O primeiro saque da seleção brasileira feminina de vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio será dado daqui a exatamente um ano. No dia 25 de julho de 2021, o Brasil estreia no Grupo A diante da Coreia do Sul. Além do rival da rodada inaugural, o técnico José Roberto Guimarães conduzirá a ponteira Natália em companheiras, na devida ordem, contra República Dominicana (27), Japão (29), Sérvia (31) e Quênia (2).
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“Eu gostaria de ter caído no outro grupo, pois é mais forte. Não que o nosso não seja, já que a República Dominicana melhorou e Japão e Coreia sempre foram times difíceis, inclusive, foram bem em Londres, tanto que ficaram em terceiro e quarto lugares. Porém, no Rio não foram tão bem e ganhamos dos dois por 3 a 0. Quanto mais difícil for o seu grupo, melhor será para o seu time. Esse é o mistério dos Jogos Olímpicos”, destacou Zé Roberto.
Natália, capitã da seleção brasileira no Campeonato Mundial de 2018, no Japão, e durante boa parte do ciclo olímpico, avaliou o grupo do Brasil em Tóquio. “É um grupo com adversários perigosos. Em Jogos Olímpicos não tem jogo fácil. O Brasil precisa buscar a classificação na melhor colocação possível porque o confronto nas quartas de final será muito duro.”
Zé Roberto não quer moleza
Além de Brasil e oponentes da primeira fase, os Jogos de Tóquio contam com mais seis equipes no Grupo B: Estados Unidos, China, Itália, Rússia, Turquia e Argentina. Avançam para a etapa eliminatória os quatro primeiros colocados de cada chave, com os primeiros enfrentando os quartos colocados e segundos e terceiros com sorteios entre si. Seja qual for o rival, haverá dificuldades.
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Por esse motivo, o treinador quer enfrentar rivais fortes desde o início da campanha para testar sua equipe. “Não queremos moleza. Nós queremos dificuldade. Queremos entender se o time está pronto ou não. Porque se não estiver bem é melhor que fique fora logo. Tomara que os nossos adversários estejam bem e nos dêem muito trabalho. Assim como espero que nosso time também esteja bem”, disse.
Análise dos rivais
“Não tenho dúvidas que a Coreia, com o (Stefano) Lavarini, chegará bem com a Kim, que é uma jogadora que treinei no Fenerbahçe em 2012 e é uma das melhores ponteiras do mundo. O Japão, jogando em casa, será um time aguerrido e que, treinado pela Kumi Nakada, dará trabalho. A Sérvia é uma grande candidata a medalha de ouro e a República Dominicana vai incomodar sob o comando do Marcos Kwiek”, acrescentou Zé Roberto.
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Zé Roberto tem consciência que o duelo de quartas de final será difícil. “O cruzamento será complicado. Do outro lado você terá Estados Unidos, Itália, China, Rússia e Turquia e todas essas seleções são difíceis de serem batidas. Essa Olimpíada será bem difícil. Temos que pensar na gente. Se preparar bem e pensar em passar pelo nosso grupo. Nós vamos para tentar fazer bonito e brigar pelo lugar mais alto do pódio”, ressaltou o técnico.
Natália lista principais favoritos
A Coreia do Sul, rival da estreia em Tóquio, também esteve no caminho do Brasil nas Olimpíadas de Londres-2012 e Rio-2016. Na edição londrina, a seleção brasileira foi surpreendida e derrotada por 3 sets a 0, revés que colocou Natália e demais companheiras em risco na fase de grupos. Já em solo brasileiro, Zé Roberto e suas atletas saíram vitoriosos neste confronto direto com as asiáticas e pelo mesmo placar.
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Natália conhece bem as sul-coreanas e sabe bastante sobre o treinador, pois já trabalhou com ele. “A Coreia do Sul evoluiu nos últimos anos e tem um técnico que conhece o vôlei brasileiro. O Stefano Lavarini foi meu treinador por uma temporada e fez um bom trabalho no Minas. Além disso, tem uma equipe talentosa liderada pela Kim, que é uma das melhores atacantes do mundo. É um time que joga com velocidade e muita variação de jogadas.”
Eventuais surpresas
Ao apontar as seleções favoritas na briga por medalhas em Tóquio, Natália citou três nações que estão no Grupo B e apenas a Sérvia da chave do Brasil. “Os Jogos Olímpicos são uma competição diferente e surpresas podem acontecer. Vejo China, Sérvia, Estados Unidos e Itália como favoritos, mas tem seleções que podem dar muito trabalho como Turquia, Rússia, Coreia do Sul, Japão e República Dominicana”, analisou a ponteira.
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No ciclo para Tóquio, a seleção brasileira oscilou bons e maus resultados nas competições que participou. Natália, que foi reserva em Londres-2012 e titular na Rio-2016, fez uma projeção e acha que o Brasil não é inferior a nenhum oponente. “Acredito que podemos chegar muito bem em Tóquio. Se o time todo estiver saudável, sem problemas de lesão, temos jogo para enfrentar de igual para igual qualquer equipe”, concluiu a atleta.
Ciclo olímpico de Tóquio
A seleção brasileira não fez um ciclo consistente visando os Jogos de Tóquio, que mudaram de 2020 para 2021 devido à pandemia de coronavírus. Depois que a chinesa Ting Zhu foi acionada na pipe, lance que a atleta salta antes da linha dos três metros após a o salto da central, e colocou a bola no chão, eliminando o Brasil nas quartas de final da Rio-2016, a equipe verde-amarela obteve bons resultados logo no primeiro ano do novo ciclo.
