou pelo lado, o arremesso é invalidado.
Em competições oficiais, se houver até oito competidores participando, cada atleta tem direito a seis lançamentos. Quando há mais de oito, cada um tem direito a três lançamentos e somente os oito primeiros fazem mais três lançamentos. A posição na classificação é determinada pela distância obtida no maior arremesso válido; em, caso de empate, vale a segunda maior marca do atleta.
A técnica do giro, a mais usada atualmente, em que o atleta faz o movimento giratório com o corpo semelhante ao lançamento de disco conseguindo maior impulsão, foi primeiramente usada pelo soviético Aleksandr Baryshnikov no começo da década de 1970, depois de criada por seu técnico Viktor Alexeyev; com ela, Baryshnikov conquistou o recorde mundial da modalidade em 1976, fazendo a marca de 22,00 metros.