Depois de vencer os 5000 m no primeiro dia de competições do atletismo, Yeltsin Jacques voltou a escrever seu nome na história do esporte brasileiro. Ao vencer os 1500 m T11 na noite desta segunda-feira, ele conquistou a tão esperada 100.ª medalha de ouro para o país em Paralimpíadas e ainda quebrou o recorde mundial ao cravar 3min57s60, superando em 0s77 a marca que era do queniano Samwel Kimani desde Londres-2012.
“O Bira (guia) me passou isso (da 100.ª medalha) hoje cedo! Eu sempre fui muito patriota. Desde a época da escola, eu sempre fui muito patriota, sempre gostei dessa emoção de cantar o hino. Então, para mim, vai ser mais uma honra ter conquistado essa medalha. Hoje eu corri não pelo recorde, mas pela medalha porque eu sabia que ia contar para o Brasil e ajudar o Brasil no quadro de medalhas e para ter mais uma vez a honra de ouvir o hino nacional no lugar mais alto do pódio”, comemorou o atleta.
A expectativa era de que a histórica conquista viesse pela manhã (noite de segunda no Japão), mas ela não saiu por 0s01. Esse foi o tempo que separou Vinícius Rodrigues do ouro nos 100 m T63. Assim, a medalha de ouro ganha por Elizabeth Gomes foi a 99.ª do Brasil em Jogos Paralímpicos, deixando a oportunidade de colocar no peito a 100.ª para Yeltsin Jacques, que não desperdiçou.
Dono do melhor tempo das eliminatórias, Yeltsin Jacques venceu os 1500 m das Paralimpíadas do jeito que gosta: correndo na frente desde o começo da prova. O brasileiro forçou o ritmo desde os primeiros metros, disparou na frente e cruzou a linha de chegada na primeira colocação.
“A estratégia que eu e o Bira definimos foi de fazer 1min04s por volta e fomos cumprindo certinho como definimos. Fizemos 1min04s, depois 1min04s de novo, chegamos nos 1000 m com 2min40s e, como a gente contava que poderia ter alguém junto, era para fazer em 1min15s os últimos 500 m, mas, como não tinha ninguém, o Bira me controlou bastante, viramos 1min17s e ganhamos tranquilos”, contou Yeltsin Jacques, com uma tranquilidade que até parece fácil alcançar o feito obtido por ele, mas se a estratégia fosse seguida à risca, ele teria baixado ainda mais o recorde mundial. “Estou muito feliz pela marca, mas com um gostinho de quero mais”
Com duas medalhas de ouro conquistadas nesta edição dos Jogos Paralímpicos, o atleta de Campo Grande ainda vai tentar mais uma. No último dia do evento, ele vai disputar a maratona. “Eu estava trabalhando entre 120 km e 140 km por semana mais focado nos 5000 m e nos 1500 m. A maratona tem bagagem, tem perna só que não estou me cobrando tanto como eu estava na prova de hoje justamente pela questão de não ter feito todo o volume necessário para a maratona. Não tem como trabalhar o 1500 m rápido como esse que eu fiz e uma maratona com o volume de 190 km, 200 km por semana porque sobrecarrega demais. Então foquei nas duas primeiras provas. Agora, a maratona, eu vou entrar, espero que esteja sol, espero que esteja difícil, duro, porque aí fica mais fácil para mim. Se eles levarem pros últimos 12 km, eu garanto para mim a prova”, acredita.
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SOBRE YELTSIN JACQUES
Yeltsin Jacques nasceu com baixa visão. Ele conheceu o atletismo ajudando um amigo, totalmente cego, a correr. Então, começou a treinar junto com ele para competir e iniciou sua carreira nas Paralímpiadas Escolares em 2007.
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Principais conquistas: Ouro nos 5.000 m e 1.500 m dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020; Ouro nos 1.500m nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019; ouro nos 1.500m e nos 5.000m dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015; prata nos 1.500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 na França.