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Tóquio 2020

‘Tóquio sem público é a opção mais inteligente’, diz Fratus

O principal nadador brasileiro da atualidade citou como exemplos a NBA e o UFC para apoiar um formato para a televisão

Bruno Fratus é um dos nadadores brasileiros com mais destaque na atualidade. Aos 31 anos, o atleta está em Portugal, usufruindo do programa Missão Europa, do COB (Comitê Olímpico do Brasil), e em processo de retomada dos treinos de alto rendimento, já que ficou um período sem esse tipo de atividade em função da pandemia do coronavírus. Seu principal foco é os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.

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Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Bruno Fratus apresentou sua visão com relação ao melhor formato para a disputa dos Jogos de Tóquio. Durante a conversa, o atleta foi questionado se, nesta retomada, competir sem público tem alguma interferência para ele. Outros esportes voltaram com os eventos em seus calendários e, na grande maioria, com a ausência de torcida ou presença reduzida nas arquibancadas.  

“Para mim, não. Inclusive, acho que até mesmo os Jogos Olímpicos sem público seria a opção mais inteligente agora, infelizmente. Você consegue fazer o evento esportivo mesmo sem o público e os modelos da NBA e do UFC estão aí provando isso. É possível adotar um formato para a televisão e ainda assim continuar inspirando e entretendo” afirmou.

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“Gosto dessa parte do esporte que inspira as pessoas a serem melhores e a superarem adversidades. Acho que dá para fazer e, com tudo o que está acontecendo, acredito que é o que tem que ser feito”, complementou Bruno Fratus, que está treinando em Portugal há duas semanas e está sendo acompanhado pelo técnico Arilson Silva e pelo fisiologista Helvio Affonso.

Sem projetar

Bruno Fratus Tóquio
Bruno Fratus está em Portugal há duas semanas (Instagram/brunofratus)

Além de expor sua visão sobre o melhor modelo para a realização dos Jogos de Tóquio, Bruno Fratus foi indagado a respeito do cenário atual dos 50 metros livres, como projeta a disputa e se tem alguma marca como meta. Ele já conseguiu nadar a prova abaixo dos 22 segundos por 42 vezes, marca que o coloca como o velocista que mais vezes realizou o feito na história.

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No Campeonato Mundial de 2019, em Gwangju, na Coreia do Sul, Caeleb Dressel foi o campeão com 21s04, com o brasileiro em segundo (21s45). Na edição de 2017, em Budapeste, o americano ganhou com 21s15 e Fratus fez 21s27, sua melhor marca até hoje. As marcas vinham caindo, porém, a pausa por conta da pandemia pode apresentar um outro contexto.

“Eu não perco tempo pensamento nesse tipo de coisa. Ficar fazendo esse tipo de projeção, com tempos, nomes, como será e como não será, é trabalho dos jornalistas. No meu ponto de vista, a gente ganhou um ano para poder evoluir, treinar e se preparar ainda melhor”, destacou Bruno Fratus, que não quis revelar a marca que tem como meta.

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“Eu tenho e não tenho (marca como objetivo). Eu tenho uma marca que acho que seria legal nadar, mas não coloco isso como objetivo e prioridade, como aquela coisa que você fica ali olhando todo dia e mirando naquilo. Lógico que tem um tempo que gostaria de alcançar, mas não é uma prioridade focar no tempo em si”, declarou o nadador.

Principais adversários em Tóquio

Bruno Fratus Tóquio
O nadador brasileiro voltou aos treinos de alto rendimento (Reprodução/OTD)

Dressel não será o único rival de Bruno Fratus nos 50 m livres em Tóquio, mas é o atleta com os melhores resultados. Nos dois Mundiais deste ciclo, o americano conquistou 15 medalhas, sendo 13 de ouro e duas de prata. Duas das douradas foram na prova mais rápida da natação, ganhando com tranquilidade em 2019 e se aproximando do recorde mundial de 20s91, que pertence ao brasileiro Cesar Cielo.

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De 2016 para cá, Dressel tem quatro das dez melhores marcas, incluindo a primeira (21s04), a segunda (21s15) e a quinta (21s18). A luta pelas posições no pódio ainda deve ter também o britânico Benjamin Proud, dono da segunda melhor marca do ciclo (21s11), o russo Vladmir Morozov, quarto nos dois mundiais e dono da sexta melhor no período com 21s27.

Estão na disputa também o grego Kristian Gkolomeev, bronze em 2019, o polonês Pawel Juraszek, finalista nos dois mundiais, e o francês Florent Manadou, campeão olímpico em 2012 e vice em 2016. Fratus foi perguntado sobre seus principais rivais em Tóquio e o tempo que considera necessário para chegar à final e ganhar a prova, mas novamente optou por não projetar.

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“Você está tentando projetar algo que acontecerá daqui a um ano. Não sei quem fará o índice e nem quem fará à semifinal. Não estou no mundo da projeção. Estou no mundo de fazer resultado. Fica difícil dizer com qual tempo algum atleta entrará na final ou ganhará ou não. Qualquer resposta que te desse seria especulativa ou imaginária. Do jeito que minha cabeça funciona, eu não consigo te responder”, declarou o nadador.

