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Bruno Carra quer pódio que escapou por um quilo no Rio; Mariana fala em ouro

No halterofilismo, Evânio da Silva afirma que medalha é consequência e a novata Tayana Medeiros não fica para trás e também está de olho nas primeiras três colocações dos Jogos Paralímpicos

Bruno Carra Jogos Paralímpicos Tóquio Halterofilismo
Bruno Carra sentiu bem de perto da medalha na Rio-2016 (Hiroki Nishioka/WPPO)

Tóquio – Cada um a seu jeito, os três principais nomes do halterofilismo brasileiro representado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio traçam suas metas para a competição. Mariana D’Andrea é a mais ousada e não fala em outra coisa a não ser no ouro. Bruno Carra, por sua vez, diz que vem para realizar o sonho de ser medalhista, e Evânio Rodrigues da Silva prefere ser mais comedido afirmando que a condecoração é consequência de um trabalho bem feito. Formas diferentes de ver a competição, mas não se engane: os três chegam forte e em condições reais de vencer nas respectivas categorias. Entre eles, a novata Tayana Medeiros e toda sua efusividade da primeira participação no evento.

“Eu venho buscar a medalha de ouro. Vai dar, não tenho dúvidas. Venho tendo treinos excelentes e tenho certeza que na competição será a mesma coisa. Vou brigar pelo ouro”, crava sem pestanejar Mariana D’Andrea (73kg) durante treino realizado na manhã de segunda-feira (23) pelo horário de Brasília, noite do mesmo dia no Japão. “Nesses cinco anos eu venho tendo uma participação muito boa, cada competição melhorando minhas marcas, consegui estar em primeiro na categoria. Hoje foi o melhor treino que eu fiz”, acrescenta, referindo-se aos 135 quilos que levantou na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo de halterofilismo em 2021, marca que lhe rendeu não apenas a medalha de ouro da competição como também a liderança no ranking mundial da categoria. O desempenho mudou, inclusive, a forma como é vista pelas rivais. “Depois que eu fiquei em primeiro eu vi totalmente olhares diferentes. Mudou muita coisa.”

Mariana D'Andrea Jogos Paralímpicos Tóquio Halterofilismo
Mariana concentrada no treino: foco é no ouro (Hiroki Nishioka/WPPO)

Evânio da Silva (88kg) é o único medalhista da delegação, foi prata na Rio-2016 e, portanto, já sabe o caminho das pedras. Fez também um ciclo consistente, cravando 196 quilos em fevereiro de 2020, a melhor marca da categoria até a pausa imposta pela pandemia da covid-19. Na volta, ficou em segundo lugar em Tbilisi. “Não estou pensando em medalha, ela é consequência dos treinos. Estamos treinando para dar o melhor e que venha um bom resultado”, disse o brasileiro, que não participou dos treinamentos por conta de um incômodo muscular. “Estamos descansado um pouco, fazendo fisioterapia, para chegar na competição 100%. Eu venho alguns meses com dor, mas estou tratando para chegar no dia e dar o meu melhor.” Não se engane por ele não falar exatamente sobre medalha. O pensamento é alto: “Penso em quebrar o meu recorde pessoal (211kg). Se quebrar penso que consigo o pódio, mas depende dos adversários, não sabemos como eles vêm também.”

Gostinho no peito

Por um quilo o Brasil não foi a dois pódios no halterofilismo dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. Bruno Carra (54kg) levantou os mesmos 162 quilos que o medalhista de bronze Dimitrios Bakochristos, mas ficou fora do pódio pelo peso corporal, o critério de desempate. O grego pesava 52,57 quilos contra 53,79 do brasileiro. “Meu sonho é uma medalha. Se eu disser qualquer coisa diferente disso eu vou estar mentindo. No Rio senti esse gostinho muito perto. Estou focado 100% em trazer a medalha. Estamos em uma colocação muito boa, próxima. Claro que tudo pode acontecer. Na minha categoria tem quatro atletas com a mesma marca de peso, praticamente. Um quilo define uma medalha para um quarto lugar, um segundo para um quarto e assim vai. É manter a cabeça no lugar para ver se esse sonho se realiza agora.”

Assim como Evânio e Mariana, Bruno também chega em boa forma. Conquistou duas medalhas de prata em etapas da Copa do Mundo de halterofilismo. Uma este ano em Tbilisi e outra ano passado em Abuja. Nesta última, levantou 165 quilos o que lhe rendeu na ocasião o segundo lugar no ranking mundial. Hoje é o quarto. “A gente vai sempre aprimorando o trabalho e essa expectativa é natural. Só Deus sabe o que vai acontecer na hora, mas eu me sinto muito mais preparado do que na primeira vez no Rio. Estou amadurecido, trabalho mental. Mais confiante”, afirma. Uma das responsáveis pelo desenvolvimento está na casa dele: a esposa Denise Kakitani. “Ela é que entrega a vida por esse meu sonho. Sou muito grato, ela me ajuda demais, todo dia, todo momento. Cuida da minha dieta, dos meus treinamentos. Quando estou desanimado, querendo jogar tudo para o alto, ela que é meu pé no chão, minha cabeça no lugar”, diz. “Claro que tem toda uma equipe multidisciplinar por trás, nutricionista, fisioterapeuta, mas ela é especial.”

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Novata com ambições

Tayana Medeiros (86kg) é novata em Jogos Paralímpicos, admite que está vivendo uma experiência única, mas não veio a passeio. “Está sendo uma emoção tremenda. A ficha está começando a cair agora, que está se aproximando a competição e pretendo fazer o meu melhor. A expectativa está bem grande e, se Deus quiser, vou em busca dessa tão sonhada medalha”, afirma. “Se não for possível tento melhorar a minha marca pessoal (122kg). Se eu bater, acho que consigo um pódio. Essa é a ideia, estou trabalhando para isso.” Tayana chega credenciada como a sexta do mundo, com 118 quilos levantados em 2019, no Mundial de Nur-Sultan. Os 122kg foram em 2017, no Mundial de halterofilismo da Cidade do México, competindo uma categoria acima.

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Se depender das primeiras impressões da primeira experiência em Jogos Paralímpicos, o pódio está próximo. “Está um clima muito gostoso. Eu e as meninas (Mariana D’Andrea e Lara de Lima) estamos muito unidas, vai uma apoiando a outra. A ajuda que está vindo da comissão técnica, dos outros atletas, da delegação toda”, afirma, acrescentando que Mariana sempre ajuda. “‘presta atenção nisso, presta atenção naquilo, foca no treinamento, foca na alimentação’. Ela sendo mais experiente, ajuda, como a gente também ajuda ela nessa união”, completa.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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