Daqui exatamente um ano nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na prova C1 1000m da canoagem velocidade, o baiano Isaquias Queiroz poderá igualar a marca histórica de cinco pódios olímpicos dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, e se tornar recordista em medalhas olímpicas representando o Brasil. O feito seria uma bela homenagem ao técnico Jesus Morlán, falecido em 2018 vítima de câncer.
Para saber como foi o ciclo olímpico de Isaquias Queiroz e como ela chegará no Japão, quais são as suas principais chances e quem são seus rivais, o Olimpíada Todo Dia preparou um mini guia sobre a prova do C1 1000m em Tóquio-2020. Confira!
História na Lagoa Rodrigo de Freitas
Na Rio-2016, o canoísta Isaquias Queiroz entrou para a história do esporte nacional. O baiano de Ubaitaba se tornou o brasileiro com maior número de medalhas em única edição de Jogos Olímpicos ao ganhar duas pratas e um bronze durante as competições realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM E NO FACEBOOK
A primeira das três medalhas de Isaquias Queiroz foi obtida justamente no C1 1000 m. O brasileiro ficou com a medalha de prata ao ser superado apenas pelo alemão Sebastian Brendel, que levou o ouro. Nos dias seguintes, ele levou um bronze no C2 200m e outra prata no C2 1000m, ao lado de Erlon de Souza.
Início do Ciclo Olímpico: mais pódios importantes
Após a histórica participação na Rio-2016, Isaquias Queiroz logo tratou de traçar as metas com Jesus Morlán para a Olimpíada de Tóquio e consagrar-se como o maior vencedor de medalhas olímpicas do país.
Os resultados logo vieram, principalmente no C1 1000m. Tanto em 2017 quanto em 2018, Isaquias Queiroz saiu dos campeonatos mundiais com a medalha de bronze. O pódio foi exatamente o mesmo nos dois anos. Ouro para o alemão Sebastian Brendel, que já havia o derrotado na Rio-2016 e que dá nome ao filho de Isaquias, e prata para o tcheco Martin Fuksa.
A perda do pai
Meses depois de faturar o bronze no C1 1000m e o ouro no C2 500m, chegou a notícia que abalou a vida de Isaquias Queiroz. Aos 52 anos, do treinador Jesús Morlán faleceu come um tumor no cérebro, diagnosticado dois anos antes.
O espanhol foi o homem que revolucionou a canoagem no país e que exercia, segundo Isaquias, um papel mais importante do que o de treinador: o de pai.
2019: um ano de superação
Mesmo tendo que lidar com o luto e não tendo os conselhos do maior técnico da história, Isaquias Queiroz mostrou porque é um dos maiores atletas brasileiros e honrou o nome de seu falecido treinador.
No Campeonato Mundial de Canoagem Velocidade de 2019, realizado na cidade de Sgezed, na Hungria, o baiano conquistou duas medalhas. Um bronze ao lado de Erlon Souza no C2 1000m e o ouro na prova do C1 1000m.
“O ano de 2019 foi maravilhoso. Com um ouro e um bronze no mundial. E teve também um sabor especial. Principalmente porque foi um ano depois do falecimento do meu treinador, Jesus Morlán. Eu sempre falo que ele não está mais aqui fisicamente com a gente, mas espiritualmente sim. E [ o C1 1000m] era uma prova que ele queria muito ganhar”, disse o atleta em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
Relembre a prova que deu o ouro a Isaquias Queiroz no Mundial 2019
La décima
A medalha de ouro no C1 1000m assegurou Isaquias na Olimpíada de Tóquio, e desde então, o baiano já traçou seu objetivo: vencer no Japão em nome de seu eterno treinador.
” Meu objetivo agora é ganhar a décima medalha. não a minha, mas a décima medalha do Jesus Morlán [que já conquistou 8 medalhas olímpicas, três com Isaquias e cinco com o atleta espanhol David Cal]. Esse era o sonho dele e estamos treinando para isso. Aí depois eu vou pensar em ganhar minha sétima medalha olímpica individual na canoagem,” declarou o multicampeão.
Os adversários
A briga, entretanto, não será nada fácil. Sebastian Brendel e Martin Fuksa, os dois medalhistas de ouro e prata nos campeonatos mundiais de 2017 e 2018 respectivamente, devem atrapalhar muito a briga do brasileiro pelo lugar mais alto do pódio.
A disputa deve ser mais acirrada ainda, haja visto que no mundial de 2019, tanto Fuksa quanto Brendel ficaram de fora do pódio no C1 1000m. A prata ficou com o polonês Tomas Kakzor, medalhista de prata, e o o francês Adrian Bart, bronze, devem brigar braçada a braçada com o trio que dominou a prova no ciclo olímpico.
Grupo seleto
Se conseguir a medalha do C2 500m ao lado de Erlon de Souza três dias antes e o ouro no C1 1000m daqui um ano, Isaquias Quieroz se tornará o atleta olímpico com mais medalhas na história do Brasil ao lado dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. O atleta só não poderá superá-los porque a prova do C2 200m, na qual foi medalha de bronze no Rio, deixou o programa olímpico.
A meta de Jesus Morlán quando vivo era fazer Isaquias conquistar sete medalhas olímpicas. As três do Rio de Janeiro, duas em Tóquio e mais duas em Paris, em 2024.
Recordistas de medalhas olímpicas, Robert Scheidt conquistou dois ouros (1996 e 2004), duas pratas (2000 e 2008) e um bronze (2012), já Torben Grael soma dois ouros (1996 e 2004), uma prata (1984) e dois bronzes (1988 e 2000). Isaquias Queiroz entra na Olimpíada de Tóquio na busca de sua primeira medalha de ouro.