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Tóquio 2020

‘Não adianta deixar se derrotar pela derrota’, diz Mollhausen após queda

Brasileira perdeu no golden score para a italiana Rossella Fiamingo, medalhista de prata na Rio-2016 e rival já conhecida. Ela lamentou a derrota ainda no primeiro jogo e diz que pensa em voltar daqui a três anos em Paris

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Nathalie disse que vai descansar, mas adianta que pensa em Paris (Miriam Jeske/ COB)

Tóquio – A brasileira Nathalie Moellhausen perdeu para a italiana Rossella Fiamingo logo na estreia do torneio de espada da esgrima dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na noite desta sexta (23) no Brasil, manhã de sábado (24) no Japão. Com isso, está eliminada da competição. Ainda com o gosto amargo na boca, lamentou o toque derradeiro que a tirou da competição a segundos do final, apontou que o início não programado do duelo foi decisivo, mas mostrou resiliência em dar a volta por cima para enfrentar mais um ciclo olímpico e competir em Paris daqui a três anos. “Não adianta deixar se derrotar pela derrota.”

Rossella Fiamingo, atual vice campeã olímpica, é velha conhecida de Moellhausen desde o tempo em que a brasileira competia pela Itália. Ela entrou na pista com quatro vitórias em cinco jogos disputados contra a brasileira, sendo a única derrota no primeiro encontro, há cerca de dez anos. Neste sexto confronto, a vitória foi por 10 a 9, no golden score, com a brasileira com a prioridade. Ou seja, se o placar permanecesse empatado em 9 a 9 após um minuto do período de desempate, Nathalie ficaria com a vitória.

Nathalie Mollhausen esgrima Jogos Olímpicos de Tóquio Olimpíada
(Miriam Jeske/ COB)

Começou não programado

O começo do confronto, porém, pesou bastante, pois Fiamingo abriu 3 a 0. Nathalie Moellhausen contou que, naquele momento, estava com dificuldades em colocar em prática o que havia preparado para a Olimpíada. “Os primeiros toques foram como ela colocava para mim normalmente. Quando eu mudei, ela começou a perder o controle do match. Eu senti isso. Nos primeiros dois toques, não consegui, comecei jogando como jogava com ela antes. Isso pode acontecer, primeiro porque a gente não teve muita oportunidade de jogar durante esse tempo e eu não tive a oportunidade de testar. Depois ativei as novas estratégias e funcionaram. E eu acreditei realmente até o último toque”, disse. “Eu consegui fazer um jogo com ela que eu nunca fiz, e se eu tenho que encontrar um conforto, é isso”

Além de medalhista na Rio-2016, Fiamingo foi bicampeã mundial de esgrima em 2014 e 2015 e chegou em Tóquio como a 63ª do ranking. A brasileira é atual campeã mundial, em 2019, entrou como a quarta do mundo. O que as colocou frente a frente logo na rodada dos 32 foi um sorteio. “Tem coisas na vida que a gente não controla e essa era uma delas. Eu era número quatro, o trabalho já tava feito faz tempo para chegar nessa Olimpíada no lugar certo. Eu perdi de um toque em Kazan para entrar nos oito e poderia ter mantido aquela posição entre as duas primeiras e talvez não cruzar ela agora, mas não posso pensar dessa forma.”

Respirar e pensar em Paris

Nathalie Moellhausen chegou os Jogos de Tóquio com 35 anos. Nove anos antes, disputou a primeira Olimpíada, o torneio por equipes de Londres-2012 defendendo a esgrima da Itália. Quatro anos mais tarde, já pelo Brasil, ficou em sétimo na Rio-2016. O ciclo para Paris-2024 é mais curto, terá apenas três anos, e ela já vislumbra mais uma participação. “Sim, penso em Paris. Com certeza não gostei dessa derrota. Com certeza tenho muita vontade de expressar todo o trabalho gigante que eu fiz durante esse ano. Estava me sentido super bem e cortar agora é uma pena”, disse. “Com certeza gostaria de trazer uma medalha para o Brasil.”

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Os próximos Jogos Olímpicos, porém, ainda são algo somente no horizonte. “A gente passa por situações na vida que chegam por uma razão muito específica, de evoluir. Então, apesar de eu estar muito triste, o tempo seguramente vai me dar uma explicação de tudo isso. A vida continua. Vou precisar de um tempo de descanso de tudo isso e depois veremos”, encerrou.

Masculino

O Brasil ainda tem Guilherme Toldo como representante em Tóquio na esgrima, no florete masculino. O atleta chega credenciado como o 13º do ranking mundial. “As expectativas são as melhores possíveis. Venho de um bom resultado no Grand Prix de Doha (Toldo chegou entre os 8 melhores do mundo) e estou bem motivado, confiante. Mas é aquilo, Jogos Olímpicos são uma competição muito difícil, rápida, com 34 atletas de alto nível”. Com a data de estreia marcada sábado (25) pelo horário de Brasília, Guilherme diz não pensar na competição como um todo. “Não adianta. Meu foco é no primeiro combate. O maior desafio é sempre o próximo”, finalizou.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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