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Daniel Dias se diz surpreso após ganhar três medalhas em dois dias

Por conta de mudanças na classificação funcional, as chances de Daniel Dias diminuíram, mas o nadador está se superando para chegar ao pódio

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A Paralimpíada de Tóquio é a última da carreira de Daniel Dias. Aos 33 anos, o multicampeão se despede disputando certamente, para ele, a mais desafiadora edição dos Jogos. Por mudanças na classificação funcional, ocorridas em 2019, atletas que eram de classes com menos dificuldades motoras foram reclassificados para a dele. Por conta disso, as chances do brasileiro diminuíram e a aposta era a de que ele não conseguiria muitos pódios. Mas, a cada vez que entra na piscina, ele prova o contrário. Em dois dias de competição, já faturou três bronzes, desempenho que surpreende o próprio nadador.

“Sendo bem sincero, eu não esperava. Mas, nas conversas com a equipe, eu sempre falava que ia entregar meu máximo porque é nas piscina que a gente resolve as coisas”, afirma o atleta, que alcançou a incrível marca de 27 medalhas paralímpicas com as três conquistadas em Tóquio. No total, são 14 ouros, sete pratas e seis bronzes.

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Com a entrada dos novos atletas na classe de Daniel Dias, o brasileiro perdeu cinco recordes mundiais e viu suas chances de ouro em Tóquio diminuírem muito. Nas provas individuais, por enquanto, o nadador só foi derrotado por adversários que vieram de classes para esportistas com menos dificuldades motoras.

O italiano Francesco Bocciardo, que era S7 em 2012 e S6 em 2016, virou S5 para esta Paralimpíada e faturou tanto os 200 m quanto os 100 m livre. Na primeira prova, o espanhol Antoni Bertrar, S7 há cinco anos, ficou com a prata, enquanto na outra o chinês Lichao Wang, S6 nos Jogos do Rio, terminou na segunda colocação.

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Nos 100 m livre, prova que foi disputada na madrugada desta quinta, Daniel Dias não começou bem a prova. Na virada dos 50 m, ele estava apenas na quinta colocação, mas conseguiu uma reação sensacional na metade final para chegar ao bronze, 0s35 atrás de Wang e apenas 0s07 a frente de Tao Zheng, também da China. “Quando eu fiz a virada eu vi que os chineses estavam com uma boa vantagem na minha frente, eu pensei: ‘Não, não vai ser fácil pra eles’. Acabei nadando uma boa prova, consegui alcançar a meta e estou muito feliz”, afirmou.

Além das medalhas nos 100 e 200 m, Daniel Dias conquistou mais um bronze no revezamento misto 4 x 50 m 20 pontos. O nadador foi o segundo da equipe brasileira a cair na piscina. Depois, ficou na torcida pelos companheiros e viu Talisson Glock conseguir na batida a medalha de bronze.

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“É o primeiro revezamento que eu fecho. Então, a emoção é muito maior, ainda carregando a responsabilidade de ser o último revezamento do Daniel. Toda a equipe fez muito bonito e eu não podia fazer diferente. Eu entreguei tudo o que eu tinha, fiquei muito feliz com o resultado. Quando eu olhei (para o placar), eu não acreditei”, afirmou Glock.

Outra componente da equipe, Patrícia Santos fez questão também de homenagear Daniel Dias. “É a medalha dos ídolos. De uma fã com os ídolos. Em me sinto realizada com sonho concretizado. Estar numa Paralimpíada é o sonho de todo atleta, mas você estar com ídolo é para poucos. Eu não poderia me sentir tão privilegiada como estou sendo”, disse toda orgulhosa com a medalha no peito.

Feliz da vida com a terceira medalha conquistada em dois dias, Daniel Dias fez questão de ressaltar a força da natação paralímpica brasileira. “Saiba que com todas essas mudanças de classificação, a gente está aqui, a gente é muito bom, o Brasil é muito bom. Todos aqui são muito bons”, elogiou.

Daniel Dias está na contagem regressiva para o fim da sua carreira em Jogos Paralímpicos, mas ainda faltam três provas: 50 m borboleta, 50 m costas e 50 m livre. O nadador, no entanto, descarta fazer qualquer projeção: “Eu projeto o que eu estava projetando no início: fazer meu melhor, entregar o meu melhor nas piscina e vamos ver o que isso vai nos trazer”.

O sonho do torcedor brasileiro, porém, é ver Daniel Dias fechar a carreira com 30 medalhas. No Mundial de 2019, ele subiu no pódio nas três provas que faltam para ele competir em Tóquio: foi ouro no nado livre e bronze no costas e no borboleta.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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