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Tóquio 2020

Em um ano, 4x100m livre cai na água para repetir Sydney-2000

Exato um ano antes da final do 4×100 masculino, o OTD falou com o comentarista Alex Pussieldi sobre chances de pódio

Revezamento 4 x 100m livre Brasil
Pedro Spajari, Gabriel Santos, Marcelo Chierighini e Breno Correia, que provavelmente nadarão o 4x100m (Ricardo Bufolin/ECP)

Daqui exatamente um ano, começará uma das provas mais eletrizantes de serem assistidas da natação. Quatro nadadores do Brasil – a que tudo indica, Marcelo Chierighini, Pedro Spajari, Gabriel Santos e Breno Correia – cairão na piscina para nadar o revezamento 4x100m livre masculino na Olimpíada de Tóquio-2020 com o objetivo de conquistar uma medalha que não vem para o Brasil há 20 anos.

O caminho até lá, no entanto, será longo. Como chegarão os nadadores no Japão? O que ainda pode evoluir? Quem são as principais adversários?

Para responder essas e outras perguntas, o Olimpíada Todo Dia conversou com o “Coach” Alex Pussieldi, comentarista e fundador/editor-chefe da “Best Swimming”. Confira!

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O ciclo olímpico

O revezamento 4x100m livre masculino viveu uma montanha-russa de emoções desde o 5º lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro há quatro anos. Na ocasião, Marcelo Chierighini, Nicolas Oliveira, Gabriel Santos e João de Lucca nadaram para 3min14s06 e empataram em quinto lugar com o Canadá. O ouro ficou com a Rússia (3min12s04), a prata com a os Estados Unidos (3min12s34) e o bronze com a Austrália (3min13s27).

Muita coisa mudou desde então, muito em função da constante renovação que a prova tem graças a sua forte popularidade.

“O 4x100m nado livre é a prova mais popular entre os nadadores e a comunidade da natação brasileira. Caiu na graça do povo. Há uma legião de nadadores querendo nadar o revezamento masculino. Eu diria que essa prova é o ‘xodó’ da natação brasileira no momento,” analisou Alex Pussieldi.

Medalha com veteranos

No ano seguinte aos Jogos do Rio, a equipe que chegou ao Campeonato Mundial da Hungria 50% renovada. Nicolas Oliveira se aposentou e Matheus Santana não conseguiu manter os mesmos resultados. Para os seus lugares, entraram dois grandes especialistas nos 50 metros livres: o campeão olímpico Cesar Cielo, se aproximando do fim de sua carreira à época, e Bruno Fratus.

Com sangue nos olhos, os brasileiros terminaram uma prova eletrizante com 3min10s34, quebraram o recorde sul-americano e conquistaram uma histórica medalha de prata, ficando apenas 0s28 dos Estados Unidos. Foi o primeiro pódio brasileiro em eventos de primeiro nível nas provas de revezamento em piscina olímpica desde o bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 de Fernando Scherer, Gustavo Borges, Carlos Jayme e Edvaldo Valério.

Marcelo Chierighini, Bruno Fratus, Gabriel Santos, Cesar Cielo: prata no Revezamento 4x100m livre em 2017 (divulgação/CBDA)

Jovens promessas

A medalha ajudou a aumentar ainda mais a popularidade do revezamento. Novas promessas da velocidade aquática começaram a surgir. Dois grandes talentos da nova geração da natação passaram a se destacar no cenário nacional: Breno Correia e Pedro Spajari.

Com resultados expressivos em 2018, os dois se consolidaram ao lado de Marcelo Chierighini e Gabriel Santos e passaram a formar um time muito forte. O sexto lugar obtido no Mundial da Coreia de 2019 foi, de certo modo, frustrante, mas é explicável, de acordo com Alex Pussieldi.

“O revezamento de 2019 era até melhor do que o de 2017. Era mais qualificado. Todos nadadores inclusive melhoraram seus tempos em dois anos. Era um revezamento bem mais jovem e mais forte. O que atrapalhou foi a questão do doping do Gabriel às vésperas da competição. Houve um abalo muito forte na equipe por causa disso,” avaliou Pussieldi.

Suspensão às vésperas

O episódio ocorreu em junho de 2019, o Mundial da Coreia começaria dali a um mês. Gabriel foi flagrado em exame de urina solicitado pela Federação Internacional de Natação. O nadador recebeu uma punição de um ano, pouco antes do começo do mundial.

