Foi um jogo duríssimo, digno de decisão de medalha e o Brasil conseguiu superar o Canadá para conquistar a medalha de bronze do vôlei sentado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. A seleção brasileira venceu por 3 a q com parciais de 25/15, 24/26, 26/24 e 25/14. Foi a quarta vitória da equipe em cinco jogos disputados na competição, resultados que igualam a campanha feita na Paralimpíada Rio-2016, quando as meninas ficaram também com o terceiro lugar.
“Se o pessoal soubesse um vigésimo do que a gente passa para estar aqui. Eu tenho uma filha (Maria Fernanda) que fez três anos na nossa estreia e eu fiquei 40 dias longe dela, abdiquei do meu trabalho (analista de contratos). Minha filha também abdicou para estar com a minha filha e eu poder estar aqui. É muita coisa, todo mundo tem uma importância ímpar. Então, a medalha representa não só a vitória da equipe como a vitória da vida. Não só a superação da deficiência como tudo o que a gente abre mão para estar aqui e o amor ao esporte. Eu não consigo expressar em palavras o que representa essa medalha! É inenarrável”, comemorou Camila, segunda maior pontuadora do Brasil no jogo com 13 acertos, cinco a menos do que Jani, que foi o principal destaque.
“A gente queria medalha de qualquer jeito. Nós viemos para brigar pelo ouro mesmo, infelizmente pecamos em alguns momentos e temos que reconhecer que a equipe dos Estados Unidos se saiu melhor (na semifinal), mas a gente veio com tudo para buscar esse bronze”, explicou Duda, se referindo à força encontrada pela equipe para encarar a decisão do terceiro lugar mesmo depois da decepção de não ter conseguido chegar na final. Foi uma grande tristeza não passar na semifinal, mas a gente veio com os ânimos concentrados, na vibe de que ia dar certo e graças a Deus conseguimos o bronze. Apesar do segundo set não ter sido o melhor, mas a gente concentrou, todo mundo na torcida e conseguimos. Estamos muito felizes”, completou Nurya.
Representante da nova geração, Luiza Fiorese, de 23 anos, estava feliz da vida com a conquista, mas consciente do papel que as mais jovens terão para manter o vôlei sentado feminino do Brasil entre os melhores do mundo. “No final, eu abracei as meninas e agradeci por elas deixarem eu começar desse jeito minha história nos Jogos. Não tinha melhor maneira de entender o que é esse grupo e a ambição que ele tem. Eu já cheguei entendendo que Paris está logo ali e que a gente vai buscar esse ouro”, prometeu a atleta. “Essa medalha significa muito para mim, significa muito para a minha família, significa muito para os meus sonhos, significa muito para o que eu vim fazer aqui. Eu acho que não é só o fato de ganhar uma medalha, mas é o fato da gente se colocar como potência, o fato de mostrar que o vôlei sentado no Brasil tem espaço. A gente quer ser visto, a gente quer ser notado. A gente sabe que temos condições de chegar mais longe, mas é um passo de cada vez. E eu sinto que esse é só o começo para mim”, completou.
O JOGO
O primeiro set foi equilibrado até ficar empatado em 4 a 4. Foi o momento em que Ádria foi para o saque e, com ela nesta posição, o Brasil marcou sete pontos seguidos, chegando a 11 a 4. Com vantagem, o time dirigido pelo técnico José Guedes Dantas soube controlar o jogo e ainda ampliar a diferença para fechar em 25/15.
As canadenses, que fizeram jogo duro com o Brasil na primeira fase, vendendo caro a derrota por 3 a 2 logo na partida de estreia, voltaram para o segundo set dispostas a complicar. Elas começaram atrás no placar até ele chegar a 13/10. Depois disso, encostaram, viraram para 15/14 e dispararam até alcançar 24/20. Sem desistir, as brasileiras salvaram quatro set points, mas um ace de Jennifer Oakes definiu a parcial em favor do Canadá por 26/24.
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No terceiro set, o equilíbrio se manteve até o empate de 6 a 6. Com Danielle Ellis no saque, o Canadá conseguiu cinco pontos seguidos e abriu vantagem. Depois, continuou dominando o jogo até fazer 21 a 15. Quando parecia que tudo estava perdido, as brasileiras conseguiram uma reação incrível e empataram em 21 a 21.
A reta final do set foi disputadíssima com os dois times trocando pontos até o Canadá ter o set point a seu favor em 24 a 23. Com um ataque de Duda, o Brasil evitou a derrota, virou com um bloqueio de Jani e fechou a parcial em 26/24 com ponto de Pamela.
“A gente estava muito focada no ouro, o grupo estava muito fechadinho, acreditando muito. Então, foi muito difícil! Acho que no terceiro set, nós olhamos uma para a outra e falamos ‘Isso aqui não vai escapar’. As trocas foram bem feitas e a gente via sempre a positividade no olho da companheira. Então, eu acho que o coletivo foi primordial pra gente sair com essa medalha”, acredita Camila. “A gente mostrou que jogar com alegria e jogar com o espírito brasileiro mesmo faz diferença”, completou Duda.
A virada espetacular no set anterior fez o Brasil voltar muito confiante para o quarto período do jogo. Em pouco tempo, a equipe abriu 10 a 4 no placar. As canadenses estavam perdidinhas em quadra e as brasileiras souberam se aproveitar para fechar o set com tranquilidade e garantir a medalha de bronze.
REVEJA – BRASIL x CANADÁ – VÔLEI SENTADO – DISPUTA PELO BRONZE – PARALIMPÍADA TÓQUIO