800m feminino
Recordes
As Favoritas
As duas primeiras no Rio não podem mais competir nesta prova. A sul-africana Caster Semenya e Francine Niyonsaba, de Burundi, tem alterações genéticas e altos níveis de testosterona. Com as mudanças nas regras em 2019, as duas só podem competir nas provas abaixo dos 400 m e acima dos 1.500 m.
Sem essa concorrência, a prova fica um pouco aberta. Quem venceu no último Mundial, em Doha-2019, foi Halimah Nakaayi, de Uganda. Sua vitória foi uma surpresa, inclusive para ela mesma. Ao lado da sua compatriota Winnie Nanyondo, Uganda chega com boas chances de pódio em Tóquio de conquistar sua primeira medalha olímpica feminina.
As americanas vem com força na prova também. Ajeé Wilson foi bronze nos dois últimos Mundiais e prata nos dois últimos mundiais indoor. Ela foi campeã mundial sub18 em 2011 e sub20 em 2012. Dos cinco melhores tempos de 2019, dois são de Wilson. Os outros três são de Semenya e Niyonsaba. Athing Mu voou na seletiva americana com 1:56.07 e se credencia a um pódio olímpico. Curiosamente, ela disputou os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e nem passou pra final.
Não podemos esquecer, claro, a força das quenianas na prova. Apesar de não ter um grande histórico como nas provas mais longas, Quênia tem Eunice Sum, campeã mundial em 2013 e 5ª no último Mundial.
A britânica Laura Muir, cuja especialidade são os 1.500 m, também briga por vaga na final, assim como a ucraniana Olha Lyakhova e a australiana Catriona Bisset.
O Brasil nos Jogos
A primeira brasileira a competir na prova foi Soraya Telles, apenas em Seul-1988. Na primeira rodada ela ficou em 3º lugar na sua bateria com 2:02.48, mas na semifinal acabou em 6º com 2:01.86, sem passar para a decisão.
Luciana Mendes esteve em Atlanta-1996. Ela ficou em 3º lugar na sua bateria com 2:00.25, mas não passou para as semifinais por uma posição, por 0.07. Após ficar de fora dos Jogos de Sydney, ela voltou a competir em Atenas-2004. Ficou em 4º lugar na sua bateria eliminatória com 2:01.36, passando para a semifinal, onde acabou em 7º lugar com 2:02.00, fora da final.
No Rio-2016, Flávia de Lima conseguiu a vaga, mas acabou em último na sua bateria eliminatória com 2:03.78, longe das semifinais.
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Histórico
Os 800m feminino tiveram sua estreia olímpica em Amsterdã-1928, os primeiros jogos com disputa das mulheres no atletismo. 25 mulheres competiram e a primeira vitória ficou com a alemã Lina Radke, com 2:16.8. Uma das pioneiras do atletismo feminino, ela quebrou o recorde mundial três vezes, sendo a última na final olímpica.
Depois disso, a prova saiu do programa olímpico e só voltou em Roma-1960. O ouro ficou com a soviética Lyudmila Lysenko com 2:04.50, mais um recorde mundial.
A britânica Ann Packer havia ficado com a prata nos 400 m em Tóquio-1964 e viu seu noivo, Robbie Brightwell, terminar sem medalha, em 4º, também nos 400 m. Ela decidiu correr os 800m por ele, uma prova que só tinha feito cinco vezes antes dos Jogos. Na primeira rodada, pegou a última vaga da sua bateria pra semi, onde ficou em 3º na sua prova e avançou para a final. Na marca de 600 m, Packer estava em 6º e com um sprint final, passou a francesa Maryvonne Dupureur para ficar com o ouro com recorde mundial de 2:01.1.
A alemã ocidental Hildegard Falck havia se tornado a primeira mulher a baixar da marca de dois minutos na prova em 1971. Ela chegou em Munique-1972 para competir em casa como a grande favorita e não decepcionou. Ela largou mais lenta que as adversárias, se segurando. Com 500 m de prova, começou a acelerar, mas ficou atrás de três atletas. Na última curva, passou todas e cruzou em primeiro com 1:58.55, a primeira a baixar dos 2 min nos Jogos. As cinco primeiras, aliás, baixaram da marca.
