3000m com obstáculos masculino
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Chances do Brasil
O principal nome do Brasil na prova é Altobeli Santos da Silva. Medalha de ouro nos 3.000m com obstáculos no Pan-Americano de Lima-2019 e 9º colocado na Olimpíada Rio-2016. No Mundial de Doha-2019, Altobeli fez 8:25:34, terminando em 21º lugar.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
Os Favoritos
Não há dúvidas que o Quênia é o favorito para a prova. Um atleta nascido no país não perde a prova em Olimpíadas ou Mundiais desde Seul-1988.
Conseslus Kipruto é o nome da prova desde 2013. Ainda júnior, ficou de fora de Londres-2012, após ficar em 6º na seletiva queniana, mas desde então venceu mais de uma dezena de etapas da Liga Diamante, além de dois títulos mundiais e o ouro olímpico no Rio. A sua vitória em Doha-2019 foi no photo finish com 8:01.35, apenas 1 centésimo mais rápido que o etíope Lamecha Girma.
Em 2016 ele teve um ano praticamente perfeito, vencendo todas as sete provas internacionais que disputou, ficando em 2º apenas na seletiva olímpica de seu país. Há uma grande rotatividade nos outros representantes do Quênia e, não importa quem se classificar, chegará brigando por medalha.
Apesar da força nas provas de fundo, a Etiópia não tem um bom histórico nesta prova. Em Olimpíadas tem apenas um bronze e em Mundiais apenas a prata de Girma em 2019. Ainda assim, vale ficar de olho nesta jovem esperança etíope, que terá 20 anos na disputa em Tóquio. Seu compatriota Getnet Wale foi 4º no Mundial de 2019 e presença constante entre os melhores no circuito da Diamond League.
Medalha nos dois últimos mundiais, o marroquino Soufiane El Bakkali foi 4º no Rio-2016 e venceu três etapas da Diamond League em 2019.
O polêmico francês tetracampeão europeu Mahiedine Mekhissi-Benabbad, que esteve nos últimos três pódios olímpicos, tem se dedicado a provas de rua e pode ser uma ausência importante em Tóquio. Prata no Rio, o americano Evan Jager não competiu em 2019 por conta de uma lesão, mas voltou aos treinos e deve ser uma das principais ameaças ao domínio queniano.
O Brasil nos Jogos
A primeira participação brasileira na prova veio apenas em Seul-1988, com Adauto Domingues. Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis em 1987, Adauto fez 8:32.77 nas eliminatórias e 8:35.05 na semifinal, ficando de fora da decisão.
Em Barcelona-1992, foi a vez de Clodoaldo Lopes do Carmo fazer uma ótima campanha e colocar o Brasil pela primeira vez numa final olímpica da prova. Ele foi 2º na sua eliminatória com 8:26.31, 2º na sua semifinal com 8:20.46, mas acabou a final em 11º com 8:25.92. Ele voltaria aos Jogos em Atlanta-1996, mas com fracos 8:51.78 ficou em último na sua bateria e não passou para as semifinais.
Altobeli da Silva competiu no Rio-2016 fazendo uma ótima bateria eliminatória com 8:26.59, avançando para a grande final, onde terminou na 9ª colocação com 8:26.30.
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Histórico
As provas com obstáculos são disputadas nos Jogos Olímpicos desde Paris-1900, mas só ganharam a distância atual dos 3.000m na Antuérpia-1920. Nos Jogos de Paris, tivemos a disputa dos 2.500m, vencida pelo canadense George Orton e dos 4.000m, com vitória do britânico John Rimmer. Em St. Louis-1904 a distância foi de 2.590m e em Londres-1908 de 3.200m.
Após a 1ª Guerra Mundial, já nos 3.000m atuais, o ouro ficou com britânico Percy Hodge, campeão com o tempo de 10:00.4. Em seguida, foi uma sequência de vitórias da Finlândia, que era a potência das provas de fundo entre as Guerras Mundiais. Em Paris-1924, o ouro ficou com Ville Ritola com 9:33.6. Ao lado de Paavo Nurmi, Ritola foi o grande nome dos Jogos e saiu da capital francesa com quatro ouros e duas pratas.
