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Tóquio 2020

‘Consegui chegar competitivo’, afirma Scheidt após concluir sétima Olimpíada

Visto como o maior pelo atual campeão olímpico, brasileiro dono de cinco medalhas lamenta não chegar à sexta, mas comemora ter brigado até o fim pelo sexto pódio

Robert Scheidt vela Jogos Olímpicos laser Tóquio-2020 medal race medalha
(Gaspar Nóbrega/COB)

Tóquio – A sexta medalha era um dos grandes objetivos que Robert Scheidt definiu quando se viu classificado para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Não se esperava nada menos de um competidor trazia no currículo cinco delas em seis edições e vinha de um quarto lugar na Rio-2016. O paulista, do alto de seus 48 anos, traçou, porém, outra meta, a de chegar competitivo diante de questionamentos sobre sua real capacidade de brigar contra os melhores da atualidade na classe laser da vela. Conseguiu a ponto de ser chamado de “o maior” pelo australiano Matt Wearn, que venceu a competição.

“Lógico que eu queria sair com uma medalha, era o meu maior objetivo, mas eu acho que eu cumpri uma das minhas grandes metas que era chegar na Olimpíada competitivo. Tava até hoje brigando por uma medalha, não deu, assim é o esporte”, disse após sair com o nono lugar da medal race e fechar a semana com a oitava colocação. Além do campeão Matt, o pódio da classe laser na vela dos Jogos Olímpicos foi composto pelo croata Tonci Stipanovic, que levou a prata, e pelo norueguês Hermann Tomasgaard.

Robert Scheidt vela Jogos Olímpicos laser Tóquio-2020 medal race medalha
Sempre entre os maiores (Gaspar Nóbrega/COB)

Semana em Tóquio

“Hoje foi uma regata diferente porque a correnteza estava contra o vento, então estava empurrando os barcos para fora da linha de largada. Tinha de ser bastante atento para que na hora de acelerar pra linha, não passar antes do tempo. Era um balanço fino. Então acabei fazendo uma largada não perfeita, o barco alemão estava muito perto de mim e me atrapalhou um pouco. Mas é assim, são os dez melhores do mundo e um tá querendo passar o outro. Cometi um errinho na primeira boia, acabei passando de sexto, sétimo, para último e daí a flotilha já estava distante.”

Sobre a competição no geral, gostou dos primeiros três dias, quando chegou a ficar na terceira colocação. “A partir do terceiro, comecei a cometer alguns erros, tanto de estratégia quanto de largadas, e acabei chegando hoje em sexto, com ainda alguma chance matemática de medalha, mas era bem difícil. Usei uma estratégia um pouco mais agressiva, infelizmente a primeira parte da regata não foi muito boa, fiquei muito para trás. Foi o que deu.”

Sete Olimpíadas, sete vezes brigando

Com ou sem pódio em Tóquio, fato é que Robert Scheidt participou de todas as regatas da medalha nas edições olímpicas em que esteve. Foi campeão logo na primeira, em Atlanta-1996, depois foi prata em Sydney-2000 e voltou a ser campeão em Atenas-2004, sempre na laser. Em Pequim-2008 e Londres-2012, ao lado de Bruno Prada na Star, adicionou outra prata e um bronze para a coleção. De volta à laser, marcou o quarto na Rio-2016 e o oitavo agora.

Robert Scheidt vela Jogos Olímpicos laser Tóquio-2020 medal race medalha
(Gaspar Nóbrega/COB)

“Quando eu comecei minha carreira na vela, nunca imaginei que conseguiria chegar a esse número de sete participações, é uma emoção muito grande. Foi uma história linda que eu consegui cumprir. Devo a muita gente, aproveito pra agradecer minha família, patrocinadores, Comitê Olímpico do Brasil, CBVela, todos os fisioterapeutas que me ajudaram nesse caminho, foram muitos, meu técnico, Francesco Marai. Foi um trabalho de muitas pessoas para me colocar aqui com chances e isso a gente cumpriu.”

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Claro que todo mundo quer saber sobre Paris-2024. “É a terceira vez que me perguntam isso hoje”, diz, brincando. “O que eu digo hoje é que eu acho difícil eu continuar no laser pra Paris. Uma classe muito física, estou com 48 anos de idade, já participei de cinco Olimpíadas nessa classe, já foi um grande desafio estar na forma que eu estou aqui hoje. Vamos torcer para ter uma nova geração para me substituir”. Sobre outras classes, “é difícil dizer, ainda estou com o turbilhão que aconteceu essa semana e hoje”.

Lenda, o maior

Enquanto não decide o que fazer, Robert Scheidt vai colecionando também outras honrarias. A locutora oficial da regata, sempre que se referia ao brasileiro, usava a palavra “legend”, ou lenda. E Matt Wearn, logo ao sair da água como o mais novo campeão olímpico, falou assim do maior medalhista da história do Brasil. “Ele é o maior do esporte e, obviamente tem um super sucesso na classe. Quando decidiu voltar (para a laser) em 2013, foi fantástico tê-lo de volta e ele fez maravilhas. Então, competir contra ele no nível mais alto nos Jogos Olímpicos, não poderia ser mais agradecido do que isso”, falou o jovem de 25 anos que não tinha nem completado um quando Scheidt colocou no peito o primeiro ouro na vela.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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