10000m masculino
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+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos
Favoritos
Com a aposentadoria de Mo Farah, o favoritismo dos 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 é todo dos africanos. Um nascido na África não perde o ouro olímpico desde Moscou-1980 e um Mundial desde Helsinque-1983.
Joshua Cheptgei, de Uganda, venceu o ouro o último Mundial, em Doha, com 26:48.36, melhor marca do ano de 2019. Esta foi a única prova de 10.000m masculino que ele disputou no ano. Cheptgei deve chegar como um dos favoritos em Tóquio, pois também levou o ouro no Mundial de cross-country em 2019, na Dinamarca.
A armada etíope chegará com muitos nomes nos 10.000m masculino dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, incluindo Yomif Kejelcha, prata no Mundial, e Hagos Gebrhiwet, que devem conseguir vagas na equipe etíope. Entre os quenianos, Rhonex Kipruto será o principal nome da equipe, vindo do bronze no Mundial, além da vitória na etapa de Estocolmo da Diamond League em 2019.
Saindo da África (mas nem tanto), o canadense Mohammed Ahmed foi o melhor não-africano no Mundial, embora ele seja da Somália. Ele ficou em sexto nos 10.000m masculino e foi bronze nos 5.000m. O americano Lopez Lomong, também africano de nascimento (ele é do Sudão do Sul), foi sétimo no Mundial. São poucos europeus que se destacam nessa prova. Entre eles temos o italiano (também nascido na África, na Etiópia) Yemaneberhan Crippa, o francês Morhad Amdouni, campeão continental em 2018, e o norueguês Sondre Nordstad Moen, que devem chegar a Tóquio com chances de brigar por medalha nos Jogos Olímpicos.
O Brasil nos Jogos
O primeiro brasileiro a disputar os 10.000m masculino foi Adalberto Cardoso, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1932, ficando em 13º na final direta da prova, que tem uma história muito curiosa. Ele foi à LA no navio Itaquicê com toda a delegação brasileira e mais 50.000 sacas de café. Ele só competiria nos Jogos caso vendesse a sua quota, o que Adalberto não conseguiu e não poderia competir. Ele seguiu de navio até São Francisco, mas decidiu que iria competir de qualquer jeito. Sem dinheiro, foi de carona até Los Angeles e chegou pouco tempo antes de sua prova. Mesmo terminando em último, foi muito aplaudido e acabou chamado de “Iron Man” pelo jornal The Los Angeles Times.
O Brasil voltou a ter um representante na prova mais longa apenas em Los Angeles-1984, com José João da Silva, terminando em décimo na sua bateria com 29:10.52, longe da final. Ex-recordista mundial da maratona, Ronaldo da Costa foi o último brasileiro a competir nos 10.000m, em Atlanta-1996, terminando com 29:26.58, parando na primeira rodada.
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Histórico
A prova mais longa da pista foi disputada pela 1ª vez no Jogos Olímpicos de Estocolmo-1912 e foi vencida pelo finlandês Hannes Kolehmainen, que também venceu os 5.000m e o cross-country nesta edição. Após a primeira rodada, seguiu-se a sequência finlandesa com o espetacular Paavo Nurmi levando os 10.000m masculino em Antuérpia-1920 e Amsterdã-1928, Ville Ritola em Paris-1924 e Ilmari Salminen em Berlim-1936. Apenas o polonês Janusz Kusocinski quebrou o domínio em Los Angeles-1932.
Após a Segunda Guerra Mundial, o tcheco Emil Zatopek venceu seu primeiro ouro nos 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos de Londres-1948, sendo o primeiro a baixar da marca dos 30min em uma Olimpíada, com 29:59.6. Na edição seguinte, em Helsinque-1952, Zatopek começou sua participação olímpica histórica nesta edição vencendo o ouro nos 10.000m com 29:17.0. Ele levaria ainda os 5.000m e a maratona nesta edição, fato inigualável até hoje.
Foi apenas nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968 que os africanos apareceram no topo do pódio dos 10.000m masculino pela primeira vez com o queniano Naftali Temu. Em seguida, a Finlândia voltou ao topo com Lasse Virén, levando a dobradinha em Munique-1972 e Montreal-1976. Ele venceu nessas duas edições os 5.000m e os 10.000m, o primeiro na história a fazer o feito. A partir de Seul-1988, apenas africanos natos venceram, começando com os marroquinos Brahim Boutayeb em 1988 e Khalid Skah em 1992.
A partir daí, três mitos do atletismo ficaram com dois ouros cada nos 10.000m masculino dos Jogos Olímpicos. O etíope Haile Gebrselassie venceu em Atlanta-1996 com 27:07.34 numa grande final contra o queniano Paul Tergat, multivencedor da Corrida de São Silvestre. Eles refizeram o duelo em Sydney, onde Gebrselassie venceu brilhantemente com 27:18.20, apenas 0.09 mais rápido que o queniano. O etíope venceria esta prova 4 vezes em Mundiais, entre 1993 e 1999.
O também etíope Kenenisa Bekele, também tetracampeão mundial, venceu os 10.000m masculino nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e de Pequim-2008, vencendo em ambas as finais seu compatriota Sileshi Sihine, sempre com recorde olímpico.
Nascido na Somália, mas defendendo a Grã-Bretanha, Mo Farah levou em casa em Londres-2012 e no Rio-2016, sempre fazendo uma volta final espetacular para vencer nos centímetros finais. Farah repetiu o feito de Virén e venceu os 5.000m e os 10.000m nas duas edições olímpicas.