Já em Amsterdã-1928, os finlandeses fecharam o pódio com vitória de Toivo Loukola, com recorde mundial de 9:21.8. Paavo Nurmi foi prata nesta prova, na sua única medalha olímpica na prova de obstáculos. Volmari Iso-Hollo completou o domínio finlandês vencendo duas vezes seguidas em Los Angeles-1932 e Berlim-1936.
Após a Guerra, em Londres-1948, o pódio sueco foi liderado por Tore Sjöstrand, campeão com 9:04.6. Em casa, em Helsinque-1952, a Finlândia não conseguiu brilhar e ficou fora do pódio e o ouro ficou com o americano Horace Ashenfelter, até hoje o único campeão olímpico dos Estados Unidos nesta prova, vencendo com 8:45.4.
A prova seguiu evoluindo, com os atletas passando pelos obstáculos como barreiras, sem pisar e os tempos foram melhorando.
Foi apenas na Cidade do México-1968 que começou a aparecer a maior potência da modalidade: o Quênia. E começaram bem, com uma dobradinha de Amos Biwott e Benjamin Kogo. Biwott surpreendeu o mundo ao cruzar os obstáculos (inclusive o fosso) com as duas pernas na frente, numa técnica parecida com o salto em distância. Na final, ele cruzou o último obstáculo em 4º faltando pouco menos de 50m para a chegada e venceu com 8:51.02, contra 8:51.56 de Kogo.
Após mais uma dobradinha em Munique-1972, com vitória de Kip Keino com recorde olímpico de 8:23.6, o Quênia ficou fora dos Jogos de Montreal-1976 e de Moscou-1980 por conta de boicotes. De volta em Los Angeles-1984, os queniano voltaram ao topo e de lá nunca mais saíram.
Julius Korir levou em 1984 com 8:11.80 e o domínio seguiu com cinco dobradinhas seguidas, incluindo um pódio completo em Barcelona-1992 e em Atenas-2004. Desde 1988, todos os títulos olímpicos e mundiais foram vencidos por quenianos de nascimento. Apenas nos mundiais de 2003 e 2005, o ouro não ficou com o Quênia, pois Saif Saaeed Shaheen, atual recordista mundial, venceu pelo Qatar, mas ele é nascido e criado no Quênia.
Da vitória de Korir em Los Angeles até em Pequim-2008, sete atletas diferentes foram campeões olímpicos. Foi apenas em Londres-2012 que um campeão africano se repetiu. Ezekiel Kemboi, talvez o maior nome da prova, repetiu sua vitória de Atenas-2004 e se sagrou bicampeão olímpico. Kemboi esteve em sete pódios seguidos em Mundiais, com três pratas e quatro ouros seguidos de 2009 a 2015.
No Rio-2016, foi a vez de Conseslus Kipruto ficar com a vitória com 8:03.28. Kemboi chegou como favorito mais uma vez, mas se desgastou muito na final e perdeu o segundo lugar na reta final para o americano Evan Jager. Kemboi depois foi desclassificado por pisar fora da pista após o primeiro salto no fosso.
Os Medalhistas
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Antuérpia-1920 | Percy Hodge GBR | Patrick Flynn USA | Ernesto Ambrosini ITA |
Paris-1924 | Ville Ritola FIN | Elias Katz FIN | Paul Bontemps FRA |
Amstrerdã-1928 | Toivo Loukola FIN | Paavo Nurmi FIN | Ove Andersen FIN |
Los Angeles-1932 | Volmari Iso-Hollo FIN | Thomas Evenson GBR | Joe McCluskey USA |
Berlim-1936 | Volmari Iso-Hollo FIN | Kalle Tuominen FIN | Alfred Dompert GER |
Londres-1948 | Tore Sjöstrand SWE | Erik Elmsäter SWE | Göte Hagström SWE |
Helsinque-1952 | Horace Ashenfelter USA | Vladimir Kazantsev URS | John Disley GBR |
Melbourne-1956 | Chris Brasher GBR | Sándor Rozsnyói HUN | Ernst Larsen NOR |
Roma-1960 | Zdzisław Krzyszkowiak POL | Nikolay Sokolov URS | Semyon Rzhishchin URS |
Tóquio-1964 | Gaston Roelants BEL | Maurice Herriott GBR | Ivan Belyayev URS |
Cidade do México-1968 | Amos Biwott KEN | Benjamin Kogo KEN | George Young USA |
