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Jerusa Geber despede-se dos Jogos com bronze nos 200m e coração partido

Thalita Simpício fica com a prata na prova seguinte de ambas após desclassificação que acabou com o sonho de uma vida da campeã e recordista mundial dos 100m na classe T11

Jerusa Geber e Thalita Simplício 100 m T11 Jogos Paralímpicos
A prova dos 100m que ainda deixa Jerusa entristecida (Wander Roberto/arquivo)

Tóquio – O bronze nos 200m conquistado no último dia de provas de pista e campo no atletismo dos Jogos Paralímpicos não foi capaz de acalmar o coração de Jerusa Geber. A brasileira veio a Tóquio para vencer os 100m. Chegou como campeã e recordista mundial e faltava apenas o ouro paralímpico para consagrar a carreira, havia chegado perto em Londres, foi prata. Mas ele não veio porque a corda que unia a atleta ao guia estourou no meio da prova e ela foi desclassificada. Três dias depois, na manhã de sábado (4) pelo horário do Brasil, ao deixar a pista depois de pegar o bronze dos 200m, ainda lamentava o ocorrido, principalmente por não ter planos de correr em Paris-2024.

“Prova muito forte, os 200m não era um foco nosso. O foco eram os 100m e eu perdi o ouro. A gente era recordista (mundial)”, disse, sem conseguir segurar o choro de amargura. “Aqui é minha última Paralimpíada e eu perdi o ouro, a chance da vida, por causa de uma cordinha frágil. Estragou o sonho da vida de uma atleta, essa cordinha frágil”, revoltou-se. “Eu fui falar com o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) e eles disseram: ‘nunca aconteceu isso, nunca quebrou’. E ficou por isso, não questionaram nada, não entraram com recurso, não fizeram nada.” Apesar da tristeza, não desmereceu o pódio dos 200m. “De todo jeito, não deixa de ser uma medalha. Muitos atletas queriam pelo menos um bronze e a gente ganhou. Temos de agradecer assim mesmo, se conformar e aceitar.”

Sorriso no pódio ‘escondia’ a tristeza pelo ocorrido nos 100m (Takuma Matsushita/ CPB)

Thalita Simplício é prata

Jerusa Geber marcou o tempo de 25s19, ficou atrás da chinesa Liu Cuiqing, campeã com 24s936, quatro milésimos de segundo à frente da outra brasileira da prova, Thalita Simplício, que ficou com a prata (24s940). A venezuelana Linda Perez Lopez completou as quatro participantes da prova. Elas competem na classe T11, de deficientes visuais, que precisam dos atletas-guia por isso apenas quatro chegam na final. Felipe Veloso da Silva é o de Thalita e Gabriel Aparecido dos Santos Garcia corre com Jerusa. As mesmas quatro correram os 100m na quarta-feira (31), com Linda Lopez ficando com o ouro e Cuiqing com a prata. Não houve bronze, porque o mesmo problema da cordinha aconteceu com Thalita Simplício e ela também foi desclassificada.

Thalita Simplício bronze 200m T11 atletismo Jogos Paralímpicos
Thalita ficou a 0s004 do ouro (Takuma Matsushita/ CPB)

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Thalita, porém, conformou-se com o que aconteceu e se sentiu preenchida pela prata dos 200m. “O que aconteceu, aconteceu. A gente tem de partir para a próxima. Se ficar remoendo, não avança. Ficamos tristes, pra baixo, mas nada que as palavras das pessoas que estão ao nosso redor no Brasil nos consolaram e nos ajudaram a vir para os 200m com a cabeça erguida.” Ela corrou três provas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. “Os 400m foram excelente, os 100m também, apesar do que aconteceu, foi maravilhoso. Os 200m também foram espetaculares. Esperávamos muito mais (hoje), mas infelizmente já é o nosso nono tiro e a fadiga já está aqui. Com certeza demos o nosso melhor”, disse. “Ainda tem muita coisa para rolar, mas em 2024 quem sabe a gente não está lá”, completou.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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