Talento, Rebeca Andrade sempre teve. Uma das mais promissoras ginastas da atual geração do Brasil, no entanto, ela teve atrapalhada sua trajetória por uma sequência de graves lesões. Por conta delas, perdeu a Olimpíada da Juventude de 2014 e os Mundiais de 2017 e 2019. A última contusão a levou para a mesa de cirurgia para a reconstrução do ligamento do joelho e tornou a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio um desafio ainda maior. Ela só tinha uma chance e não desperdiçou a oportunidade durante o Campeonato Pan-Americano, disputado mês passado no Rio de Janeiro. Com a vaga conquistada, ela se junta em Tóquio à amiga Flávia Saraiva, que já estava classificada desde 2019, e para quem se tornou uma inspiração.
“Foi muito incrível e emocionante! Eu fico até arrepiada porque a gente é uma família. Eu vi o quanto ela treinou, o quanto ela batalhou, o quanto ela lutou para voltar da cirurgia. Ela é a minha inspiração dentro do ginásio. Ela tem força, ela tem luz, ela tem garra… A gente trabalha muito, treina muito duro porque a gente quer mostrar que a gente é capaz. E ela mostrou muito isso. Ela tinha uma chance e aproveitou a única chance que ela tinha”, elogia Flávia Saraiva, que conseguiu a classificação com o resultado que obteve no Mundial de 2019, pouco depois de ver a amiga se machucar e ser cortada da delegação.
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A animação de Flávia Saraiva se reflete na gratidão sentida por Rebeca Andrade por ter alcançado o objetivo que tanto desejou. “Essa Olimpíada, para mim, não está sendo um sonho, está sendo um objetivo. Eu decidi que eu queria estar aqui. Então, eu dei 120% de mim para estar aqui. Não me arrependo de nada. Se eu tivesse que passar tudo de novo, eu passaria porque isso me transformou na pessoa e na atleta que eu sou hoje. Estou grata de estar aqui porque não foi fácil”, afirma Rebeca.
As duas únicas representantes da ginástica feminina do Brasil nos Jogos Olímpicos vão estrear no dia 25 de julho, domingo pela manhã no horário de Brasília. Tanto Flávia Saraiva como Rebeca Andrade vão participar do solo, da trave, salto e barras assimétricas para tentar alcançar a classificação para a final do individual geral além da briga por medalhas por aparelho.
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Cotadas para brigar pelo pódio, as duas estão, especialmente se chegarem à competição em forma. Flávia Saraiva se recuperou recentemente de uma lesão no tornozelo graças ao período de três semanas que a seleção brasileira ficou concentrada em Doha antes de viajar para o Japão e após a disputa da Copa do Mundo na capital do Catar.
“Eu fiquei uns dois meses sem treinar. Essas últimas três semanas depois da competição, quando eu ainda não estava 100%, foram importantes e desafiadoras. Mas eu estava com as meninas e elas estavam me dando muito apoio e eu consegui melhorar muito. Foi uma experiência incrível. Jogos totalmente diferentes. A gente está muito animada e vamos dar mais do que 100% porque a gente treinou muito”, afirma Flavinha.
“Graças a Deus esse tempo que a gente passou em Doha foi muito bom para gente. Acho que foi essencial para o nosso progresso de dor e de qualquer sintoma, de problemas externos e tudo mais. Hoje eu posso dizer que estou bem. O atleta nunca está 100, 100%, mas a gente está bem, conhecendo nosso corpo, respeitando nosso processo, então, vai dar tudo certo”, completou Rebeca Andrade, que espera, finalmente, poder competir livre de qualquer tipo de lesão nos Jogos Olímpicos de Tóquio.