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Tóquio 2020

Fim de seletiva e começo do sonho olímpico da natação brasileira

Felipe Domingues, head coach da Oxygen, analisa, a convite do OTD, a Seletiva Olímpica Brasileira de natação e cita os destaques da competição

Guilherme Costa lista dos brasileiros classificados para os jogos olímpicos de tóquio
Guilherme Costa conquistou índice em três provas individuais para os Jogos Olímpicos de Tóquio (Sátiro Sodré)

Por Felipe Domingues, que analisa a convite do OTD a Seletiva Olímpica Brasileira de natação*

Chegou ao fim a seletiva da natação brasileira para as Olímpiadas de Tóquio. Em dias difíceis para todos aqueles que caíram na piscina. Vimos nestes últimos dias no Rio de Janeiro atletas superando os limites impostos por um ano de treinamento na pandemia para buscarem as vagas olímpicas em disputa. Muitas marcas pessoais foram quebradas no Maria Lenk, o que mostra que nossos atletas estão evoluindo. Porém vou citar aqui meus destaques tanto do masculino quanto do feminino depois de encerradas as atividades.

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Entre os homens, Guilherme Costa foi o grande destaque. Ele conseguiu nadar abaixo do indicie olímpico em três oportunidades, credenciando o mesmo para essas três provas nos Jogos. Destaque para o resultado obtido nos 400m. O resultado foi muito positivo nessa prova, colocando sua marca como 12º melhor tempo no ranking de 2019-2021. O que praticamente garantiu o treinador dele nos Jogos Olímpicos.

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Já entre as mulheres, não consigo destacar uma só. Os resultados apresentados no Maria Lenk foram muito aquém do que esperávamos para nossas meninas. Porém vou citar algumas aqui que nadaram próximo da marca. Larissa Oliveira não se classificou aos jogos por um centésimo nos 100m livre. Foi uma prova muito boa dela e um mínimo detalhe não garantiu a atleta nos jogos. Lorrane Cristina, atleta do Pinheiros, foi outra atleta que chegou muito perto da marca olímpica. Sete centésimos a separaram de Tóquio. Porém, o grande destaque entre as mulheres foi StePhanie Balduccini. Ela fez a competição da sua vida aqui na seletiva e vai nadar o revezamento na tentativa de classificar o Brasil pela repescagem aos jogos. Ela é uma atleta de apenas 16 anos, mostrando que a nova geração está vindo forte.

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Nathalia Almeida foi outro bom destaque, nadando próximo do índice nos 200m medley e logo em sequência caiu novamente na piscina para os 200m livre para 01:59. Foi um excelente resultado.

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A principal prova do feminino nessa seletiva foi o 1500m livre onde três atletas conseguiram nadar abaixo do índice olímpico. Entre as classificadas, Ana Marcela Cunha, talvez a principal atleta da natação feminina, já disse que não vai competir a prova nos jogos para poder se dedicar aos 10k da maratona aquática, deixando a vaga para a Betina Lorscheitter. Porém essa prova ainda não está definida. A Viviane Jungblut, antiga detentora do recorde dessa prova ainda cai na água pois ela teve covid e não nadou a seletiva. O regulamento previa essa nova tentativa no dia 12 de junho. A única atleta garantida nessa prova é Beatriz Dizotti.

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No domingo todos os atletas ainda voltam ao centro de treinamento para iniciar a preparação aos jogos de Tóquio. Agora vamos falar um pouco das atividades do sábado no centro de treinamento. Começamos com as duas provas mais rápidas da natação mundial com os 50m livre masculino e feminino.

Entre as meninas, Etiene Medeiros, finalista dos últimos Jogos Olímpicos era a favorita para vencer a prova e alcançar o índice. Ela e Lorrane Cristina eram as cotadas para nadar abaixo dos 25 segundos. Larissa Oliveira, campeã dos 100m livre estava na raia três.

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Etiene e Larissa tiveram boa saída do bloco nessa prova e fizeram um ótimo submerso, melhor do que o de Lorrane. Porém a atleta do Pinheiros está com um nado mais eficiente que as duas e conseguiu virar a prova nas braçadas. Lorrane nadou muito próximo do índice, mas não conseguiu nos detalhes. Etiene terminou a prova em segundo lugar. Sthephanie Balduccini bateu o recorde júnior para a prova e promete muito para as olimpíadas de 2024.

