Tóquio – É ouro! Talisson Glock garantiu sua terceira medalha na Paralimpíada de Tóquio 2020. O brasileiro dominou a prova dos 400m S6, realizada nesta quinta-feira (02) e fechou com o tempo de 4min54s42. Em apenas uma virada, Talisson chegou a ser ultrapassado por Antonio Gantin, que acabou com a prata com 4min55s70 e o russo
Viacheslav Lenskii ficou com bronze com o tempo 5min04s84.
“Estou muito feliz. Inexplicável a sensação, meu primeiro ouro na Paralimpíada. Essa prova vem sendo meu foco nos últimos dois anos. Eu sabia que eu ia nadar bem, mas eu não sabia o quanto, mas eu sabia que eu ia nadar bem. É muito bem estar perto dos melhores, nadando com os melhores. A minha ideia de manhã era classificar com o primeiro tempo para conseguir nadar prestando atenção neles, seguindo o ritmo deles. E eu consegui. Consegui aplicar tudo que eu treinei, fiquei contente com isso, foi muito treino, muito suor e eu consegui aplicar. Estou muito contente, muito feliz”, comentou Talisson após a prova.
Foco nos 400m
“Eu tenho boas marcas nos 200m medley e nos 100m costas, eles eram meu foco em 2015. Em 2016, no Rio, eu já não nadei elas como eu gostaria. E ai a gente começou a mudar totalmente o treino pensando nos 400m. Eu destreinei muito meu costas, eu perdi muito meu estilo dos costas por causa disso, mas eu acredito que compensou. Eu acredito que eu posso até mesmo chegar a nadar para o recorde mundial dessa prova no futuro, me vejo fazendo isso, esse vai ser o meu objetivo daqui pra frente, com certeza. Eu gosto, eu tenho esse perfil de fundista, sempre tive, estamos explorando isso agora da melhor forma”, conta.
Conquistas anteriores
Além do ouro nos 400m, Talisson Glock faturou a medalha de bronze nos 100 m S6, com 1min05s45. Ele também fechou o revezamento 4×50 m misto 20 pontos que ganhou a medalha de bronze deixando para trás a Ucrânia por apenas 0s07. “Eu estou muito contente, muito realizado, muito satisfeito com a campanha. O Rio não foi como eu gostaria, eu sei que poderia ter nadado muito mais no Rio, agora eu estou muito mais maduro, eu tenho com outra cabeça, vou sair daqui extremamente realizado, meu primeiro ouro, inexplicável, vai ficar pra história pro resto da vida”.
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O atleta
Talisson Glock foi atropelado aos 9 anos por um trem e perdeu o braço e a perna esquerdos. Seis meses depois, foi convidado para participar do Centro Esportivo para Pessoas Especiais (CEPE). Em 2004, passou a se dedicar aos treinos de natação. Em 2008, competiu em alguns torneios e, em 2010, foi chamado para integrar a Seleção Brasileira de natação.
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Na trajetória como atleta, muita coisa aconteceu e Talisson destaca as mudança: “Vix, eu já levei muita porrada nessa vida. Muita, muita porrada, mas são coisas que fazem a gente crescer. Essa vida tenta me derrubar muito, o tempo todo, desde pequeninho, desde o meu acidente, mas eu não vou parar de levantar enquanto eu tiver forças”.
Dificuldades do ciclo
“Na piscina, mais a pandemia mesmo, a gente também teve esse problema quando a gente chegou no Japão, a gente foi muito atrapalhado desde que a gente chegou aqui. Eu gosto de frisar isso. Mas acredito que de resto são problemas pessoais mesmo, escolhas pessoais minhas, escolhas ingratas que eu fiz, mas que agora eu tenho sabedoria para escolher diferente”, ressalta.
Conquistas antes de Tóquio-2020
Ouro no revezamento 4x100m, prata nos 100m costas e nos 200m medley, bronze nos 50m livre e nos 100m livre nos Jogos Parapan- Americanos Lima 2019; ouro nos 100m costas, prata nos 50m borboleta e bronze nos 200m medley no Mundial do México, em 2017; prata no revezamento 4x50m livre e bronze nos 200m medley nos Jogos Paralímpicos Rio 2016; ouro nos 100m costas, prata nos 400m livre, prata nos 50m borboleta, bronze nos 50m e 100m livres nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015; prata nos 100m costas e 200m medley no Mundial de Glasgow em 2015; prata nos 100m livre e 200m medley no Mundial de Montreal em 2013; ouro nos 100m costas nos Jogos Parapan-Americanos Guadalajara 2011. Sobre o futuro, Talisson afirma: “Vem muita coisa boa, Paris está logo aí”.