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Tóquio 2020

Quarto maior do mundo não satisfaz Darlan Romani: ‘o sonho é maior’

Brasileiro admite que colocação em final praticamente igual à do Mundial de 2019 é boa, mas quer mais. Ryan Crouser bate o recorde olímpico e fica com o ouro, Joe Covacs é prata, ambos dos EUA, e o neozelandês Tomas Walsh foi bronze

Darlan Romani Jogos Olímpicos arremesso do peso atletismo
Quarto no Mundial, quarto na Olimpíada (Wagner Carmo/COB)

Tóquio – Há dois anos, em Doha, o mundo acompanhou um duelo palmo a palmo para ver quem eram os melhores atletas do arremesso do peso do planeta. Deu Joe Covacs, dos Estados Unidos, com uma marca um centímetro maior do que o compatriota Ryan Crouser, seguido pelo neozelandês Tomas Walsh. Darlan Romani estava lá e até o último arremesso vinha em terceiro, quando foi superado por Crouser e terminou em quarto. O pódio foi praticamente o mesmo nos Jogos Olímpicos de Tóquio, após a final disputada na noite de quarta-feira (4), e Darlan novamente ficou em quarto.

“Se para para olhar, pô, um quarto lugar é ruim em uma Olimpíada? Não é ruim. Olha o tamanho do mundo e a gente é o quarto em uma prova de arremesso de peso. Mas o sonho é maior e eu batalho todos os dias por isso. Eu quero mais isso para a minha vida, da minha família”, disse o brasileiro, muito triste, ao sair do campo do Estádio Olímpico. “A gente sonha, corre atrás. O ano foi difícil pra mim, não queria que fosse assim, mas infelizmente…”, acrescentou.

Darlan Romani Jogos Olímpicos arremesso do peso atletismo
(Jonne Roriz/COB)

A marca de Darlan Romani na final dos Jogos Olímpicos foi 21m88, a melhor dele na temporada, registrada logo no primeiros dos seis arremessos que fez. Crouser, atual recordista mundial com 23m37 e único com marcas acima de 23m, fez mais uma: 23m30. Covacs, desta vez, teve de se contentar com a prata, 22m65, e Walsh fez um 22m47 que garantiu o bronze. As marcas da prata e do bronze foram inferiores às das mesmas colocações em Doha, ambas 22m90, e se Darlan tivesse repetido os 22m53 daquela ocasião teria ido ao pódio aqui na capital japonesa.

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Darlan Romani Jogos Olímpicos arremesso do peso atletismo
(Jonne Roriz/COB)

Ano difícil

“Ano passado, em março, eu tava treinando super bem, vindo numa temporada a milhão, ia fazer um ano excelente, muito melhor que em 2019. Mas aí entrou a pandemia, tive de operar, peguei covid.” Em 28 de fevereiro deste ano precisou passar por uma cirurgia de hernia de disco que exigiu quatro semanas de recuperação. A seguir, a crise sanitária do coronavírus criou muitas dificuldades pessoais e para o treinamento, inclusive tirando dele o convívio com o treinador, o cubano Justo Navarro. A doença que parou o mundo quase levou o irmão e a mãe. Os médicos chegaram a chamá-lo para ver o irmão em condições bem críticas na UTI. “Minha mãe ficou pior”. Felizmente ambos sobreviveram, mas depois disso foi ele quem pegou a doença. “É difícil”.

A pandemia atrapalhou também a preparação. Primeiro porque o centro de Bragança Paulista fechou e Darlan se viu obrigado a improvisar um local de treinamento em casa, com material emprestado. Como se não bastasse, Navarro precisou voltar para Cuba por conta do falecimento da esposa e até agora não conseguiu voltar por conta de restrições de viagem. “A gente vinha treinando de longe, ele vem ajudando, mandando treino. A gente filma, manda pra ele, ele responde, dá opiniões. Mas não tem muito o que fazer”, conta. “Não é fácil ficar sem treinador, a motivação é diferente. Um dia você não está tão bem, ele fala alguma coisa que você consegue melhorar, acertar, são esses detalhes que fazem a toda a diferença na nossa vida como atleta.”

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Desolado e com poucas palavras para descrever o que estava passando nos Jogos Olímpicos, completou dizendo que vai precisar de uma semana “para colocar a cabeça no lugar. Voltar para o Brasil, ver a minha família. Voltar a treinar normal. Correr atrás. Se eu dava 200%, vou dar 300%, não sei o que tenho de fazer mais. Não quero mais isso para a minha vida, não.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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