Os tempos despencaram em Montreal-1976 e já teve tempos abaixo dos 2min logo na primeira rodada. A alemã oriental Anita Weiss marcou o excelente tempo de 1:56.53 na semi, mas na final, nem pegou medalha. O ouro foi da soviética Tatyana Kazankina com 1:54.94, mais um recorde mundial. Ela venceria alguns dias depois também os 1.500 m. Em casa, as soviéticas dominaram o pódio de Moscou-1980, com vitória de Nadezhda Olizarenko. Ela havia quebrado o recorde mundial no mês anterior aos Jogos, também em Moscou, e na final olímpica venceu com 1:53.5, mais um recorde mundial.
Em 1983, a tchecoslovaca Jarmila Kratochvilova estabeleceu nova marca mundial, com 1:53.28, recorde que dura até hoje, e venceu o primeiro mundial em Helsinque. Mas por conta do boicote, ela não competiu em Los Angeles-1984, onde a vitória foi para a romena Doina Melinte, com 1:57.60.
Campeã mundial em 1987, a alemã oriental Sigrun Wodars repetiu o feito em Seul-1988 com 1:56.10. Já em Barcelona-1992, o ouro ficou com a holandesa Ellen van Langen, a primeira de seu país nas pistas desde 1948. Em uma fortíssima decisão, van Langen marcou 1:55.54 para ficar com o ouro.
A cubana Ana Fidelia Quirot foi campeã mundial em 1995, mas perdeu a final de Atlanta-1996 para a russa Svetlana Masterkova, campeã com 1:57.73.
Bronze em Atlanta, a moçambicana Maria de Lurdes Mutola é um dos maiores nomes da história da prova. Ela venceu o Mundial pela primeira vez em 1993 e brilhou em Sydney-2000 conquistando o primeiro e até hoje único ouro de seu país na história dos Jogos, com 1:56.15. Mutola venceu os Mundiais de 2001 e 2003 e faturou os 800 m no Mundial indoor por inigualáveis sete vezes, a primeira delas em 1993 e a última em 2006. Encerrou sua carreira com o 5º lugar nos Jogos de Pequim-2008.
A queniana Pamela Jelimo teve uma carreira curta, cheia de lesões, mas deixou sua marca na história. Aos 17 anos, ela teve um ano de 2008 incrível, quando venceu tudo em que competiu. Foi ouro no campeonato africano, venceu todas as seis provas da Liga de Ouro e foi ouro em Pequim-2008, o primeiro ouro feminino da história do Quênia.
A vitória em solo chinês foi com o tempo de 1:54.82, 8ª tempo da história na época. 11 dias depois, Jelimo venceria a etapa de Zurique da Liga de Ouro com 1:54.01, o 3º melhor tempo da história. Com problemas no tendão de Aquiles, não terminou a semifinal do Mundial de 2009. Voltou em 2012, com o ouro no Mundial indoor e em Londres-2012 ficou na 4ª colocação, mas com a desclassificação posterior da russa Mariya Savinova, herdou o bronze.
Logo após Pequim, surge o nome da sul-africana Caster Semenya. Ela venceu os Mundiais de Berlim-2009 e de Daegu-2011 e era a favorita para vencer em Londres-2012. O ouro na ocasião com 1:56.19 foi da russa Mariya Savinova, que acabou perdendo a medalha por doping e Semenya herdou o ouro com 1:57.23. Semenya é intersex com cromossomos XY e possui níveis de testosterona naturalmente altos, o que a coloca no meio da discussão sobre gênero no esporte.
Na Rio-2016, Semenya foi ouro com 1:55.28 se tornando a única da história com dois ouros na prova, apesar de só ter vencido na pista uma vez. A sul-africana ainda venceu o Mundial de 2017 em Londres, conquistou dois ouros nos Jogos da Comunidade Britânica em 2018 e dois ouros no campeonato africano. Em 2019, a Federação Internacional mudou as regras sobre testosterona, o que impede Semenya de competir nos 400 m, 800 m e 1.500 m.
