4x100m feminino
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O Brasil vai competir no revezamento 4x100m feminino com um time formado por Rosângela Santos, Vitória Rosa, Ana Carolina Azevedo, Ana Cláudia Lemos e Bruna Farias. A classificação veio pelo ranking da World Athletics. Poderia ter vindo antes, no Mundial de atletismo de Doha em 2019 ou no Mundial de Revezamento deste ano, disputado na Polônia. Porém, em ambos a equipe foi eliminada por pisões na raia de corrida. O time não está entre os favoritos para a prova e chegar na final já pode ser considerado um bom resultado.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
Os Favoritos
A disputa mais uma vez deve ficar entre Estados Unidos e Jamaica. O time da América do Norte é atual bicampeão olímpico e ainda venceu o Mundial de 2017 em Londres. Já levou 11 vezes o ouro olímpico, sendo os dois últimos com os melhores tempos da história: 40.82 em Londres-2012 e 41.01 no Rio-2016. Também foi campeão mundial por sete vezes já. O que vai contra as norte-americanas é o fato de passarem por uma entressafra no sprint feminino. A melhor marca entre as atletas do país é de Sha’Carri Richardson, que foi sacada do time após teste confirmar consumo de maconha nas seletivas internas daquele país . Ainda assim, o time dos EUA cresce muito em Olimpíadas e não pode ser esquecido.
Já a Jamaica tem apenas um título olímpico, em Atenas-2004, e venceu cinco vezes o Mundial, incluindo o último, em Doha-2019 com 41s44, melhor tempo do ano. Dos oito melhores tempos da história, cinco são das jamaicanas. As velocistas do país estão em melhor fase, com Shelly-Ann Fraser-Pryce e Elaine Thompson.
Quem pode estragar o domínio das duas equipes acima é a Grã-Bretanha. Campeãs europeias em 2018, as britânicas foram prata nos dois últimos Mundiais e bronze no Rio-2016, lideradas por Dina Asher-Smith, campeã mundial em 2019 dos 200 m e vice dos 100 m. Já a Itália surpreendeu no Mundial da Silésia conquistando o ouro no 4x100m.
Briga pela medalha
Outras equipes brigam por medalha numa prova onde não são incomuns as desclassificações como as do Brasil em Doha e na Polônia. Os Países Baixos foram prata no último Europeu em 2018 e ouro no anterior, em 2016. Mas sem Dafne Schippers na equipe, elas nem passaram para a final no último Mundial.
A Alemanha não medalha em Mundiais desde quando foi sede em Berlim-2009, quando pegou um bronze, mas vem batendo na trave há algum tempo. Ficaram em 4º no Rio-2016, 5º em Londres-2012 e 4º em Pequim-2008. Nos últimos cinco Mundiais, as alemãs ficaram em 4º em um e em 5º no outro. Estão no quase já há algum tempo.
A Suíça também tem obtido bons resultados, com o 4º lugar no Europeu de 2018, o 4º no último Mundial e o 5º no Mundial anterior, em 2017.
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O Brasil nos Jogos
A estreia brasileira no revezamento 4x100m foi em Londres-1948. Com um boa equipe formada por Benedicta de Oliveira, Melânia Luz, a primeira mulher negra a representar o Brasil no Jogos, Gertrudes Morg e Lucila Pini, o Brasil marcou 49.0, ficando em 4º na primeira bateria eliminatória, fora da final.
Após uma longa ausência, o Brasil só voltou a competir no revezamento em Atenas-2004. Com Luciana dos Santos, Rosemar Coelho Neto, Lucimar de Moura e Kátia Regina Santos, o Brasil parou nas eliminatórias com 43.12, o 9º tempo geral, fora da final por apenas 0.04.
Em Pequim-2008, a equipe brasileira contou com Rosemar Coelho Neto, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos. A equipe ficou em 3º na sua bateria eliminatória com 43.38, passando pra final aproveitando o erro da equipe americana. Na decisão, o Brasil acabou na 4ª posição com 43.14, atrás de Rússia, Bélgica e Nigéria, numa prova conturbada, onde a Jamaica errou a passagem. Oito anos depois, duas russas foram pegas no doping e a equipe perdeu a medalha. A confirmação do bronze brasileiro veio durante os Jogos do Rio-2016 e, em 2017, a equipe recebeu as medalhas. Com esta medalha, Rosângela Santos se tornou a primeira e até hoje única atleta brasileira a subir ao pódio nos Jogos com menos de 18 anos, incluindo os homens.
