Daniel Rodrigues e Gustavo Carneiro, da classe Open, e Ymanitu Silva, da Quad, são os principais nomes do Brasil no tênis em cadeira de rodas. Se a qualificação paralímpica encerrasse neste momento, os três estariam com as vagas garantidas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021. A missão é difícil, mas o objetivo de dois deles, Ymanitu e Daniel, é surpreender e conquistar a primeira medalha brasileira na modalidade.
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O tênis em cadeira de rodas é dividido em duas classes, sendo a Quad para paratletas com deficiência em três ou mais extremidades do corpo e a Open para alguma deficiência nos membros inferiores. A pandemia de coronavírus causou o congelamento das colocações do ranking mundial. A listagem da edição de março deixa o trio brasileiro praticamente garantido nos Jogos de Tóquio.
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Ymanitu Silva está na 10ª posição na classe Quad, sendo que os 12 primeiros têm a classificação garantida em Tóquio. Por outro lado, na Open, os paratletas precisam figurar entre os 40 melhores do mundo para não dependerem de outros critérios, por isso, Daniel Rodrigues, 11º do ranking, está praticamente dentro. Já Gustavo Carneiro, 37º lugar, se considera 90% garantido, mas ainda precisa ganhar pontos quando os torneios voltarem.
O tênis em cadeira de rodas nas Paralimpíadas
Com o adiamento de Tóquio de 2020 para 2021, por causa da crise de saúde global, a nova data limite para a definição dos classificados mudou para 7 de julho do ano que vem. Na história dos Jogos Paralímpicos, o tênis em cadeira de rodas teve sua primeira aparição em Seul-1988, mas em caráter de exibição. A primeira edição em que passou a valer medalhas foi em Barcelona-1992.
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O primeiro atleta a ter contato com o tênis em cadeira de rodas no Brasil foi José Carlos Morais, que faleceu em julho deste ano aos 73 anos. Ele conheceu a modalidade em 1985, na Inglaterra, quando jogava pela seleção de basquete em cadeira de rodas. Mais de uma década depois, foi aos Jogos Paralímpicos de Atlanta-1996 e, juntamente com Francisco Reis Junior, se tornou o primeiro brasileiro a representar o país no esporte.
Cenário no feminino
Na classe Open feminina, o Brasil não teria representantes em Tóquio neste momento. Entre as mulheres, as 22 melhores no ranking garantem vaga direta e a brasileira Meirycoll Duval está na 28ª posição. Ao todo serão 32 participantes e, neste instante, a melhor representante do Brasil ficaria de fora, já que mais duas vagas foram conquistadas nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e as outras oito serão concedidas por outros critérios.
Ciclo para os Jogos de Tóquio
Na Open masculina estarão na Paralímpiada 56 paratletas e na Quad 16 paratenistas. Ymanitu Silva, da Quad, está com 37 anos e competiu nos Jogos Paralímpicos Rio-2016, onde foi eliminado na segunda partida diante do sul-africano Lucas Sithole, atual 8º do ranking. Em sua carreira no tênis em cadeira de rodas, o brasileiro tem 131 vitórias e 60 derrotas. No ciclo para os Jogos de Tóquio, o paratleta conquistou três títulos em 2017, quatro em 2018 e mais dois em 2019.
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O atual campeão paralímpico da Quad é o australiano Dylan Alcott, de 29 anos, e o 1º do ranking. O melhor do mundo ganhou oito títulos no ciclo para Tóquio, sendo um em 2017 e 2020, dois em 2019, e quatro em 2018, com um deles sendo o Grand Slam US Open. O britânico Andy Lapthorne, medalha de prata na Rio-2016, é o 2º do ranking, e o americano David Wagner, bronze em 2016 e prata em Londres-2012, é o 3º do mundo.
