Tóquio – Mayra Aguiar conquistou a terceira medalha olímpica seguida da carreira ao levar o bronze no judô dos Jogos Olímpicos de Tóquio. A gaúcha também foi bronze em Londres-2012 e na Rio-2016 e, assim, torna-se a segunda mulher brasileira a ter três na história, ao lado da levantadora Fofão, do vôlei. Nos esportes individuais, somente ela, Robert Scheidt e Gustavo Borges foram três vezes ao pódio, sendo a judoca, portanto a primeira mulher a ingressar no grupo. Isaquias Queiroz tem três, duas individuais e uma em dupla com Erlon de Souza. A medalha de Mayra desta edição veio após vitória por imobilização sobre a sul-coreana Yoon Hyunji nesta quinta (29).
“Eu me emocionei muito, estou chorando igual criança. Estava muito entalado por tudo o que eu vivi. Foi muito tempo de superação, foi uma atrás da outra. Hoje poder concretizar com uma medalha é muito importante. Acho que é a maior conquista de toda a minha carreira. Estar com isso concretizado é muito gostoso”. Sobre o seleto grupo, disse que espera que logo ele cresça. “Estou torcendo muito pelos nossos atletas, a gente tem muita gente boa, com chance. Vamos torcer. É bom ser uma das, mas espero que tenha muito mais”.
Irmã, namorado e mãe
Dos percalços, colocou a pandemia como o pior, mas teve de passar por uma cirurgia no ligamento do joelho esquerdo a poucos meses dos Jogos. “A cirurgia veio como aquele ‘brinde extra’ ruim. Foi bem difícil. Parece que tá tudo muito ruim, não tem como piorar e piora. Foi uma briga psicológica. Desde que eu me machuquei até o dia de hoje. Foi igual uma onda. Felicidade de ver que está melhorando, aí cai de novo”. O que fez ela dar a volta por cima? “Meu clube, as pessoas que treinam comigo, e minha família, claro, que me aguenta nos piores momentos. Eu sou muito chata com dor, de dieta, fazendo loucura para conseguir um treinamento bom. Para essas pessoas que me ajudaram a segurar essa barra, eu dedico muito a elas. Iria ser impossível sem eles”. Dentre esses “eles”, destacou a irmã, Hellen, que é fisioterapeuta, o namorado, Leonardo Lopes, e a mãe, Leila. “Foram sete cirurgias (na carreira) e ela estava lá comigo, chorando junto, me dando força, fazendo comidinha.”
Tropeço na campeã mundial
Mayra Aguiar começou a campanha no judô dos Jogos Olímpicos de forma avassaladora. Logo na primeira luta, válida pelas oitavas de final, encarou Inbar Lanir, de Israel, e aplicou um ippon com apenas 40 segundos de confronto. Já nas quartas, perdeu para a alemã Anna-Maria Wagner, atual campeã mundial, sofrendo waza-ari quando a luta já caminhava para quatro minutos do golden score. Com a derrota, foi para a repescagem, onde passou pela russa Aleksandra Babintseva nas punições e ficou com a vaga na disputa do bronze.
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Na derrota para Wagner, compreensão de que a adversária era muito dura. “Ela veio como campeã mundial, então está numa fase muito boa. Já tinha lutado duas vezes contra ela, tinha ganhado, perdido, sabia que era forte. Fiquei doida, odeio perder. Eu entro na competição com um só objetivo, que é o ouro. Tive que levantar a cabeça e ter essa experiência de já ter levado a medalha olímpica ajudou, eu sei o quanto é importante. Que vale a pena ficar firme de novo. É pouco tempo que tem, mas eu consegui ficar com muita vontade de novo.” Volta em Paris? “Sim, claro!”.
Primeira luta
Rafael Buzacarini também lutou neste que foi o sexto dia de disputas do judô e perdeu na estreia. Encarou o belga Toma Nikiforov. Numa luta que começou equilibrada, o brasileiro acabou levando um shido. O adversário parecia cansado, levou dois shidos, mas acertou um waza-ari, suficiente para e eliminar o “Bolo”. “Eu já tinha enfrentado ele. Minha estratégia era deixar a lutar seguir, ir longe, eu tinha recurso, tinha físico e estava preparado. Eu até senti que ele estava cansando, mas foi um momento que eu acabei errando, andando para cima e ele acertou um golpe. Tive que abrir no final e acabei perdendo. Difícil. Foram cinco anos treinando, mesmo dentro das adversidades, treinando para chegar, mesmo que fossem dez minutos, e eu aguentar. Queria sair com a medalha,” falou, muito triste.
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O torneio individual termina com a participação dos pesados brasileiros Rafael Silva e Maria Suelen Altheman e está marcado para começar na noite desta quinta (29) com acompanhamento ao vivo aqui no OTD. O Brasil, antes de Mayra Aguiar, já havia conquistado um bronze, com Rafael Cargnin, nas disputas realizadas na Nippon Budokan. Na noite de sexta (30), o fechamento do judô dos Jogos Olímpicos de Tóquio com a competição por equipes.
*com Giovana Pinheiro