A pandemia do coronavírus impôs restrições e protocolos rígidos para a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Por isso, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou uma comissão médica, com a participação inédita de duas infectologistas, para acompanhar a delegação brasileira no Japão. A comissão conduzirá, em conjunto com a Chefia da Missão, as principais decisões do planejamento da operação mais complexa da história olímpica brasileira.
“Estes Jogos serão diferentes e especiais por causa da pandemia. E a nossa prioridade continua sendo a integridade física de todos. Para que nossos atletas tenham uma boa performance, eles devem estar protegidos de qualquer risco”, afirmou Marco La Porta, chefe da Missão brasileira em Tóquio. “Por isso a comissão médica será fundamental para a tomada de muitas decisões, tendo em vista também os protocolos exigidos pelo Comitê Organizador”.
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Formado pelos especialistas em medicina esportiva, Ana Carolina Côrte e Felipe Hardt, e as infectologistas Beatriz Perondi e Ho Ye Lin, o grupo se reúne semanalmente para discutir diversos assuntos, que vão desde a testagem da delegação até a divisão de quartos dos atletas na Vila Olímpica. Além disso, são organizados regularmente encontros virtuais com as áreas médicas das confederações.
“Desde que começamos a planejar nossa atuação nos Jogos Olímpicos, tivemos a ideia de criar uma pequena comissão para resolver os assuntos relacionado à Covid. Hoje, todas as decisões são embasadas pela opinião médica. Serão Jogos desafiadores, e cabe a nós planejar os detalhes de segurança para que a delegação se mantenha saudável”, disse Ana Côrte, coordenadora médica do COB.
Infectologistas
Referências na área, as infectologistas Beatriz Perondi e Ho Yeh Lin integram a Missão pela primeira vez. Perondi é especialista em Medicina do Exercício e do Esporte e atualmente coordena a área de situações extremas do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ho, por sua vez, nascida em Taiwan, coordena a UTI de moléstias infecciosas no Hospital das Clínicas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, Ho foi uma das profissionais responsáveis pelo resgate dos brasileiros em Wuhan (China), epicentro da pandemia. Ela admite que nunca imaginou fazer parte de uma delegação olímpica.
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“Quem diria que uma infectologista integraria uma missão olímpica do COB? Está sendo um desafio muito grande trabalhar com esporte. Não trabalho com atletas no dia a dia, mas com pessoas imunodeprimidas. Então, estou aprendendo bastante sobre as características das pessoas que praticam atividade física profissionalmente. Estar em Tóquio com a delegação brasileira será uma experiência inesquecível”, afirmou a doutora.
Protocolos
Sem a pandemia, a área médica do COB teria oito integrantes em Tóquio. Agora, a previsão é que 16 profissionais embarquem para o Japão. “Procuramos designar médicos do esporte com formação clínica, que também saibam sobre a Covid, e não apenas sobre lesões. Teremos médicos em todas as bases”, explica a coordenadora médica do COB.
Além disso, serão enviados de 14 mil testes de antígeno às bases do Time Brasil no Japão, graças à parceria com a Fiocruz, para testagem rápida da delegação. Diversos itens de prevenção também forma incluídos no material enviado: 85 mil máscaras descartáveis, 12.500 sapatilhas TNT, 400 borrifadores de álcool e 250 aventais, entre outros produtos.
A comissão médica do COB estabeleceu assim, um rígido protocolo específico para todos os integrantes da delegação brasileira, com apresentação de teste sorológico, entrega de exames completos e testagem RT-PCR. Haverá testagem na chegada ao Japão e 72hs antes da entrada na Vila Olímpica, que complementarão os protocolos exigidos pela organização do evento.
“Esses Jogos Olímpicos têm um ingrediente a mais, que é como cada equipe vai se cuidar para reduzir ao máximo o risco de infecção. É um fator a mais que vai determinar quem será campeão. Por isso, é preciso a maior adesão possível às medidas de prevenção estabelecidas pela comissão médica do COB”, disse Perondi.
O discurso é reforçado pela líder da área médica do COB. “Os atletas têm que ter consciência que podem perder tudo o que construíram em cinco anos de preparação. Tem que haver uma responsabilidade coletiva, pois se um colega de quarto se contamina, por exemplo, o atleta pode até ficar fora dos Jogos. Não há outra saída: é conscientização, educação e informação”, concluiu Ana Côrte.