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Tóquio 2020

Igualdade de gênero avança nos Jogos e chega ao juramento olímpico

COI inclui mulheres e adapta conteúdo em um dos momentos mais simbólicos do movimento olímpico e ponto alto da Cerimônia de Abertura

Igualdade de gênero juramento olímpico Robert Scheidt
Em 2016, somente Robert Scheidt foi o responsável pelo juramento (Reprodução de TV)

Tóquio – As mulheres conseguiram colocar mais um tijolo na árdua construção da igualdade de gênero dentro do esporte. O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quarta-feira (14) alterações no juramento olímpico, um momentos mais emblemáticos da Cerimônia de Abertura. Neste ano, em Tóquio, ele será entoado por seis participantes, dois atletas, dois técnicos e dois juízes, um de cada gênero, diferentemente das edições anteriores, quando apenas homens participavam. Além disso, o conteúdo foi alterado.

Desta forma, a redação do juramento olímpico, a ser lido na noite de 23 de julho, terá acrescida a palavra “igualdade”. Em tradução livre fica assim: “Prometemos participar desses Jogos Olímpicos, respeitando e acatando as regras e dentro do espírito de fair play, inclusão e igualdade. Juntos, somos solidários e nos comprometemos com o esporte sem doping, sem trapaça, sem qualquer forma de discriminação. Fazemos isso para a honra de nossas equipes, em respeito aos Princípios Fundamentais do Olimpismo e para tornar o mundo um lugar melhor por meio do esporte”. Vale dizer que, também a partir de Tóquio-2020, passam a ser permitidos um porta-bandeira feminino e outro masculino na mesma Cerimônia de Abertura.

Avanço por meio dos atletas

A conquista do novo juramento olímpico é resultado de recomendações elaboradas pela Comissão de Atletas e aprovadas pelo Conselho Executivo do COI em abril de 2021. “Estamos juntos para enviar ao mundo uma mensagem poderosa de igualdade, inclusão, solidariedade, paz e respeito. Os jurados olímpicos selecionados para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 serão totalmente iguais em termos de gênero”, disse Kirsty Coventry, presidente da Comissão de Atletas.

Neste ano, nos Jogos de Tóquio-2020, as mulheres representaram 49% dos atletas. Na seleção brasileira, o índice é de 46%. Em entrevista coletiva realizada nesta quarta, as campeãs olímpicas da vela na classe 49er FX Martine Grael e Kahena Kunze comentaram sobre a busca pela igualdade de gênero. “A gente tava conversando hoje que (o Brasil) está atingindo (a porcentagem) de 46% de mulheres, e em 1964, quando foram os Jogos aqui, tinha só uma mulher brasileira. Isso quer dizer muita coisa. Dá para ver a luta diária para chegar onde elas estão”, disse Martine. “Claramente na vela também a igualdade está cada vez maior e a gente está muito feliz com isso e espero que na próxima a gente supere os homens”, completou. Kahena acrescentou que “fica bem contente de ver o alto nível das mulheres e isso me faz orgulhosa”.

Torcida e raia

Além da Igualdade de gênero, as brasileiras comentaram sobre a competição em si, sobre a busca pelo bicampeonato. Uma das questões levantadas é a raia, localizada na ilha de Enoshima e marcada pela imprevisibilidade das condições de competição. Martine entende que essa característica pode ser um ponto favorável, pois vê o brasileiro como “bem adaptável”. Ela acrescentou achar muito difícil haver uma única condição durante todo o torneio. “A gente aqui tá aberto a qualquer situação de vento, vento fraco, chuva”. Kahena acrescentou que o local tem correntes marítimas bem fortes, “mas que não devem ser um fator tão importante quanto foi no Rio de Janeiro, por ser mais fácil de modelar do que a Baía da Guanabara”.

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A dupla também comentou sobre a ausência de público nas arenas, fator imposto por medidas restritivas impostas pelo governo japonês diante da pandemia da covid-19. Contexto bem diferente do que encontraram no Rio, especialmente no dia em que conquistaram a medalha de ouro. Sorridente, Kahena brincou dizendo que “agora o time da praia tá reduzido à equipe brasileira, que vai representar eles. Espero!”. Kahena acrescentou: “sem dúvida, o que a gente viveu no Rio vai ficar na memória, eternizado, porque vai ser difícil a gente vivenciar (novamente) um momento tão gratificante e caloroso como aquele. Eu to feliz que eu vivi aquilo. Aqui vai ser totalmente diferente. De repente, um voluntário ou outro que tem a gente como fã e o pessoal daqui”, brincou, também com um belo sorriso no rosto.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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