Depois de mais duas finais nos Mundiais de 2009 e 2011, o Brasil competiu em Londres-2012 cotado para medalha. Nas eliminatórias, Ana Cláudia Silva, Franciela Krasucki, Evelyn dos Santos e Rosângela Santos marcaram 42.55, novo recorde sul-americano. Na decisão, com a mesma equipe, terminou em 7º, piorando um pouco a marca para 42.91.
Em casa, o Brasil teve um resultado amargo na Rio-2016. Bruna Farias, Franciela Krasucki, Kauiza Venâncio e Rosângela Santos competiram nas eliminatórias marcando 42.85, 9º tempo no geral, deixando a equipe fora da final. Só que na 2ª troca, Kauiza atrapalhou a troca entre as americanas Allyson Felix e English Gardner, que derrubaram o bastão. Após revisão dos juízes, o Brasil foi desclassificado e as americanas puderam correr novamente.
Histórico
O revezamento 4×100 m feminino estreou nos Jogos em Amsterdã-1928, primeira Olimpíada em que as mulheres competiram no atletismo, ao lado dos 100 m, 800 m, salto em altura e lançamento de disco. Essas provas (com exceção dos 800 m) foram disputadas em todas as edições a partir de 1928 e irão para a sua 22ª competição em Tóquio.
Nesta primeira edição olímpica da prova, a equipe campeã foi o Canadá com 48.4, batendo o recorde mundial contra 48.8 da equipe dos Estados Unidos, que tinha Betty Robinson, campeã dos 100 m. Nas duas Olimpíadas seguintes, foram duas vitórias para as americanas com 47.0 em Los Angeles-1932 e 46.9 em Berlim-1936, aqui também contando com Robinson na equipe.
Com o retorno dos Jogos após a 2ª Guerra, o ouro no revezamento ficou com a Holanda, que tinha em sua equipe ninguém menos que Fanny Blankers-Koen, o grande nome desta edição olímpica. Ela abriu para sua equipe, que venceu com 47.5 dando o 4º ouro para Blankers-Koen nesta edição.
Os Estados Unidos voltaram ao topo do pódio em Helsinque-1952. A equipe marcou o mesmo tempo que a Alemanha na decisão com 45.9, novo recorde mundial. Na edição seguinte, em Melbourne-1956, o ouro ficou pela primeira vez com as donas da casa, as australianas. Com Betty Cuthbert na equipe, a Austrália venceu com 44.5 e deu o 3º ouro nos Jogos para Cuthbert.
Em Roma-1960, o ouro voltou para os Estados Unidos, que tinham Wilma Rudolph fechando a equipe. Ela venceu os 100 m e os 200 m na capital italiana e também saiu com três ouros da competição. O grupo havia batido o recorde mundial nas eliminatórias com 44.50.
A disputa em Tóquio-1964 deu o ouro inédito para a Polônia. Duas polonesas haviam medalhado nas provas de 100 m e 200 m e elas conseguiram superar na decisão as americanas, que tinham as duas campeãs dessas provas individuais, com 43.6 contra 43.9, ambos abaixo do recorde mundial. Como a polonesa Ewa Klobukowska falhou em testes de gênero anos mais tarde, o recorde polonês foi retirado, mas o resultado da prova foi mantido.
As americanas sobraram na final dos Jogos da Cidade do México-1968. Com Wyomia Tyus, ouro nos 100 m, fechando, a equipe dos Estados Unidos venceu com 42.88, baixando o recorde mundial em 0.6.
