Não foi hoje que o futebol de 5 do Brasil conheceu sua primeira derrota em Jogos Paralímpicos. Mas que sufoco. O Marrocos veio preparado para frear as arrancadas e explorar seu artilheiro Zouhair Snisla. Mas a seleção tem Jefinho, que fez uma confusão na zaga adversária, provocou o gol contra e garantiu a passagem para a final da Paralimpíada de Tóquio.
Invicto e sem levar gols em toda competição em Tóquio, a seleção brasileira sofreu para passar pelo Marrocos e não espere vida fácil diante da Argentina. A chuva teve seu peso, já que prejudicou o estilo brasileiro, e os marroquinos tiveram chances de abrir o placar, mas pararam no goleiro Luan Gonçalves e na falta de pontaria.
O sonho do penta segue vivíssimo. Tetracampeão, o futebol de 5 do Brasil vai ter um grande rival na final. Nada mais, nada menos do que a Argentina será o time adversário na luta pelo ouro dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. “Em uma paralimpíada não tem jogo fácil. A argentina é um grande time, nós já nos enfrentamos diversas vezes e sempre é difícil”, ressaltou Fábio Vasconcelos, o técnico brasileiro.
As seleções sul-americanas chegam invictas para a decisão, com quatro vitórias cada. O Brasil já marcou 11 gols e não sofreu nenhum. A Argentina marcou seis gols e sofreu apenas um gol. Na final de Atenas-2004, Brasil e Argentina foram para a disputa de pênaltis, a seleção ganhou e conquistou seu primeiro ouro. A final em Tóquio será no sábado (4), às 5h30 (horário de Brasília).
Gol é gol
No melhor estilo brasileiro, Jefinho fez fila, foi deixando marroquinos para trás e invadiu a área. Na hora do arremate, ele perdeu o controle da bola, Imad Berka foi tentar cortar e mandou contra o próprio gol.
Paredão
Debaixo de muita chuva, a seleção de Futebol de 5 do Brasil teve enormes dificuldades diante da retranca do Marrocos. A equipe africana veio armada para frear a habilidade brasileira, ocupando os espaços e abdicando de povoar o campo de ataque.
Em alguns momento, Ricardinho teve marcação tripla quando dominava a bola. Sem espaços, o Brasil não fez o goleiro Samir Bara trabalhar durante boa parte do jogo.
Bola nele!
Apesar da retranca, não pense que o Marrocos deixou de atacar. Zouhair Snisla, o camisa 9, deu muito trabalho para a zaga do Brasil. Isolado na frente, Snisla, alto e forte, sabe dominar, girar sobre a marcação e finalizar. Ele teve duas boas chances de marcar no primeiro.
Na primeira, Luan Gonçalves se esticou todo em seu canto esquerdo e salvou uma bola rasteira que tinha endereço certo. Na segunda oportunidade, o número 9 do Marrocos saiu na cara do goleiro brasileiro e chutou, da marca do pênalti, para fora. Um susto e tanto. E no início do segundo tempo, outro chute passou lambendo a trave brasileira.
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Escorregadia
A chuva atrapalhou demais o estilo da seleção de jogar. Com o campo e a bola molhados, ficou difícil na hora de finalizar. Por diversas vezes, Ricardinho, Paraná e Nonato sofreram na hora de chutar para o gol. A bola parecia teimar em correr um pouco mais e diminui muito a precisão na hora de finalizar.
Barulhento
Além de atrapalhar na condução da bola e nos arremates, a chuva que castigou Tóquio também incomodou pelo barulho. “A bola tem o guizo, mas a chuva abafou um pouco esse som e o jogo ficou feio, muito mais individualizado e com poucas chances”, avaliou o zagueiro Cássio.
Arma secreta
Assim como nas outras partidas, o segundo tempo do Brasil é muito forte. Muito graças ao físico da equipe e das opções no banco. Sai Ricardinho e entra Jefinho. Isso é o terror para qualquer adversário. Não à toa, o gol da seleção saiu em um lance do reserva.
O esporte
O futebol de 5 é exclusivo para cegos ou deficientes visuais. As partidas, normalmente, são em uma quadra de futsal adaptada, mas, desde os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, também têm sido praticadas em campos de grama sintética. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos.
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Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é formado por cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. Diferentemente de um estádio convencional de futebol, as partidas de futebol de 5 são silenciosas, em locais sem eco. O jogo tem dois tempos de 25 minutos e intervalo de 10.
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A bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A torcida só pode se manifestar na hora do gol. Os jogadores usam uma venda nos olhos e, se tocá-la, cometerão uma falta. Com cinco infrações, o atleta é expulso de campo e pode ser substituído por outro jogador. Há, ainda, um guia (chamador) que fica atrás do gol adversário para orientar os atletas so seu time. Ele diz onde os jogadores devem se posicionar em campo e para onde devem chutar. O técnico e o goleiro também auxiliam em quadra.