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Tóquio 2020

Isaquias fora do pódio na C2 1000; meta de ser o maior do Brasil fica para Paris

Ao lado de Jacky Godmann, canoísta brasileiro fica em quarto na primeira das duas provas que vai disputar em Tóquio e agora só pode igualar os recordistas de medalhas Robert Scheidt e Torben Grael em 2024

Isaquias Queiroz Jacky Godmann canoagem Jogos Olímpicos C2 1000 semi medalha
(Wander Roberto/COB)

Tóquio – O brasileiro Isaquias Queiroz, remando ao lado do compatriota Jacky Godmann, ficou sem medalha na C2 1000 da canoagem velocidade dos Jogos Olímpicos. Eles terminaram na quarta colocação a final disputada nos últimos minutos da segunda-feira (2) no Brasil, restinho da manhã de terça-feira (3) no Sea Forest Waterway, proximidades da baía de Tóquio. O resultado dificulta a meta por ele mesmo traçada de ser o maior medalhista brasileiro de todos os tempos.

Isaquias soma três pódios olímpicos, todos conquistados na Rio-2016, dois a menos do que os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. A C1 1000, categoria da canoagem que é campeão mundial, é a última prova que ele compete em Tóquio. Sendo assim, se confirmar a medalha, precisaria levar mais duas em Paris-2024 para chegar nas seis e se isolar como o maior do Brasil, ou uma para ao menos se igualar. No Rio de Janeiro ele colocou no peito duas pratas, na C1 1000 e na C2 1000, e um bronze na C1 250, prova que saiu do programa olímpico na canoagem velocidade.

Era o que tinha pra fazer

Isaquias e Jacky começaram a final apertando o ritmo e passaram em terceiro nos primeiros 250 metros. Na sequência, porém, foram ultrapassados pelo barco cubano de Serguey Madrigal e Jorge Fernando Dayan, que acabou ficando com o ouro marcando 3min24s995, nova melhor marca olímpica. Dali até o final, o barco brasileiro não conseguiu mais voltar para a zona do pódio, registrando o quarto lugar nas outras duas passagens antes da linha de chegada, onde cravou o tempo de 3min27s603. Os chineses Liu Hao e Zheng Pengfei chegaram em segundo com 3min25s128 e Sebastien Brendel e Tim Hecker, da Alemanha, levaram o bronze marcando 3min25s615.

“Tinha que arriscar, a gente não é acostumado a remar semifinal e final no mesmo dia, acaba desgastando muito, mas foi todo mundo cansado para a final. Isso não atrapalhou, a gente conseguiu fazer o que tinha para fazer, que era correr o máximo possível. A gente sentiu bastante no final, mas não nos deixanos nos abalar e conseguimos subir um pouco. É o que tinha de fazer”, avaliou Isaquias. “Um quarto lugar para a gente, que treinou pouco, é uma boa colocação, só que a gente queria mais, não dá para negar.”

Isaquias Queiroz Jacky Godmann canoagem Jogos Olímpicos C2 1000 semi medalha
(Wander Roberto/COB)

Pouco tempo

Importante lembrar que a dupla com Jacky Godmann foi formada às pressas para disputar os Jogos Olímpicos no Japão. O principal parceiro de Isaquias Queiroz é Erlon de Souza, com quem foi prata da Rio, mas ele ficou de fora por conta de uma lesão no fêmur. Jacky, é bom dizer, também é de Ubaitaba, centro de formação de atletas na canoagem velocidade, e é sobrinho de Valdenice Conceição e Vilson Conceição. Ela, medalhista pan-americana em Toronto-2015, competiu na Rio-2016, e ele ganhou uma medalha de prata no C2 1000 dos Jogos Pan-americanos do Rio-2007.

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“São meus primeiros Jogos Olímpicos. A gente estava bem, um pouco sem visão do adversário, mas não conseguimos nos impor. Demos o nosso máximo, mas não veio a medalha olímpica. Estou muito feliz de estar aqui. Treinamos para isso, mas infelizmente não veio”, disse Jacky. Isaquias explicou que a dupla sentiu um pouco uma falta de sincronia no trabalho de pernas de ambos. “Depois da semifinal eu chorei de felicidade por ter conseguido passar com o Jacky. Tem pouco tempo de trabalho com a gente, muito a evoluir ainda. Eu queria que o Jacky subisse no pódio pela primeira vez. O barco estava bem. A gente estava remando bem”, resumiu.

Semifinal

O dia de Isaquias Queiroz e Jacky Godmann começou pela segunda bateria semifinal do C2 1000, onde quatro dos cinco barcos participantes garantiram vaga para a disputa da medalha. A dupla baiana colocou bastante força no começo da prova e passou na frente pelas duas primeiras marcas, ou os quinhentos metros iniciais. A seguir, quando o barco da República Tcheca já começava a ficar para trás em último, os brasileiros mantiveram-se no pelotão dos classificados. Soltaram nos últimos metros e passaram em quarto, a 0,3 dos alemães, vencedores da bateria.

Antes de fechar o dia, Isaquias agradeceu o apoio de familiares e do Time Brasil. “Acreditou muito no nosso trabalho, sempre apoiou a gente. Não só financeiramente, mas também moralmente e ‘amigavelmente’. Pessoal que apoia tratando como amigo”, disse, e, por fim, mandou um recado: “a gente do Brasil, nem todo mundo da mídia, a gente deveria apoiar mais nós brasileiros. Nos últimos dias eu vi muita coisa de mente, cabeça, mas eu não vi nenhum atleta que queria desistir. A gente do Brasil, quando tem um medalhista olímpico do lado, às vezes não dá muito valor e quando vem um de outro país a gente senta no colo. Nos últmos dias eu vi a mídia meio chata. A gente tem de apoiar mais e obrigado a todo mundo no Brasil, os torcedores, que eu sinto que estão apoiando. E não é toda a mídia.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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