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Na mesma prova, porém no masculino, Bruno Fratus fez sua classificação no GP nos Estados Unidos e nadou abaixo do recorde, porém se dois atletas nadassem abaixo da marca aqui no Rio, ele ficaria de fora dos jogos. Nenhum nadador obteve o índice e apenas Fratus nadará a prova em Tóquio. Pedro Spajari foi o vencedor. Victor Alcará nadou para os melhores tempos da vida e promete muito no futuro da natação. O terceiro lugar dessa prova é o oposto de Victor. Nicholas Santos já nos 40 anos de idade fez uma prova forte. Melhor saída do bloco e liderou os 25 primeiros metros, faltou aguentar os metros finais para carimbar mais uma vez o passaporte para os Jogos  Olímpicos. O índice dos 50m livre foi de 00:22.01.

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200m costas feminino teve apenas quatro atletas na água. Precisamos evoluir essa prova, apenas as quatro tinham o índice da FINA para poder tentar a vaga. 02:10.39 era a marca a ser batida. Fernanda Goeij, a recordista sulamericana da prova confirmou seu favoritismo, mas nadou para 02:13. Com um ótimo submerso e a metade final muito forte garantiram a vitória para ela. Na primeira metade da prova ela e Nataila de Luccas nadaram cabeça a cabeça. Goeij garantiu a vitória na metade final. Não conseguimos índices nessa prova e o Brasil tem uma defasagem grande em relação ao restante do mundo, precisamos evoluir nessa prova.

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100m borboleta foi a grande surpresa do dia. Com índice de 00:51.96. Pedro Vieira, que já havia sido medalhista no mundial júnior em Dubai, passou com tudo para 00:23.7 na primeira metade da prova e mostrando que tentaria o índice. Ele não conseguiu manter o ritmo na segunda metade e terminou ainda fora do pódio. Matheus Gonche venceu e surpreendeu a todos que apostavam em Vinicius Lanza, o favorito antes de cair na água. Ele não nadou tão bem e ficou em terceiro, empatado com Victor Baganha. Kayky Mota, outro da nova geração foi segundo. Ele é nadador do Corinthians, mas treina nos EUA. Foi outra grande surpresa e seu estilo encaixou muito com o do treinador americano.

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Fechando a competição, caiu na água os 800m livre feminino. Começamos destacando mais uma vez uma das principais maratonistas aquáticas do mundo: Ana Marcela Cunha. Ela terminou na segunda posição, mas sempre é valido exaltar essa atleta impressionante. Beatriz Dizoti nadou nas mesmas parciais dos 1500m. Mostra que ela estava mais preparada para a prova longa. Gabrielle Roncatto começou forte, virou a primeira metade com 04:16 nos primeiros 400m. Se ela dobrasse a prova, conseguiria a vaga. É comum de acontecer isso nas provas longas, mas infelizmente ela cansou no final e caiu o volume de pernas. As viradas ficaram menos eficientes também. Com isso ela não conseguiu a marca. Porém ela estará no revezamento 4×200 caso o Brasil se classifique nas repescagens.

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Foi uma competição dura para os atletas. Muita pressão envolvida nos atletas que não competiam há muito tempo. Na piscina longa, alguns atletas competiram na liga profissional, mas não foram todos que caíram na piscina de 50m até as seletivas. Fizeram algumas tomadas de tempo, mas de resto só na piscina curta. Faz muita diferença para eles cair na água já raspados e polidos na piscina longa para se acostumar com a piscina. Isso foi um fator que influenciou nos resultados abaixo do esperado nesse evento. Que por sinal estava tudo muito bem organizado. Parabéns ao COB e a CBDA que fizeram um ótimo trabalho. Deixo meus parabéns também para o pessoal da TVN Esportes que fez uma cobertura exemplar da competição.

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*Felipe Domingues é o head coach da Oxygen, plataforma de treinamento individualizado e especializado em nadadores de alto rendimento. Em décadas dedicadas à preparação de atletas de primeira linha, participou da conquista de mais de uma dezena de medalhas Paralímpicas, Pan-Americanas e Mundiais

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