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Já na Open masculina, Daniel Rodrigues, de 33 anos, também esteve na edição Rio-2016 e, igualmente, perdeu na segunda rodada para o japonês Shingo Kunieda, atual líder do ranking e campeão paralímpico em Londres-2012. Em sua carreira no tênis em cadeira de rodas, o paratleta soma 299 vitórias e 131 derrotas. Na corrida paralímpica aos Jogos de Tóquio, ele ganhou oito títulos, sendo dois em 2018 e três em 2017 e 2019.
Busca por uma participação inédita
O outro representante da Open, Gustavo Carneiro, está com 47 anos e busca participar de sua primeira edição de Paralimpíada. Ele começou a praticar a modalidade em 2018 e tem um currículo com 54 vitórias e 25 derrotas. O paratleta levantou quatro troféus na carreira, sendo um em 2018 e três em 2019.
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O britânico Gordon Reid, 5º no ranking, é o atual campeão paralímpico. Alfie Hewett, também da Grã-Bretanha, foi prata na Rio-2016 e aparece em 3º atualmente. O belga Joachim Gerard, 4º do ranking, foi bronze na edição passada.
Palavra dos paratletas
O Olimpíada Todo Dia procurou os paratenistas brasileiros que estariam com vaga garantida aos Jogos Paralímpicos de Tóquio e perguntou como eles avaliam os resultados que conquistaram no ciclo paralímpico e quais são pretensões deles na competição. Confira abaixo o que pensam os paratletas Ymanitu Silva, da classe Quad, e Daniel Rodrigues e Gustavo Carneiro, da Open.
Ymanitu Silva
“Logo após a Rio-2016 eu tracei um objetivo e comecei a trabalhar nele. Os bons resultados foram aparecendo e acontecendo de forma natural, fruto do trabalho do dia a dia. Eu estava em uma crescente ano a ano até a paralisação. Agora, devido a essa parada por conta da Covid-19, eu e minha equipe técnica fizemos uma reavaliação dos pontos que preciso melhorar e evoluir para chegar aos Jogos de Tóquio e lutar por uma medalha”.
Daniel Rodrigues
“De 2016 para cá tive uma crescente significativa e ano passado vivi o meu melhor momento no tênis, pois consegui chegar ao 11º lugar no ranking mundial e ganhei um torneio muito importante no circuito do tênis em cadeira de rodas, coisa que está na história do tênis brasileiro, além de outros torneios fortes que ganhei ou cheguei nas finais no ano passado. Infelizmente com essa pandemia o meu ritmo caiu, já que fiquei sem condições de treinar”.
“Estou voltando aos poucos agora, mas sigo com mesmo foco para continuar dando sequência nesta minha evolução. Acredito que Tóquio pode ser surpresa e vou me dedicar muito quando puder voltar, tentar tirar esses atrasos e focar em um pódio. Ainda não tenho pretensões para competir esse ano, pois o calendário está meio incerto, mas, de qualquer forma, quero poder treinar e chegar bem ano que vem e ter ótimos resultados nas competições”.
Gustavo Carneiro
“Até tudo parar, em função da pandemia, eu estava bem próximo de confirmar minha classificação e posso dizer que estava 90% classificado. Faltavam apenas três meses para o fechamento do ciclo que seria dia 7 de junho de 2020. Tenho uma avaliação muito positiva do meu desempenho, pois comecei o ciclo no meu segundo ano de prática da modalidade e já estava entre os 35 melhores do mundo no final de 2019”.
“Sempre traço grandes objetivos, mas com o pé no chão. Minha meta para Tóquio este ano era participar e, quem sabe, ganhar um jogo. Com o adiamento para 2021, a minha confiança e pretensão aumentaram, pois é fato que continuo crescendo e ainda não alcancei o meu melhor. Com isto, a minha nova meta é ficar entre os 16 e, quem sabe, até mais do que isso. Tenho treinado e evoluído muito durante a pandemia. No momento espero os torneios voltarem para confirmar a minha presença”.