Apenas uma chance

Bruno Fratus
Bruno Fratus é favorável de existir só uma seletiva para se classificar para Tóquio (COB/Divulgação)

Bruno Fratus e outros atletas da natação só terão uma chance para conquistar o índice para Tóquio. Essa será a primeira vez que a CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos) realiza uma única seletiva. Na Rio-2016, os nadadores tiveram duas chances e, para Londres-2012, foram sete caídas na água. O Brasil adotou formato igual à de potências como Estados Unidos, Austrália, França, Rússia, entre outras.

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“Toda vez que caio na água eu tento fazer uma boa prova. Gosto muito dessa abordagem da CBDA de colocar esse critério. Acho que em Jogos Olímpicos tem que ir quem resolve, quem consegue nadar bem na hora certa. Até cheguei a defender em uma época a colocação de índices mais fortes do que os índices olímpicos, algo que acontece, por exemplo, na Itália e Alemanha”, apontou.

“Sou favorável a colocar um tempo de Top 5, Top 8 ou um tempo de final. Uma marca que fosse até mais forte que os índices olímpicos, pois é uma competição diferente e que exige um pouco mais do atleta tanto fisicamente quanto mentalmente. Portanto, acredito que isso força o atleta a estar pronto na seletiva, naquele momento específico. Ele tem que resolver a prova dele ali naquele ponto. Acho uma boa”, completou Bruno Fratus.

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Se os Jogos de Tóquio não fossem adiados, a seletiva teria sido realizada entre 20 e 25 do último mês de abril, no Parque Aquático Maria Lenk (RJ). A CBDA ainda não informou a nova data para o evento. Nos 50 m livres, o índice para Bruno Fratus e outros brasileiros é 22s01.

Experiências olímpicas

Bruno Fratus
O atleta da natação competiu em Londres-2012 e na Rio-2016 (COB/Divulgação)

Bruno Fratus estreou pela seleção brasileira no Campeonato Pan-Pacífico de 2010. Na ocasião, terminou na quarta posição na prova mais rápida da natação. Com 22 anos, participou de sua primeira Olimpíada, terminando os 50 m livres dos Jogos de Londres-2012 em quarto lugar, com 21s61, apenas dois centésimos de segundo atrás de César Cielo, bronze, com 21s59.

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O francês Manadou ficou com o ouro (21s34) e o americano Cullen Jones com a prata (21s54). Em 2016, no Rio de Janeiro, Bruno Fratus terminou na sexta posição, com 21s79. No ano da Olimpíada, o velocista sentiu uma lesão na região lombar que prejudicou seu desempenho. O americano Anthony Ervin foi o campeão olímpico (21s40), seguido por Manadou (21s41) e o estadunidense Nathan Adrian (21s49).  

“No Brasil, a gente costuma dizer que o atleta, na primeira Olimpíada, precisa ganhar experiência ou foi para ganhar experiência. Gosto quando o Pussieldi (coach Alex Pussieldi, comentarista) diz que experiência se ganha no treino. Que Jogos Olímpicos você vai para competir. E a Olimpíada nada mais é do que uma competição. Não muito diferente de uma seletiva nacional, um Mundial, um Pan-Pacífico, um Pan-Americano”, disse.

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“É a mesma piscina, a mesma água e os mesmos 50 metros. Mas, ainda assim, aconteceram falhas nos últimos Jogos que pretendo fazer melhor agora. Já venho corrigindo, tanto que os meus melhores resultados ocorreram após 2016. Depois da minha segunda Olimpíada, clicou um botãozinho na minha cabeça e ela começou a funcionar melhor. Acho que será uma boa chance de nadar bem em Tóquio”, completou Bruno Fratus.

Os Mundiais do ciclo para Tóquio

Bruno Fratus
Bruno Fratus ganhou a medalha de prata nos Mundiais de 2017 e 2019 (COB/Divulgação)

Nascido em Macaé, no Rio de Janeiro, Bruno Fratus subiu ao pódio pela primeira vez em Campeonato Mundial em 2015, em Kazan, na Rússia, quando ficou em terceiro nos 50 m livres. Entretanto, foi no ciclo para Tóquio que sua coleção de medalhas na competição aumentou, ganhando duas de prata, na mesma prova, em Budapeste-2017 e Gwangju-2019, e mais uma com o revezamento 4×100 m livre na Hungria.

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Os 21s27 nos 50 m livres de Budapeste, em 2017, foi uma prova especial para Bruno Fratus. “Budapeste foi uma competição muito legal. Até hoje eu considero como sendo, senão a melhor, mas uma das melhores competições da minha carreira. Tive que superar bastante coisa naquela temporada e acabei nadando meu melhor tempo, que é meu melhor tempo até hoje, tanto no revezamento quanto na prova individual dos 50 m”, disse.

Maturidade

“Já Gwangju foi uma prova que deixou a desejar, pois queria ter feito melhor. Porém, foi uma competição que a evolução do aspecto mental ficou muito visível para mim, pois me senti um atleta extremamente mais maduro e com a capacidade de lidar com adversidades momentâneas, aquelas coisas que aparecem em cima da hora. Foram preparações boas, mas as competições, em si, foram bem diferentes”, concluiu Bruno Fratus.

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Além das Olimpíadas e dos Mundiais, Bruno Fratus soma sete medalhas em Jogos Pan-Americanos. Em Guadalajara-2011, foi campeão dos 4×100 m livres e medley e segundo lugar nos 50 m livres. Já em Toronto-2015, ganhou a prova dos 4×100 m livres e ficou com a prata nos 50 m livres. Por fim, em Lima-2019, conquistou o ouro nos 50 m livres e nos 4×100 m livres.

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