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Thiago e Marco são exemplos de que “a amizade sempre prevalece”

Thiago Paulino foi incentivado a começar por Marco Borges, que por sua vez não parou antes de dividir um pódio da Paralimpíada com o amigo

Fábio Chey/CPB

Tóquio – Thiago Paulino foi bronze no arremesso de peso e Marco Borges prata. Essa foi a segunda dobradinha do Brasil na Paralimpíada de Tóquio 2020. A cena foi emocionante, mas a história por trás dela é ainda mais. Thiago viu vídeo de Marco ainda no hospital, depois do acidente, que amputou a perna. Marco é além de inspiração, é amizade verdadeira, que não parou antes de dividir um pódio da maior competição do mundo.

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“O bronze pra mim é uma concretização. São quase 20 anos dedicados ao esporte paralímpico. É a minha terceira edição de Jogos Paralímpicos. No Rio foi muito difícil pra mim. Tive uma lesão, não consegui me classificar e lidei muito mal com isso. Então esse ciclo eu me reinventei. Mudei de prova, classe, passei por cirurgia no ombro. Mudei do segundo do ranking mundial e fui pra 20º. Vim trabalhando neste período e o Thiago me incentivando e agora estou aqui, com tudo que desejei realizado,” conta Marco Borges.

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Thiago Paulino por sua vez relembra o conselho ao amigo: “Ele falava que queria parar, mas eu falava pra ele que ele tinha condição de continuar. Da mesma forma que ele fez comigo logo no meu começo de carreira. A gente tem uma amizade verdadeira e por mais que a gente vá competir um contra o outro, a amizade sempre prevalece”.

Inspiração

A história dos dois começa muito antes do pódio na Paralimpíada de Tóquio 2020. “O Marcão foi uma inspiração pra mim. Logo depois do meu acidente eu vi os vídeos dele e jamais imaginaria que estaria na seleção junto com ele. Eu fico muito feliz de estar aqui junto com ele, conseguir o pódio junto com ele. Ele é mais experiente e fala que está vivendo um sonho, que não imaginava isso acontecendo. Ele puxou a prova, colocou ela num nível muito alto já quebrando o recorde paralímpico e estou muito feliz por nós dois conseguirmos a medalha”, lembra Thiago.

Marco Borges competindo a Paralimpíada de Tóquio 2020 no arremesso de peso
(Takuma Matsushita/CPB)

O início e a continuação

É como uma conquista dupla e só se multiplica. A medalha no arremesso de peso de um tem também o envolvimento do outro e pode inspirar mais atletas. “Eu não consigo nem te descrever em palavras o quanto essa dobradinha é especial. O Thiago é um cara bastante especial pra mim. E hoje poder estar dividindo o pódio com ele mostra o quanto Deus é maravilhoso e recompensa quem trabalha duro. E sempre fico pensando nas coisas boas. Se eu inspirei o Thiago há dez anos atrás, quantas pessoas nós não estamos inspirando agora? O Thiago é um grande amigo, a gente tem uma amizade bastante longa e agora a gente marcou isso na eternidade com esse pódio,” conta Marco.

Acima de qualquer rivalidade

A prova do arremesso de peso na Paralimpíada é feita com seis chances consecutivas para cada atleta. Os dois enquanto davam a entrevistas estavam quase roucos, afinal, torceram e gritaram muito, como conta Marco Borges: “As pessoas até estranham porque antes dele fazer os arremessos deles eu tinha a chance de ficar com a prata, mas eu estava gritando e torcendo muito por ele. As pessoas podem até estranhar, mas fiquei muito feliz por ele. Quando atingi a marca na seletiva eu senti a alegria dele por mim e estar junto com ele aqui, ainda mais no pódio é muito especial”.

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“Fiquei muito feliz pelo nosso resultado. Muita gente não entende a nossa torcida um pelo outro. Mas a minha briga não é com o Marcos, a briga é com a trena. Eu fiquei muito feliz por ele ter conseguido a marca que ele queria, assim como eu também consegui. No final o Brasil venceu e deu tudo certo”, fala Thiago Paulino sobre o pódio na Paralimpíada de Tóquio 2020.

“As vezes as pessoas de fora querem criar uma rivalidade, mas ela não existe. O Marco é meu ídolo, como vou torcer contra ele? Sempre torço para ele conseguir o melhor dele e tenho certeza que ele torce para que eu também consiga o meu”, conclui o recordista mundial.

A matéria foi escrita após a prova, o resultado foi reavaliado e você pode acompanhar o que aconteceu depois aqui:

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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