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Em 2017, a seleção brasileira conquistou a última edição do Grand Prix e também o Sul-Americano e Montreux. Além disso, foi medalha de prata na Copa dos Campeões, com a atual campeã olímpica China no topo do pódio. Em 2018, o Brasil terminou na quarta posição na primeira Liga das Nações e em sétimo lugar no Campeonato Mundial, disputado no Japão e que teve a Sérvia como campeã, com Itália em segundo e China com o bronze.
Altos e baixos
No ano que antecederia a Olimpíada de Tóquio, se não fosse adiada, o Brasil ganhou novamente o Sul-Americano e foi segundo na Liga das Nações, perdendo a decisão para os Estados Unidos, por 3 a 2. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 foi quarto, no entanto Zé Roberto levou um elenco bastante jovem e modificado para a competição continental realizada em solo peruano.
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“Nós tivemos altos e baixos nesse ciclo olímpico para Tóquio. Fizemos um 2017 muito bom, mas depois oscilamos em 2018 e 2019. Sabemos que temos um time altamente competitivo e que as outras seleções, quando enfrentam o Brasil, sabem contra quem estão jogando. Nossos adversários sabem que somos um time aguerrido que tem suas qualidades técnicas, táticas e físicas e sabe o que está fazendo em quadra”, finalizou Zé Roberto.
Vôlei brasileiro feminino em Olimpíadas
A seleção brasileira feminina de vôlei começou sua história em Jogos Olímpicos em Moscou-1980. Naquele evento, o Brasil terminou em sétimo lugar. A segunda experiência aconteceu quatro anos depois, em Los Angeles-1984, em que repetiu a colocação da edição anterior. Já em Seul-1988, o time que representou o país avançou uma posição, fechando a competição em sexto.
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De Barcelona-1992 em diante, as mulheres do vôlei brasileiro ficaram entre as quatro melhores em seis Olimpíadas consecutivas. Na capital da Catalunha, o Brasil passou perto de sua primeira medalha olímpica, acabando na quarta posição depois de perder a disputa do bronze diante dos Estados Unidos, por 3 a 0.
Primeira medalha
A primeira medalha chegou em Atlanta-1996. A geração de Ana Moser, Ana Flávia, Fernanda Venturini, Márcia Fu, Ana Paula e Virna conquistou o bronze batendo a Rússia, por 3 a 2. As comandadas do técnico Bernardinho ficaram em terceiro lugar na edição que teve Cuba no topo do pódio e Rússia com a prata.
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No ciclo seguinte, em Sydney-2000, Bernardinho e suas jogadoras repetiram o feito, mas desta vez com vitória por 3 a 0 contra os Estados Unidos no confronto pelo bronze. Em Atenas-2004, a preparação não foi a ideal. Bernardinho foi trabalhar na seleção masculina e Marco Aurélio Motta assumiu o feminino. A treinador ficou só até 2002 e foi substituído por Zé Roberto, que conduziu o Brasil ao quarto lugar.
Geração bicampeã
O elenco composto por Sheilla, Fabiana, Walewska, Fofão, Fabi, Mari, Paula Pequeno, Jaqueline, Thaisa, Sassá, Carol Albuquerque e Valeskinha conquistou a primeira medalha de ouro da seleção brasileira feminina de vôlei em Pequim-2008. Com uma campanha impecável, o Brasil foi campeão olímpico superando os Estados Unidos na final, por 3 a 1. A ponteira Paula Pequeno foi eleita a melhor jogadora da competição.
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Quatro anos depois, na edição de Londres-2012, o Brasil voltou ao topo do pódio, no entanto, a trajetória foi totalmente diferente. Na última rodada da fase de grupos, a seleção brasileira precisava vencer a Sérvia e torcer contra a Turquia para se classificar. O time comandado por Zé Roberto ganhou das europeias e contou com a ajuda dos Estados Unidos diante das turcas. Com isso, as brasileiras avançaram para as quartas de final.
Daí em diante, o grupo formado por Sheilla, Dani Lins, Jaqueline, Fernanda Garay, Fabi, Thaisa, Fabiana, Tandara, Fernandinha, Natália, Paula Pequeno e Adenízia ganhou, na sequência, de Rússia, em um emocionante 3 a 2, Japão, por 3 a 0, e Estados Unidos, de virada, por 3 a 1. Individualmente, Fabiana foi a melhor bloqueadora, Sheilla ganhou como melhor saque e Fernanda Garay a melhor em recepção.
Tristeza em casa e mulheres olímpicas
Na Rio-2016, o Brasil passou por cima de todos os adversários na etapa de grupos. Foram cinco vitórias e nenhum set perdido. Porém, nas quartas de final, a seleção brasileira perdeu para a China, por 3 a 2, diante de um Maracanãzinho lotado e triste após o término do jogo.
Em Tóquio, o vôlei feminino volta para seu início, já que a primeira edição que as mulheres disputaram foi na capital japonesa, em 1964. Em 14 edições, o Brasil participou em 11 e apenas cinco países conquistaram títulos.
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A ex-União Soviética tem quatro medalhas de ouro e lidera o ranking. China e Cuba subiram ao topo do pódio em três oportunidades. Por fim, Brasil e Japão somam dois títulos cada.