Tóquio – Maciel Santos e José Carlos Chagas conquistaram duas medalhas de bronze na bocha nos Jogos Paralímpicos. Na noite desta terça-feira (31), pelo horário de Brasília, Maciel, da classe BC2, venceu o tailandês Worawut Saengampa por 4 a 3 na disputa que valia o pódio. É a segunda medalha dele na carreira, já que foi campeão em Londres-2012. Já José Carlos, da classe BC1, dominou o duelo contra o português André Ramos e ficou com o terceiro lugar no Japão.
Maciel saiu na frente e marcou 3 a 0 após as duas primeiras séries de lançamentos. Fez um ponto na que abriu a disputa e mais dois na segunda. Saengampa, porém, se recuperou e anotou três pontos de uma vez na terceira série. Assim, eles entraram empatados em 3 a 3 na última parcial. A série decisiva foi emocionante e o tailandês tinha a vantagem até o arremesso final do brasileiro, que conseguiu a virada e vibrou muito. Assim, Maciel fecha a participação na capital japonesa com cinco vitórias e apenas uma derrota.
“Muito feliz. Essa medalha é como se fosse de ouro. Ganhar do primeiro do ranking mundial, de um campeão mundial é muito importante. A última bola foi a bola da minha vida. Busquei concentrar ao máximo para poder não errar”, comentou Maciel muito emocionado. “Eu saiu dessa primeira batalha com a sensação de dever cumprido. Eu vim para Tóquio com o desejo de honrar o nome do Dirceu (atleta paralímpico da bocha falecido em 2020). Essa medalha é para ele, para a minha família e eu tenho certeza que ela vale muito mais que o ouro. O bronze coroa o meu momento e mostra que ainda preciso melhorar para poder chegar melhor em Paris”.
José Carlos Chagas domina e fica com o bronze
Parecia difícil e ficou fácil. Assim podemos definir a disputa da medalha de bronze de José Carlos Chagas. Na partida contra André Ramos, de Portugal, o brasileiro viu o adversário abrir vantagem logo no começo, com 2 a 0 após o primeiro set. Atrás do marcador, José Carlos cresceu e conseguiu uma segunda parcial perfeita, virando o confronto para 5 a 2. Liderando o confronto, José Carlos Chagas manteve o ritmo no duelo, venceu os dois últimos sets, abriu 8 a 2 no marcador e confirmou mais uma medalha de bronze para o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
“Feliz demais, consegui a medalha e estou feliz demais”, disse José Chaves, logo após conquistar a medalha. “Obrigado, Brasil, minha namorada (Vanilda), família, treinador, amigos. Emoção gostosa demais. Deus me deu a oportunidade de ter essa medalha. São três paralimpíadas e consegui nessa daqui”, acrescentou. Sobre a segunda série de lançamentos, quando marcou incríveis cinco pontos de uma vez, disse: “Ouvi os conselhos dele (paulo santos, assistente esportivo, que estava ao lado), mantive a calma, porque sem calma não dá e pensando nos meus filhos no Brasil”, completou o brasileiro, quarto colocado na Londres-2012 e sexto na Rio-2016.
Bocha nos Jogos Paralímpicos
A bocha paralímpica é praticada por atletas com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências severas. A competição consiste em lançar bolas coloridas o mais perto possível de uma branca (jack ou bolim) em quatro séries de lançamentos. Ao final de uma série, o atleta que tiver a bola mais próxima do bolim faz o ponto. Se tiver mais de uma bola entre as mais próximas, soma o total delas. Ou seja, se tiver duas bolas mais próximas, marca dois pontos. Se tiver três, três pontos e assim por diante.
Os atletas ficam sentados em cadeiras de rodas e limitados a um espaço demarcado para fazer os arremessos. É permitido usar as mãos, os pés e instrumentos de auxílio, e contar com ajudantes (calheiros), no caso dos atletas com maior comprometimento dos membros. Na BC2 a assistência não é permitida e, na BC1, os ajudantes podem estabilizar ou ajustar a cadeira do jogador e entregar a bola, quando pedido.
Além da BC1 e da BC2 há mais duas classes. A BC3 reúne atletas com deficiências muito severas e eles usam instrumento auxiliar, podendo ser ajudados por outra pessoa. A BC4 também é para quem tem deficiências severas, mas que não recebem assistência. Um dos instrumentos é a calha, que ajuda a dar mais propulsão à bola. Os tetraplégicos, por exemplo, que não conseguem movimentar os braços ou as pernas, usam uma faixa ou capacete na cabeça com uma agulha na ponta. O calheiro posiciona a canaleta à sua frente para que ele empurre a bola pelo instrumento com a cabeça. Em alguns casos, o calheiro acaba sendo a mãe ou o pai do atleta.
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A modalidade teve um antecessor nos Jogos Paralímpicos: o lawn bowls, uma espécie de bocha jogada na grama. E foi justamente no lawn bowls que o Brasil conquistou sua primeira medalha em Jogos: Róbson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos “Curtinho” foram prata nos Jogos de Toronto, no Canadá, em 1976.