Em seguida, veio o domínio alemão. A Alemanha Ocidental venceu em Munique-1972 com recorde mundial de 42.81 contra 42.95 da Oriental, que tinha Renate Stecher, campeã dos 100m e dos 200 m. Já em Montreal-1976, as equipes se inverteram e foi a vez da Oriental vencer com 42.55, apenas 0.04 mais rápida que a Ocidental. As alemãs orientais repetiram o feito em Moscou-1980 com uma equipe totalmente renovada, vencendo com 41.60. Esta equipe de Romy Müller, Bärbel Wöckel, Ingrid Auerswald e Marlies Göhr quebrou três vezes o recorde mundial no ano de 1980.
Após três edições seguidas sem subir ao pódio, os Estados Unidos sobraram na decisão em Los Angeles-1984 vencendo com 41.65, colocando mais de 1 s sobre o Canadá, prata com 42.77. Com um timaço que tinha Florence Griffth-Joyner e Evelyn Ashford, as americanas também foram campeãs em Seul-1988 com 41.98, mas viram a Alemanha Oriental chegar bem perto, ao levar a prata com 42.09. Ashford, agora como veterana em sua 4ª e última Olimpíada, liderou a equipe americana para mais um ouro em Barcelona-1992 com 42.11, se tornando a única atleta tricampeã olímpica desta prova na história. O bronze da equipe da Nigéria foi a primeira medalha olímpica africana neste revezamento. O quarto ouro seguido dos Estados Unidos veio em casa, em Atlanta-1996, com 41.95, com Gail Devers na equipe.
A sequência americana foi quebrada em Sydney-2000 com a vitória da equipe de Bahamas com 41.95, que tinha Pauline Davis-Thompson, ouro nos 200 m, e Debbie Ferguson na equipe. Essa mesma formação campeã olímpica havia vencido o Mundial no ano anterior em Sevilha.
A Jamaica venceu pela primeira vez em Atenas-2004 com 41.73. As americanas eram as favoritas e lideravam a final, mas na segunda troca, Marion Jones não conseguiu entregar o bastão para Lauryn Williams e a equipe abandonou a prova.
A prova em Pequim-2008 teve de tudo um pouco. Cinco das 16 equipes nas eliminatórias ou não terminaram ou foram desclassificadas, incluindo os Estados Unidos, que mais uma vez teve problemas com o bastão. A final foi igualmente conturbada. A favorita Jamaica, que havia sido prata nos dois mundiais anteriores atrás das americanas, também derrubou o bastão e não terminou, assim como a Grã-Bretanha. Na pista, a vitória ficou com a equipe russa com 42.31 a frente da Bélgica com 42.54 e Nigéria com 43.04. O Brasil amargou um 4º lugar com 43.14. Oito anos depois, as amostras foram reanalisadas e duas russas foram pegas no doping e consequentemente desclassificadas, dando o bronze inédito ao Brasil.
Em Londres-2012, os Estados Unidos não pouparam esforços. Mesmo com duas reservas, fizeram o melhor tempo nas eliminatórias com 41.64. Já na decisão, com elenco completo contando com Carmelita Jeter, prata nos 100 m e bronze nos 200m, e com a incrível Allyson Felix, ouro nos 200 m, os Estados Unidos marcaram 40.82, destruindo o recorde mundial anterior que durava desde 1985 da Alemanha Oriental em 0.55. A prata foi para a Jamaica, que tinha Shelly-Ann Fraser-Pryce e Veronica Campbell-Brown, com o tempo de 41.41, a 3ª melhor marca da história na ocasião.
Já no Rio-2016, um fato curioso aconteceu nas eliminatórias. Brasil e Estados Unidos corriam lado a lado, quando as americanas derrubaram o bastão na 2ª troca entre Allyson Felix e English Gardner. Após pedirem revisão, o Brasil acabou desclassificado por ter atrapalhado a troca e as americanas poderiam correr novamente. Correndo sozinhas, marcaram 41.77, o melhor tempo das eliminatórias e passaram pra decisão, onde novamente venceram com 41.01, 2º melhor tempo da história, deixando novamente a Jamaica com a prata com 41.36.