Munique-1972 | Kipchoge Keino KEN | Ben Jipcho KEN | Tapio Kantanen FIN |
Montreal-1976 | Anders Gärderud SWE | Bronisław Malinowski POL | Frank Baumgartl FRG |
Moscou-1980 | Bronisław Malinowski POL | Filbert Bayi TAN | Eshetu Tura ETH |
Los Angeles-1984 | Julius Korir KEN | Joseph Mahmoud FRA | Brian Diemer USA |
Seul-1988 | Julius Kariuki KEN | Peter Koech KEN | Mark Rowland GBR |
Barcelona-1992 | Matthew Birir KEN | Patrick Sang KEN | William Mutwol KEN |
Atlanta-1996 | Joseph Keter KEN | Moses Kiptanui KEN | Alessandro Lambruschini ITA |
Sydney-2000 | Reuben Kosgei KEN | Wilson Boit Kipketer KEN | Ali Ezzine MAR |
Atenas-2004 | Ezekiel Kemboi KEN | Brimin Kipruto KEN | Paul Kipsiele Koech KEN |
Pequim-2008 | Brimin Kipruto KEN | Mahiedine Mekhissi-Benabbad FRA | Richard Kipkemboi Mateelong KEN |
Londres-2012 | Ezekiel Kemboi KEN | Mahiedine Mekhissi-Benabbad FRA | Abel Mutai KEN |
Rio-2016 | Conseslus Kipruto KEN | Evan Jager USA | Mahiedine Mekhissi-Benabbad FRA |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Quênia | 11 | 7 | 4 | 22 |
2 | Finlândia | 4 | 3 | 2 | 9 |
3 | Grã-Bretanha | 2 | 2 | 2 | 6 |
4 | Suécia | 2 | 1 | 1 | 4 |
5 | Polônia | 2 | 1 | 0 | 3 |
6 | Estados Unidos | 1 | 2 | 3 | 6 |
7 | Bélgica | 1 | 0 | 0 | 1 |
8 | França | 0 | 3 | 2 | 5 |
9 | União Soviética | 0 | 2 | 2 | 4 |
10 | Hungria | 0 | 1 | 0 | 1 |
10 | Tanzânia | 0 | 1 | 0 | 1 |
12 | Itália | 0 | 0 | 2 | 2 |
13 | Alemanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Alemanha Ocidental | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Etiópia | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Marrocos | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Noruega | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
3000 metros com obstáculos é uma prova olímpica de meio-fundo disputada em uma pista de atletismo entre barreiras e fossos de água e deriva seu nome original, steeplechase, da antiga e tradicional corrida de cavalos disputada entre obstáculos em campo aberto.
A prova é originária das Ilhas Britânicas, onde corredores corriam de uma cidade para a outra se orientando pelos campanários de suas igrejas, usados como marcos por serem visualizados à grande distância. Durante o percurso, eles tinham inevitavelmente que pular sobre córregos e pequenos obstáculos e muros de pedra separando as propriedades no caminho.
A largada é dada com os atletas lado a lado ou em bloco ocupando toda a largura da pista, sem marcação de raia. O número de voltas na pista padrão de 400 metros depende da posição do fosso d’água obrigatório – fora ou dentro da segunda curva da pista – mas os atletas precisam saltar um número total de 28 barreiras e sete fossos d’água durante a duração da corrida.
As barreiras da prova masculina tem altura de 91,4 cm e as da feminina de 76,2 cm, com uma largura mínima de 3,94 m; o fosso d’água de superfície inclinada tem 3,66 m de comprimento com uma profundidade de 70 cm em sua parte mais funda, exatamente em baixo da barreira até chegar ao mesmo nível da pista ao final do comprimento, o que significa que quanto mais longe o atleta que a ultrapassa conseguir saltar, menos água e pressão contrária pela frente terá nos pés e tornozelos, o que dá vantagem aos melhores saltadores entre os corredores. Diferente das provas de velocidade com barreiras, que caem a qualquer toque, os obstáculos do steeplechase são mais sólidos e pesados e os atletas muitas vezes os usam para pegar impulso da passada na corrida ao invés de apenas saltá-los, especialmente o obstáculo do fosso.