Mesmo sem um de seus principais nadadores, o Brasil fez bonito. Com Fratus no lugar de Gabriel, terminou com 3min11s99 na sexta colocação, garantido o país na Olimpíada de Tóquio.

Liberado

Em março desse ano, Gabriel Santos foi inocentado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), instância máxima da Justiça Esportiva mundial, anulando a decisão da Federação Internacional de Natação (FINA) e o liberando para retornar aos treinos. No entanto, com a pandemia, Gabriel Santos não pode voltar às competições. Ainda assim, o nadador não está preocupado e garante que a ansiedade de voltar a competir não será um problema.

“Eu passei por uma situação parecida um tempo atrás, no qual tive que treinar em casa, sozinho e também não podia competir. Fiquei oito meses assim. Não foi um período totalmente ruim, pois desenvolvi algumas virtudes e a paciência foi uma delas. Portanto, a ansiedade não está sendo um problema tão grande para mim”, declarou Gabriel Santos em live com o Olimpíada Todo Dia.

A um ano da estreia do revezamento 4x100m livre masculino em Tóquio-2020, o OTD mostra como chegam os nadadores com análises de Alex Pussieldi
Gabriel Santos está liberado para voltar a competir (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Rivais, números mágicos e segredo pra medalha

De acordo com Alex Pussieldi, se Gabriel Santos voltar bem e se os nadadores executarem uma série de fatores, o Brasil possui grandes chances de conquistar uma medalha. O Coach avaliou ainda os principais rivais na busca pela medalha olímpica.

“Os Estados Unidos para o ouro. O Brasil deve disputar a prata e o bronze com Itália, Rússia e Austrália. A Grã-Bretanha também, mas está um pouco abaixo. Temos que ter os quatro nadadores nadando para 47 segundos,” avalia Pussieldi. Vale lembrar que até a pausa pela pandemia, apenas dois revezamentos do mundo tinham três atletas nadando para a faixa de 47 segundos: Estados Unidos e Brasil.

A um ano da estreia do revezamento 4x100m livre masculino em Tóquio-2020, o OTD mostra como chegam os nadadores com análises de Alex Pussieldi
Americanos Nathan Adrian, Blake Pieroni, Caeleb Dressel e Zach Apple: favoritos ao ouro em no 4x100m livre masculino em Tóquio-2020 (Instagram/usaswimming)

Para Pussieldi, outro fator-chave que pode dar a medalha olímpica aos nadadores do revezamento 4x100m livre – e a qualquer nadador de qualquer prova – é realizar na Olimpíada a melhor marca da carreira.

“12 de 13 medalhas olímpicas da natação brasileira representaram a melhor performance da história daquele nadador. Isso quer dizer que se você quiser ser medalhista olímpico, você vai ter que fazer o seu melhor. Nós precisamos nadar para o nosso melhor, na hora certa. É preciso melhorar o tempo na final. Só assim a medalha vai sair.”

De 20 em 20

Como visto, o Brasil tem tudo para chegar com muita força no revezamento 4x 100 metros livre em Tóquio daqui há um ano. É impossível prever se levarão a medalha ou não, ainda mais após a pandemia. Mas, Alex Pussieldi relembra um fato curioso para aqueles que acreditam em superstições.

“A cada 20 anos, o Brasil tem sido medalhista em revezamentos olímpicos. Fomos em 1980 [no revezamento 4x200m livre em Moscou], em 2000 [bronze na Olimpíada de Sydney] e agora 2020, em 2021. Quem sabe, um revezamento seja medalhista olímpico mais uma vez,” finalizou Pussieldi

A um ano da estreia do revezamento 4x100m livre masculino em Tóquio-2020, o OTD mostra como chegam os nadadores com análises de Alex Pussieldi
Carlos Jayme, Edvaldo Valério,Gustavo Borges e Fernando Scherer: bronze no 4x100m livre masculino na Olimpíada de Sydney-2000

Ficha técnica revezamento 4x100m livre

Confira uma tabela com os tempos de Marcelo Chierighini, Breno Correia, Gabriel Santos, Pedro Spajari e dos outros nadadores do Brasil no revezamento 4x100m masculino Rio-2016 e nos dois últimos mundiais, juntamente com os cinco primeiros colocados da prova e o tempo necessário nas eliminatórias para se chegar à final

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