Tóquio – O brasileiro Isaquias Queiroz, remando ao lado do compatriota Jacky Godmann, ficou sem medalha na C2 1000 da canoagem velocidade dos Jogos Olímpicos. Eles terminaram na quarta colocação a final disputada nos últimos minutos da segunda-feira (2) no Brasil, restinho da manhã de terça-feira (3) no Sea Forest Waterway, proximidades da baía de Tóquio. O resultado dificulta a meta por ele mesmo traçada de ser o maior medalhista brasileiro de todos os tempos.
Isaquias soma três pódios olímpicos, todos conquistados na Rio-2016, dois a menos do que os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. A C1 1000, categoria da canoagem que é campeão mundial, é a última prova que ele compete em Tóquio. Sendo assim, se confirmar a medalha, precisaria levar mais duas em Paris-2024 para chegar nas seis e se isolar como o maior do Brasil, ou uma para ao menos se igualar. No Rio de Janeiro ele colocou no peito duas pratas, na C1 1000 e na C2 1000, e um bronze na C1 250, prova que saiu do programa olímpico na canoagem velocidade.
Era o que tinha pra fazer
Isaquias e Jacky começaram a final apertando o ritmo e passaram em terceiro nos primeiros 250 metros. Na sequência, porém, foram ultrapassados pelo barco cubano de Serguey Madrigal e Jorge Fernando Dayan, que acabou ficando com o ouro marcando 3min24s995, nova melhor marca olímpica. Dali até o final, o barco brasileiro não conseguiu mais voltar para a zona do pódio, registrando o quarto lugar nas outras duas passagens antes da linha de chegada, onde cravou o tempo de 3min27s603. Os chineses Liu Hao e Zheng Pengfei chegaram em segundo com 3min25s128 e Sebastien Brendel e Tim Hecker, da Alemanha, levaram o bronze marcando 3min25s615.
“Tinha que arriscar, a gente não é acostumado a remar semifinal e final no mesmo dia, acaba desgastando muito, mas foi todo mundo cansado para a final. Isso não atrapalhou, a gente conseguiu fazer o que tinha para fazer, que era correr o máximo possível. A gente sentiu bastante no final, mas não nos deixanos nos abalar e conseguimos subir um pouco. É o que tinha de fazer”, avaliou Isaquias. “Um quarto lugar para a gente, que treinou pouco, é uma boa colocação, só que a gente queria mais, não dá para negar.”
Pouco tempo
Importante lembrar que a dupla com Jacky Godmann foi formada às pressas para disputar os Jogos Olímpicos no Japão. O principal parceiro de Isaquias Queiroz é Erlon de Souza, com quem foi prata da Rio, mas ele ficou de fora por conta de uma lesão no fêmur. Jacky, é bom dizer, também é de Ubaitaba, centro de formação de atletas na canoagem velocidade, e é sobrinho de Valdenice Conceição e Vilson Conceição. Ela, medalhista pan-americana em Toronto-2015, competiu na Rio-2016, e ele ganhou uma medalha de prata no C2 1000 dos Jogos Pan-americanos do Rio-2007.
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“São meus primeiros Jogos Olímpicos. A gente estava bem, um pouco sem visão do adversário, mas não conseguimos nos impor. Demos o nosso máximo, mas não veio a medalha olímpica. Estou muito feliz de estar aqui. Treinamos para isso, mas infelizmente não veio”, disse Jacky. Isaquias explicou que a dupla sentiu um pouco uma falta de sincronia no trabalho de pernas de ambos. “Depois da semifinal eu chorei de felicidade por ter conseguido passar com o Jacky. Tem pouco tempo de trabalho com a gente, muito a evoluir ainda. Eu queria que o Jacky subisse no pódio pela primeira vez. O barco estava bem. A gente estava remando bem”, resumiu.
Semifinal
O dia de Isaquias Queiroz e Jacky Godmann começou pela segunda bateria semifinal do C2 1000, onde quatro dos cinco barcos participantes garantiram vaga para a disputa da medalha. A dupla baiana colocou bastante força no começo da prova e passou na frente pelas duas primeiras marcas, ou os quinhentos metros iniciais. A seguir, quando o barco da República Tcheca já começava a ficar para trás em último, os brasileiros mantiveram-se no pelotão dos classificados. Soltaram nos últimos metros e passaram em quarto, a 0,3 dos alemães, vencedores da bateria.
Antes de fechar o dia, Isaquias agradeceu o apoio de familiares e do Time Brasil. “Acreditou muito no nosso trabalho, sempre apoiou a gente. Não só financeiramente, mas também moralmente e ‘amigavelmente’. Pessoal que apoia tratando como amigo”, disse, e, por fim, mandou um recado: “a gente do Brasil, nem todo mundo da mídia, a gente deveria apoiar mais nós brasileiros. Nos últimos dias eu vi muita coisa de mente, cabeça, mas eu não vi nenhum atleta que queria desistir. A gente do Brasil, quando tem um medalhista olímpico do lado, às vezes não dá muito valor e quando vem um de outro país a gente senta no colo. Nos últmos dias eu vi a mídia meio chata. A gente tem de apoiar mais e obrigado a todo mundo no Brasil, os torcedores, que eu sinto que estão apoiando. E não é toda a mídia.”