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Tóquio 2020

Isaquias leva primeiro ouro olímpico e vai a Paris para ser o maior do Brasil

Brasileiro da canoagem velocidade venceu a C1 1000 nos Jogos Olímpicos de Tóquio, chega a quatro medalhas na carreira e vai em busca de mais duas na França para superar Torben Grael e Robert Scheidt

Isaquias Queiroz canoagem velocidade C1 1000 Jogos Olímpicos de Tóquio
A tão esperada medalha de ouro olímpica (Gaspar Nóbrega/COB)

Tóquio – Isaquias Queiroz é campeão olímpico! O brasileiro conquistou o ouro na categoria C1 1000 da canoagem velocidade dos Jogos Olímpicos de Tóquio após vencer a final disputada na noite, quase madrugada, desta sexta-feira (6) no Brasil. Com isso, chega a quatro medalhas na carreira e abre a possibilidade de igualar, ou até superar, em Paris-2024 o recorde de pódios do país, cinco, dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. Isaquias projeta disputar duas provas na capital francesa. Ele venceu a final no Japão com o tempo de 4min04s408, seguido pelo chinês Liu Hao, com 4min05s724, e pelo moldavo Serghei Tarnovschi com 4min06s069.

“Muito feliz de poder ganhar essa medalha de ouro para o Brasil. Uma emoção muito grande, me dediquei muito desde 2016 até o exato momento. A medalha no C2 não veio. Nosso objetivo era representar nosso querido treinador, Jesus Morlán, que faleceu em 2018 e conquistou 9 medalhas importantes, com essa de hoje, na nossa carreira. Muito feliz de poder estar realizando esse sonho”, disse o brasileiro.

Isaquias Queiroz canoagem velocidade C1 1000 Jogos Olímpicos de Tóquio
Comemoração em tom de Dragon Ball, de quem se disse fã desde criança (Jonne Roriz/COB)

Apoteose em Paris?

Com 27 anos, o brasileiro chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio como uma das maiores esperanças de medalha. Além de ser o atual campeão mundial na C1 1000, foi prata nesta mesma prova na Rio-2016 e também na C2 1000, ao lado de Erlon Souza. Naquele ano, conquistou ainda medalha de bronze na C1 200, categoria que não está mais no programa olímpico. Além disso, foi campeão Pan-Americano em Lima-2019 na C1 1000. Com essas credenciais, desembarcou em Tóquio esbanjando confiança e revelou que tinha o objetivo de ser o maior medalhista da história olímpica do Brasil até os Jogos da capital francesa. Ainda no Japão, disputou a C2 1000 ao lado de Jacky Godmann e eles ficaram na quarta colocação.

“Vou ser obrigado a ter que ir para Paris para brigar por mais duas medalhas. Objetivo aqui eram duas medalhas, porque a gente tinha esse pacto com o COB, com o Lauro, com Jesus Morlán, pra transformar em 10 medalhas dele. Ele não pode estar aqui, mas a gente veio com esse objetivo. A medalha de ouro significa muito. No Rio não veio, mas o Lauro deu continuidade ao trabalho dele (Jesus) e conseguimos. Sabíamos desde o início que essa era minha, não tinha como ninguém tomar. Mostrei isso na semifinal e na final. Agora é ir pra casa, me casar, curtir as férias e começar a pensar em Paris. Volto a repetir, não vou a Paris a passeio, vou pra fazer o que fiz aqui: brigar pelas medalhas e representar bem o país”, reforçou após conquistar a quarta e mais importante medalha olímpica da carreira.

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Remada para o ouro

A campanha de Isaquias Queiroz até a medalha de ouro da canoagem velocidade foi impecável. Ele venceu a primeira bateria classificatória, disputada na noite de quinta-feira (5) do Brasil, e com isso passou direto para a semifinal sem precisar disputar as quartas. Fez o melhor tempo entre os 16 classificados com 3min59s894, o único abaixo dos quatro minutos. Um dia depois, foi para a água para brigar por um dos oito lugares na decisão enfrentando uma bateria forte, dividindo a raia da Sea Forest Waterway com o alemão Sebastian Brendel, até então bicampeão olímpico e quatro vezes campeão mundial, o também alemão Conrad Scheibner, o cubano Jose Ramon Cordova e o chinês Zheng Pengfei. O brasileiro venceu novamente e, surpreendentemente, Brendel e Cordova não avançaram, tendo sido superados por Serghei Tarnovschi, que levaria o bronze no final do dia.

Isaquias Queiroz canoagem velocidade C1 1000 Jogos Olímpicos de Tóquio
Liu, Isaquias e Tarnovschi (Breno Barros/rededoesporte.gov.br)

Só tirar para fora

A final ele mesmo detalha como foi. “O Lauro falou dois minutos antes da prova. ‘Isaquias, você tem todo o treinamento dentro da mala. É só tirar para fora e fazer o que você sabe e fez todo dia'”. Antes, porém, um imprevisto. “Eu tava rezando para entrar vento, aí choveu e parou o vento”, disse, referindo-se ao temporal que castigou o local da prova entre a semifinal e a final. “Eu falei ‘aaaahhhh, não acredito!’, porque eu tava remando muito bem com o vento. Sem, eu ia ter de ser mais rápido ainda. Na raia oito e sete, não tinha vento e eu pensei ‘não acredito!’ Só que aí entrou uma nuvem mais escura e começou a ventar bem mais forte.”

Isaquias Queiroz canoagem velocidade C1 1000 Jogos Olímpicos de Tóquio ouro
(Breno Barros/rededoesporte.gov.br)

“Na hora da largada eu saí um pouco mais atrás, o chinês botou na frente e eu segurei nele”, disse, acrescentando que nesse momento pensou em fazer igual à prova do Mundial. “Vou segurar aqui do lado e nos 400 metros eu vou subir (a intensidade). Passou na minha cabeça ‘esse chinês não pode ganhar de mim, ele perdeu na eliminatória, como é que vai ganhar?’. Aí eu abri mais a mão, me concentrei em toda a parte aquática, que é colocar o remo e tracionar o barco pra frente, deixar o barco deslizar por baixo do pé”, continuou. “Quando passaram os 500 metros eu tava descansado e ainda estava com gás. Vi que os atletas da esquerda estavam pra trás, só o chinês estava ali. Mas eu estava bem descansado”, disse, completando que nos últimos 200 metros já sentia que a vitória era dele.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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