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Tóquio 2020

Silvana Lima diz que Olimpíada marca vitória do surfe contra o preconceito

Silvana Lima chora ao dizer que irmãos sofreram preconceito por praticar modalidade vista como “de vagabundo, drogado”

Silvana Lima Jogos Olímpicos surfe
Silvana fechou em quinto os Jogos (Miriam Jeske/COB)

Tóquio – Silvana Lima talvez tenha sido a brasileira menos badalada dos quatro que vieram para os Jogos Olímpicos de Tóquio no surfe. Fez uma boa apresentação, chegou entre as oito melhores, à frente da compatriota Tatiana Weston-Webb, que chegou como maior aposta do feminino, e só parou na quase maior do mundo Carissa Moore. Emocionada após deixar o mar na bateria em que se despediu dos Jogos, comemorou a vitória da modalidade sobre o preconceito e também destacou a importância da namorada naquela que considera “a melhor fase da carreira”.

“É o melhor evento de todo o mundo, todo mundo está vendo, acompanhando, vai te conhecer, ver de perto. Vai conhecer a modalidade do surfe. É um sentimento maravilhoso para a gente que é surfista. Eu não passei, mas meus irmãos passaram por preconceito, de achar que surfista era vagabundo, que usa droga e hoje (o surfe) está aqui na Olimpíada. É um orgulho muito grande de ser surfista, não só profissional, tem o free surf também. O surfe agora é um esporte olímpico e vai mudar a cabeça de muita gente”, falou Silvana Lima.

A brasileira, quinta colocada no primeiro campeonato feminino de surfe dos Jogos Olímpicos, disse estar feliz consigo mesma, orgulhosa de ter chegado na Olimpíada. O pensamento agora é continuar treinando. “Estou na minha melhor fase, mesmo com 36 anos. Estou me sentido bem, confiante com todo o suporte que eu estou tendo de patrocínio, da minha família, da minha namorada. To feliz. Agradeço a Deus, ao Universo de ter chegado até aqui, disse, com a voz embargada. Segundos depois, não conseguiu segurar as lágrimas pela emoção de “pensar em todas as pessoas que passaram energia positiva. Eu sinto. É um orgulho representar bem o surfe brasileiro, o surfe feminino, que merece apoio de muita gente. A Silvana não parou, está na melhor fase”.

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Amor à primeira vista

Ela não explicitou exatamente que essa “melhor fase” é profissional. E não é mesmo, está intimamente ligada à vida pessoal. Mais especificamente à Juliana Souza, namorada que conheceu na virada de ano de 2018 para 2019, “Quando virou o ano, deu meia noite, eu conheci ela. Foi amor à primeira vista. Ela foi em casa nessa noite, viu foto minha por toda o lado, meu nome na porta. Aí ela falou assim: ‘essa mulher se ama tanto, tem foto dela por tudo o que é lado. Ela não me conhecia, não entendia do surfe, não acompanhava e foi aí que realmente ela me conquistou, porque não foi por interesse”.

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O casal tem planos de casar ainda neste ano. “Quando a gente está feliz de ter uma pessoa maravilhosa do seu lado, que te faz feliz, ficar bem. Isso muda, te deixa livre pra vencer. Minha namorada está me ajudando muito, a gente está muito feliz junto e eu agradeço a Deus de ter colocado uma pessoa tão maravilhosa na minha frente”, conta, agora com um sorriso no rosto e um brilho no olhar. Ela ainda teve tempo para mandar um recado para os homossexuais que ainda têm receio de se abrir para o mundo. “Com certeza a pessoa tem de se conhecer mais. Se a felicidade for sair do armário, sai do armário, porque você vai ser a pessoa mais feliz do mundo, passa a barreira. Eu se que as vezes são os pais, tem medo que eles não quererem aceitar, mas o mais importante é sua felicidade, depois o próximo”, finalizou Silvana Lima.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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