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Tóquio 2020

Ciclo desafiador e rotina dividida coroam prata de Rodolpho Riskalla no hipismo

Rodolpho Riskalla morou dois meses em trailer para manter treinos e se dividiu entre França e Alemanha no ciclo. Esforços recompensados com a medalha de prata no hipismo adestramento dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; conheça essa história!

Tóquio – A comissão técnica gritava muito assim que acabou a prova de Rodolpho Riskalla no hipismo adestramento. Leve, feliz e muito sorridente, o cavaleiro terminou sua apresentação nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, montando Don Henrico, com 74.659%, o que lhe garantiu a medalha de prata: “deu pra sentir toda a energia positiva”. O pódio foi composto pela holandesa Sanne Voets com o ouro e 76.585%. E a belga Manon Claeys com o bronze e 72,853%.

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RODOLPHO RISKALLA

“É muito gostoso você entrar e saber que está dando certo. Lógico que nesse nível, qualquer detalhe conta muito. Claro que ele (o cavalo Don Henrico) entrou um pouquinho tímido, porque a gente quando treina, treina com outros cavalos. Eu conheço ele, ele entrou um pouco tímido, mas foi e no final estava super relaxado. Eu estava super relaxado, óbvio. Então acho que é a sensação de deu certo, que é a mais importante. Por isso eu estava bem contente. No final você fica mais contente, porque acabou, deu certo e você conseguiu mostrar o que você pode fazer. Estou muito feliz”, comentou sobre a prova Rodolpho.

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A Rio 2016 foi um ciclo de adaptação de Riskalla do convencional para o hipismo paralímpico. Ele disputou a Paralimpíada com cavalo emprestado. Um ciclo completamente diferente da preparação realizada para Tóquio 2020. “Você poder preparar e saber que, por exemplo, no Rio pensar que se eu tivesse a preparação correta eu poderia estar no topo. Agora, poder mostrar isso aqui é o máximo. Eu estou super feliz. Acho que foi difícil, não foi fácil, com tudo que a gente passou, não é fácil. Poder ter esse tipo de resultado, já estou muito contente. O resultado que tive pra mim: hoje eu ganhei. Então foi muito bom”, contou o cavaleiro.

AS MUDANÇAS DO CICLO

“Foi difícil”, definiu Riskalla sobre o ciclo de cinco anos entre as Paralimpíadas. “Acho que de cara logo depois da Rio, o cavalo aposentou, eu fiquei a pé durante um ano. Fica aquela coisa meio assim. Foi aí que veio o Dom Henrico, em julho de 2017, de propriedade de uma alemã, que era olímpica e me emprestou o cavalo. Eles me suportam e torcem. E dai pra frente o projeto era fazer o Mundial e Tóquio 2020”.

TRAILER FOI CASA DURANTE A PANDEMIA

“Nesse meio tempo com a história da Covid tudo mudou. Você foi obrigado a se adaptar. Ter essa noção e se adaptar rápido também ajuda nessas horas. Eu tive que me adaptar muito rápido. Quando estourou a história da Covid eu estava na França. Vai fechar ou não? Eu tinha os cavalos, não queriam me deixar entrar. Tive que pegar os cavalos e levar para uma amiga minha para poder treinar.”

O que era para ser rápido, acabou levando mais tempo: “no começo eram 15 dias, depois eram dois meses, a gente ficou morando em um trailer eu, minha mãe e minha irmã com os dois. Para poder ficar onde estavam os cavalos. Se saísse, não podia voltar. Ficamos dois meses morando em um trailer, depois sai, daí a gente precisava ir para outro lugar. Treinamento melhor, fui para a Alemanha, fiquei entre França e Alemanha por conta do trabalho. A gente teve que ir se adaptando, fazendo, pra ter o melhor resultado possível,” relembra Riskalla.

ROTINA ENTRE ALEMANHA E FRANÇA

Riskalla em seu trabalho na Dior - Foto: Divulgação - usada na matéria da medalha de prata na Paralimpíada de Tóquio 2020 no hipismo adestramento
Riskalla em seu trabalho na Dior – Foto: Divulgação

Rodolpho Riskalla divide a rotina do alto rendimento com o trabalho como coordenador de eventos das coleções de obras de arte da Christian Dior: “No começo (da pandemia o trabalho era) igual todo mundo, eu só trabalhava no computador. Meu trabalho posso realizar remoto.”

O dia a dia é adaptado para a realidade do atleta do hipismo adestramento: “Eles me dão todo o suporte, desde que eu fiquei doente, me ajudam, são super. Conversei com eles, falei que precisava treinar, que lá (na França) não estava dando mais. E negociei”.

“Vou para o escritório duas vezes por semana, vou quinta e sexta, sábado e domingo não trabalha, volto pra Alemanha. Sete horas pra casa. Fico na Alemanha dez a quinze dias. Daí volto pra França para trabalhar”. Mas todo dia tem trabalho, viu? Remoto, claro. “De manhã eu vou treinar, a tarde eu trabalho. Tenho que pagar as contas, né?”, brinca.

O FUTURO DE DON HENRICO

O hipismo adestramento é um esporte de longevidade para o atleta, mas o mesmo não acontece com o cavalo, o que deixa em aberto a continuidade da parceria com Don Henrico: “ele é um cavalo de mais idade. É uma decisão difícil, porque ainda não sei. Depende de tudo que vai acontecer aqui. Ele está super bem, super em forma. Os cavalos chegam na idade que ele está, dezoito ou dezenove anos, por mais que esteja super bem e você quer manter o alto nível, que é outra história”.

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“Aquela responsabilidade de você saber se é a hora certa de você parar quando está bom e não quando está mais ou menos. Claro que estou focando aqui e agora. Tenho mais uma prova, dia 30, e depois pensar. O Mundial é o ano que vem, talvez eu ainda leve ele para o Mundial, ele vai ter dezenove anos”, falou Rodolpho Riskalla.

QUAL SERÁ A PARCERIA FUTURA?

“Eu tenho um outro cavalo comigo, mais dois cavalos na realidade que estão comigo de propriedade de uma brasileira, a Tânia, que estão em preparação para os próximos concursos. Eu trouxe o Don Henrico porque era o cavalo que eu tinha mais confiança, que eu sabia que era uma super longa viagem. Tudo tem que ser levado em consideração”, antecipou o atleta do hipismo adestramento.

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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