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Tóquio 2020

‘Estou realizado’, diz Ygor Coelho após superação que o colocou na história

Primeiro brasileiro a vencer uma partida de badminton em Jogos Olímpicos conta as dificuldades passou durante a pandemia que atrasou em um ano o evento em Tóquio

Ygor Coelho jogos olímpicos tóquio 2020 badminton
(Júlio César Guimarães/COB)

Tóquio – Ygor Coelho fechou sua participação histórica no badminton dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 nesta quarta-feira (28). O brasileiro foi eliminado após derrota para o japonês Tsuneyama Kanta por 2 a 0 na segunda rodada da fase de grupos da competição. A queda, porém, não apaga o feito do carioca oriundo da comunidade da Chacrinha. Na primeira rodada ele bateu Julien Paul Georges, das Ilhas Maurício, por 2 sets a 0, parciais de 21/5 e 21/16, naquela que foi a primeira vitória do país em Olimpíada na modalidade.

Após o jogo contra Tsuneyama, como todo atleta de ponta, Ygor, atleta do Time Nissan, ainda não havia engolido a derrota. “Eu saio feliz, mas com o gostinho de que poderia ter feito mais. Ele está em casa, é um jogador experiente. Eu tenho certeza que eu fiz tudo que eu podia para performar melhor aqui. Saio daqui contente.”

Ygor Coelho jogos olímpicos tóquio 2020 badminton
(Júlio César Guimarães/COB)

Passados alguns minutos, conseguiu enxergar melhor o tamanho do feito, especialmente por superar percalços impostos pelo destino. “Eu estou realizado! Ninguém sabe como foi esse ano de pandemia para mim, onde não sabíamos se teríamos os Jogos ou não. Mais um ano! Aí eu descobri que tinha que fazer duas cirurgias, minha confiança foi lá embaixo, no fundo do poço, e eu tive uma crise de ansiedade. Ganhei peso, dez quilos. Em janeiro desse ano perdi o contrato com o clube e não sabia se conseguiria voltar. Treinei muito, por mim e por Tóquio. Para mostrar para mim mesmo que sou forte, que tenho condição, que sou um dos melhores do mundo. E mostrei isso hoje. Passei por todo esse processo e mostrei que sou capaz de passar por grandes perdas e grandes vitórias. Eu sou um jogador forte.”

O jogo contra Tsuneyama começou ponto a ponto, sendo que o japonês número 13 do ranking mundial só conseguiu abrir uma vantagem no 13 a 10. Ygor Coelho, 49º do mundo, reagiu e buscou a aproximação no 13 a 12. A seguir, porém, o atleta da casa pontuou duas vezes seguidas e voltou a colocar três de frente. Tsuneyama cresceu e elevou a distância para 18 a 13 e fechou a primeira parcial em 21 a 14. Na seguinte, Tsuneyama abriu distância logo no início, segurou a reação do brasileiro e fechou em 21 a 8.

‘Preciso de mais experiência’

Sobre o desempenho nos Jogos Olímpicos, avaliou que fez um bom primeiro jogo. “No segundo eu sabia que ia ser difícil, consegui segurar até o 14 a 14 mas ele começou a ler meu jogo e no segundo set tinha uma diferença de vento na quadra. Ele sabia disso e conseguiu me controlar na partida. Foi muito inteligente, foi mérito dele. Fiz tudo o que eu podia, mas ele me mostrou que eu tenho muito a trabalhar”, disse.

“Eu preciso de mais experiência. Eu tenho que estar em contato com esses jogadores. É muito caro jogar todos os circuitos mundiais, eu tenho que escolher em qual jogar. Então, nesse próximo ciclo olímpico, quero ganhar mais experiência e jogar mais circuitos mundiais.” Antes, porém, certamente terá uma bela recepção ao chegar em casa, para os braços da esposa, Karine Sousa, com quem casou em julho do ano passado. “Minha esposa está mais feliz do que eu. Tenho certeza que vou ganhar um arroz e feijão caprichado!”

Ygor Coelho jogos olímpicos tóquio 2020 badminton
(Júlio César Guimarães/COB)

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Antes de confirmar a primeira vitória do Brasil no badminton em Jogos Olímpicos, Ygor Coelho já havia feito história na Rio-2016, ao ser o primeiro atleta brasileiro a representar o país na modalidade. Em 2019, o carioca de 24 anos conquistou o primeiro ouro para o Brasil em Jogos Pan-Americanos, vencedo a edição de Lima, no Peru. “Na Rio 2016 eu senti muita adrenalina, a torcida me ajudou, mas também atrapalhou, me colocou mais pressão. Acho que o fato de não ter torcida ajudou meu adversário, não criou aquela pressão para ele. O que os Jogos de 2016 me deram de experiência foi o espirito olímpico. A Vila, o desfile, o contado com os outros atletas. Eu aprendi a lidar melhor com os Jogos, que traz uma grande responsabilidade. Em Tóquio eu cheguei mais focado.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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