As Medalhistas
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Amsterdã 1928 | Canadá | Estados Unidos | Alemanha |
Los Angeles 1932 | Estados Unidos | Canadá | Grã-Bretanha |
Berlim 1936 | Estados Unidos | Grã-Bretanha | Canadá |
Londres 1948 | Holanda | Austrália | Canadá |
Helsinque 1952 | Estados Unidos | Equipe Unificada da Alemanha | Grã-Bretanha |
Melbourne 1956 | Austrália | Grã-Bretanha | Estados Unidos |
Roma 1960 | Estados Unidos | Equipe Unificada da Alemanha | Polônia |
Tóquio 1964 | Polônia | Estados Unidos | Grã-Bretanha |
Cidade do México 1968 | Estados Unidos | Cuba | União Soviética |
Munique 1972 | Alemanha Ocidental | Alemanha Oriental | Cuba |
Montreal 1976 | Alemanha Oriental | Alemanha Ocidental | União Soviética |
Moscou 1980 | Alemanha Oriental | União Soviética | Grã-Bretanha |
Los Angeles1984 | Estados Unidos | Canadá | Grã-Bretanha |
Seul 1988 | Estados Unidos | Alemanha Oriental | União Soviética |
Barcelona 1992 | Estados Unidos | Equipe Unificada | Nigéria |
Atlanta 1996 | Estados Unidos | Bahamas | Jamaica |
Sydney 2000 | Bahamas | Jamaica | Estados Unidos |
Atenas 2004 | Jamaica | Rússia | França |
Pequim 2008 | Bélgica | Nigéria | Brasil |
Londres 2012 | Estados Unidos | Jamaica | Ucrânia |
Rio 2016 | Estados Unidos | Jamaica | Grã-Bretanha |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 11 | 2 | 2 | 15 |
2 | Alemanha Oriental | 2 | 2 | 0 | 4 |
3 | Jamaica | 1 | 3 | 1 | 5 |
4 | Canadá | 1 | 2 | 2 | 5 |
5 | Austrália | 1 | 1 | 0 | 2 |
5 | Bahamas | 1 | 1 | 0 | 2 |
5 | Alemanha Ocidental | 1 | 1 | 0 | 2 |
8 | Polônia | 1 | 0 | 1 | 2 |
9 | Bélgica | 1 | 0 | 0 | 1 |
9 | Holanda | 1 | 0 | 0 | 1 |
11 | Grã Bretanha | 0 | 2 | 6 | 8 |
12 | Alemanha | 0 | 2 | 1 | 3 |
13 | União Soviética | 0 | 1 | 3 | 4 |
14 | Cuba | 0 | 1 | 1 | 2 |
14 | Nigéria | 0 | 1 | 1 | 2 |
16 | Rússia | 0 | 1 | 0 | 1 |
16 | Equipe Unificada | 0 | 1 | 0 | 1 |
18 | Brasil | 0 | 0 | 1 | 1 |
18 | França | 0 | 0 | 1 | 1 |
Ucrânia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
O revezamento 4x100m rasos é uma modalidade olímpica de atletismo, disputada por equipes de velocistas. A prova é constituída por quatro percursos iguais de 100 metros, percorridos por quatro atletas alternadamente e em sequência, na mesma raia, completando uma volta inteira na pista padrão de 400 metros, carregando um bastão que deve ser passado entre eles.
Apesar do conceito da corrida em revezamento poder ser traçado desde a Grécia Antiga, onde bastões com mensagens em seu interior eram entregues através de uma série de correios, os estafetas, daí o seu nome no português europeu, o revezamento moderno descende das corridas de caridade organizadas pelos bombeiros de Nova York nos anos 1880, em que bandeirolas vermelhas eram entregues a cada 300 jardas.
Quatro velocistas, na mesma raia designada e marcada no chão da pista, correm 100 m cada um para completar uma volta no estádio. Durante suas corridas individuais eles devem carregar um bastão que deve ser passado ao próximo corredor dentro de uma faixa de troca de 20 metros marcada no chão, 10 metros antes e 10 metros depois da linha de partida de cada “perna” subsequente.
O corredor à frente geralmente começa a correr em velocidade total com um braço esticado para trás para receber o bastão do corredor anterior. A entrega dele fora da área designada resulta em desclassificação da equipe. Caso ocorra a queda do bastão, o atleta que recebeu deve voltar e buscar. Tecnicamente, é uma prova onde a sincronia perfeita na troca de bastões pode compensar uma inferioridade na velocidade dos corredores