As Medalhistas
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Amsterdã 1928 | Lina Radke-Batschauer GER | Kinue Hitomi JPN | Inga Gentzel SUE |
Roma 1960 | Liudmyla Lysenko URS | Brenda Jones AUS | Ulla Donath GER |
Tóquio 1964 | Ann Packer GBR | Maryvonne Dupureur FRA | Marise Chamberlain NZL |
Cidade do México 1968 | Madeline Manning EUA | Ileana Silai ROU | Mia Gommers NED |
Munique 1972 | Hildegard Falck FRG | Nijolė Sabaitė URS | Gunhild Hoffmeister GDR |
Montreal 1976 | Tatyana Kazankina URS | Nikolina Shtereva BUL | Elfi Zinn GDR |
Moscou 1980 | Nadiya Olizarenko URS | Olga Syrovatskaya-Mineyeva URS | Tatyana Providokhina URS |
Los Angeles1984 | Doina Melinte ROU | Kim Gallagher EUA | Fița Lovin ROU |
Seul 1988 | Sigrun Wodars GDR | Christine Wachtel GDR | Kim Gallagher EUA |
Barcelona 1992 | Ellen van Langen NED | Liliya Nurutdinova EUN | Ana Fidelia Quirot CUB |
Atlanta 1996 | Svetlana Masterkova RUS | Ana Fidelia Quirot CUB | Maria Mutola MOZ |
Sydney 2000 | Maria Mutola MOZ | Steffi Graf AUT | Kelly Holmes GBR |
Atenas 2004 | Kelly Holmes GBR | Hasna Benhassi MAR | Jolanda Čeplak SLO |
Pequim 2008 | Pamela Jelimo KEN | Janeth Jepkosgei KEN | Hasna Benhassi MAR |
Londres2012 | Caster Semenya RSA | Yekaterina Poistogova RUS | Pamela Jelimo KEN |
Rio 2016 | Caster Semenya RSA | Francine Niyonsaba BDI | Margaret Wambui KEN |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | União Soviética | 3 | 2 | 1 | 6 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 0 | 1 | 3 |
3 | África do Sul | 2 | 0 | 0 | 2 |
4 | Alemanha Oriental | 1 | 1 | 2 | 4 |
4 | Quênia | 1 | 1 | 2 | 4 |
6 | Romênia | 1 | 1 | 1 | 3 |
6 | Estados Unidos | 1 | 1 | 1 | 3 |
8 | Federação Russa | 1 | 1 | 0 | 2 |
9 | Alemanha | 1 | 0 | 1 | 2 |
9 | Moçambique | 1 | 0 | 1 | 2 |
9 | Holanda | 1 | 0 | 1 | 2 |
11 | Alemanha Ocidental | 1 | 0 | 0 | 1 |
12 | Cuba | 0 | 1 | 1 | 2 |
12 | Marrocos | 0 | 1 | 1 | 2 |
14 | Austrália | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Áustria | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Bulgária | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Burundi | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | França | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Japão | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Equipe Unificada | 0 | 1 | 0 | 1 |
21 | Nova Zelândia | 0 | 0 | 1 | 1 |
21 | Eslovênia | 0 | 0 | 1 | 1 |
21 | Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
800 metros é uma distância olímpica clássica do atletismo, disputada desde os primeiros Jogos Olímpicos realizados em Atenas 1896. Consiste em duas voltas na pista oficial de atletismo, que mede 400 metros. É considerada uma prova de meio-fundo. É uma prova que exige grande capacidade psicológica e mental para suportar e aumentar com eficiência a alta velocidade que a distância exige.
Entre as mulheres, o recorde mundial – 1:53.28 – pertence à tcheca Jarmila Kratochvilova desde 26 de julho de 1983 e é o mais antigo recorde mundial existente no atletismo; o recorde olímpico, da soviética Nadiya Olizarenko – 1:53:43 – de Moscou 1980, se mantém em vigor há 35 anos.