A brasileira Silvania Costa conquistou na noite desta quinta-feira a medalha de ouro do salto em distância T11 feminino nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, repetindo o feito conseguido no Rio de Janeiro em 2016. Para vencer a prova, a atleta saltou 5,00 m, dois centímetros a mais do que a marca com que conseguiu a vitória há cinco anos.
“Entrei com muita garra, com muita determinação, com muito foco. Eu sabia o quanto eu tinha lutado, eu sabia o quanto que eu tinha lutado, o quanto que eu superei para conseguir chegar neste momento”, disse a atleta depois da prova, se referindo ao fato de pouco ter competido no ciclo para Tóquio primeiro pela gravidez de seu segundo filho e depois por conta de uma punição que a deixou 20 meses longe das pistas.
A diferença da Rio-2016 para os Jogos de Tóquio é que Silvania Costa só teve cinco meses de treinamento. Suspensa por doping, ela não participou dos Parapan-americanos de Lima e do Mundial de 2019 e não teria disputado a Paralimpíada caso ela tivesse acontecido em 2020. “Cada competição trás uma emoção diferente. Nos Jogos do Rio, eu sabia que eu tinha trabalhado por quatro anos para estar ali. Então, foi uma sensação de fazer o que eu estava fazendo dentro de casa. Agora, aqui em Tóquio, eu me senti um pouco insegura por causa da minha capacidade física. Eu sei que eu não trabalhei o suficiente, mas eu sabia que a minha capacidade mental, a minha determinação e a minha garra iam fazer a diferença”, explicou a atleta.
Silvania Costa foi suspensa após um exame antidoping dar positivo para o estimulante dimetilamilamina, também conhecido como DMAA. A atleta conseguiu comprovar que seu guia na época, que foi suspenso por quatro anos, foi o responsável por lhe passar o suplemento contaminado, mas mesmo assim ela foi obrigada a ficar 20 meses fora das pistas e só pôde retornar às pistas em fevereiro de 2021. “Eu perdi muitos treinadores porque eu não podia frequentar as pistas, perdi grandes patrocinadores, minha condição física e também minha condição financeira. Sei que minhas concorrentes se prepararam cinco anos e eu só me preparei durante cinco meses. Voltei a treinar com 19% de gordura (o normal dela é 12%) e tive que abrir mão de muitas coisas. Uma delas foi meu filho! Meus filhos são a paixão da minha vida, mas tive que deixá-los para ficar concentrada no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo. Foi bem difícil porque tudo o que eu faço são pelos meus filhos”, afirmou a atleta que mãe de Letícia Gabriela, de 15 anos, e de João Guilherme, de quatro.
“Os Jogos do Rio foram para a minha filha mais velha porque eu sabia que eu tinha que fazer um futuro para ela. Pensei em desistir depois do nascimento do João (ela competiu na Rio-2016 sem saber que estava grávida de dois meses), mas eu vi que sou mãe e pai dos dois, eu que sustento os dois e vi a necessidade de voltar para a pista. Então, meu retorno foi pelos meus filhos”, contou a atleta.
Se Silvania Costa chegou a pensar em se aposentar depois do nascimento de João Guilherme, o pensamento mudou completamente depois da conquista do ouro com tão pouco tempo de treino. A atleta de 34 anos, já está pensando em Paris-2024 e não quer ser “só” tricampeã paralímpica do salto em distância T11. “Eu já falei para o meu guia que meu objetivo de vida é finalizar uma Paralimpíada com quatro ou cinco medalhas de ouro. Eu acho que eu tenho capacidade, tenho esse desejo muito grande porque, graças a Deus eu sou muito focada no que eu quero, eu não desisto. Eu tenho uma personalidade em que meu maior desafio é minha maior coragem. Quando eu falo que vou buscar medalha de ouro em outras provas, eu sei que vou ter que batalhar muito para isso. Então, só depende da minha capacidade física e da minha força de vontade”, garante Silvania, que quer disputar em Paris-2024 100 m, 200 m e 400 m, além do salto em distância.
A PROVA
Depois de queimar duas duas primeiras tentativas, Silvania Costa assumiu a terceira colocação ao alcançar 4,76 m em seu terceiro salto. A liderança, até então, era de Asila Mirayorova, do Uzbequistão, com 4,89 m, seguida por Yulia Pavlenko, da Ucrânia, com 4,86 m.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
Na quinta rodada de saltos, Silvania Costa chegou a sair do pódio ao ser ultrapassada pela compatriota Lorena Spoladore, que saltou 4,77 m. Mas, logo em seguida, a recordista mundial da prova cravou os 5,00 m que lhe garantiu o bicampeonato paralímpico.
“Eu comemorei até antes da prova terminar. O segundo salto, que eu queimei, já era minha medalha, mas o salto não foi válido. No quinto salto, meu treinador falou: ‘é tudo ou nada’. Então, fui para cima mesmo e, quando caí na areia, ficamos ali só esperando contar quantos metros tinha sido e (quando foi anunciada a marca de 5,00 m) eu comemorei antes mesmo de finalizar a prova”, afirmou a atleta, que é recordista mundial com 5,46 m.
+ RECEBA NOTÍCIAS NO NOSSO CANAL NO TELEGRAM OU PARTICIPE DO NOSSO GRUPO DO WHATSAPP
Na última rodada de saltos, Asila Mirayorova conseguiu melhorar sua marca, chegando a 4,91 m, mas não conseguiu ultrapassar a brasileira. Yulia Pavlenko terminou com a medalha de bronze, enquanto Lorena Spoladore foi a quarta colocada.