Os Medalhistas
Olimpíada | |||
---|---|---|---|
Estocolmo-1912 | Hannes Kolehmainen FIN | Lewis Tewanima USA | Albin Stenroos FIN |
Antuérpia-1920 | Paavo Nurmi FIN | Joseph Guillemot FRA | James Wilson GBR |
Paris-1924 | Ville Ritola FIN | Edvin Wide SWE | Eero Berg FIN |
Amstrerdã-1928 | Paavo Nurmi FIN | Ville Ritola FIN | Edvin Wide SWE |
Los Angeles-1932 | Janusz Kusociński POL | Volmari Iso-Hollo FIN | Lasse Virtanen FIN |
Berlim-1936 | Ilmari Salminen FIN | Arvo Askola FIN | Volmari Iso-Hollo FIN |
Londres-1948 | Emil Zátopek CZE | Alain Mimoun FRA | Bertil Albertsson SWE |
Helsinque-1952 | Emil Zátopek CZE | Alain Mimoun FRA | Aleksandr Anufriyev URS |
Melbourne-1956 | Vladimir Kuts URS | József Kovács HUN | Al Lawrence AUS |
Roma-1960 | Pyotr Bolotnikov URS | Hans Grodotzki GER | Dave Power AUS |
Tóquio-1964 | Billy Mills USA | Mohammed Gammoudi TUN | Ron Clarke AUS |
Cidade do México-1968 | Naftali Temu KEN | Mamo Wolde ETH | Mohammed Gammoudi TUN |
Munique-1972 | Lasse Virén FIN | Emiel Puttemans BEL | Miruts Yifter ETH |
Montreal-1976 | Lasse Virén FIN | Carlos Lopes POR | Brendan Foster GBR |
Moscou-1980 | Miruts Yifter ETH | Kaarlo Maaninka FIN | Mohamed Kedir ETH |
Los Angeles-1984 | Alberto Cova ITA | Mike McLeod GBR | Michael Musyoki KEN |
Seul-1988 | Brahim Boutayeb MAR | Salvatore Antibo ITA | Kipkemboi Kimeli KEN |
Barcelona-1992 | Khalid Skah MAR | Richard Chelimo KEN | Addis Abebe ETH |
Atlanta-1996 | Haile Gebrselassie ETH | Paul Tergat KEN | Saleh Hissou MAR |
Sydney-2000 | Haile Gebrselassie ETH | Paul Tergat KEN | Assefa Mezgebu ETH |
Atenas-2004 | Kenenisa Bekele ETH | Sileshi Sihine ETH | Zersenay Tadese ERI |
Pequim-2008 | Kenenisa Bekele ETH | Sileshi Sihine ETH | Micah Kogo KEN |
Londres-2012 | Mo Farah GBR | Galen Rupp USA | Tariku Bekele ETH |
Rio-2016 | Mo Farah GBR | Paul Tanui KEN | Tamirat Tola ETH |
Quadro de Medalhas
País | Total | ||||
---|---|---|---|---|---|
1 | Finlândia | 7 | 4 | 4 | 15 |
2 | Etiópia | 5 | 3 | 6 | 14 |
3 | Grã-Bretanha | 2 | 1 | 2 | 5 |
4 | Marrocos | 2 | 0 | 1 | 3 |
4 | União Soviética | 2 | 0 | 1 | 3 |
6 | Tchéquia | 2 | 0 | 0 | 2 |
7 | Quênia | 1 | 4 | 3 | 8 |
8 | Estados Unidos | 1 | 2 | 0 | 3 |
9 | Itália | 1 | 1 | 0 | 2 |
10 | Polônia | 1 | 0 | 0 | 1 |
11 | França | 0 | 3 | 0 | 3 |
12 | Suécia | 0 | 1 | 2 | 3 |
13 | Tunísia | 0 | 1 | 1 | 2 |
14 | Alemanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Bélgica | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Hungria | 0 | 1 | 0 | 1 |
14 | Portugal | 0 | 1 | 0 | 1 |
18 | Austrália | 0 | 0 | 3 | 3 |
19 | Eritreia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
10.000 metros rasos é uma modalidade olímpica de atletismo e a mais longa distância disputada em pista, com um total de 25 voltas em torno da pista padrão de 400 metros do estádio.
Os antigos gregos já organizavam corridas de resistência semelhantes às corridas de longa distância atuais. A primeira prova semelhante aos 10 000 metros disputada na Era Moderna foi a corrida das 6 milhas (9 656 m), na Grã-Bretanha. O primeiro recorde aferido para a distância exata de 10 000 metros foi registrado em 1847. A prova entrou no programa olímpico em Estocolmo 1912, com a vitória do finlandês Hannes Kolehmainen. Durante todo o período anterior à II Guerra Mundial ela foi dominada pela Finlândia e seus fundistas, chamados de Finlandeses Voadores, como Kolehmainen, Paavo Nurmi e Ville Ritola. O último fundista deste país a vencê-la em Olimpíadas foi Lasse Viren, bicampeão olímpico em Munique 1972 e Montreal 1976. A partir dos anos 80, a distância passou a ser de domínio absoluto dos africanos, especialmente etíopes e quenianos, tanto em Jogos Olímpicos quanto em campeonatos mundiais.
Introduzida no programa olímpico para mulheres em Seul 1988, a primeira campeã olímpica foi a soviética Olga Bondarenko. Com o correr dos anos, as africanas passaram também a dominá-la, assim como a todas as provas de longa distância, como os 5000 metros e a maratona, secundadas pelas chinesas.