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Tóquio 2020

A um ano da estreia, o que esperar da seleção em Tóquio-2020

O Olimpíada Todo Dia falou com a lateral da seleção Tamires. e preparou um guia com momento do time, o toque de Pia, adversárias e expectiva! Confira

Seleção brasileira de futebol feminino - Tamires - Pia Sundhage - Tóquio-2020
A seleção brasileira de futebol feminino (Divulgação/CBF)

Daqui exatamente um ano, no dia 21 de julho de 2021, o futebol feminino estará fazendo a estreia na Olimpíada de Tóquio-2020. Serão 12 equipes em busca da tão sonhada medalha dourada. E uma delas será a seleção brasileira que, além de ter sido a primeira a garantir vaga no maior torneio esportivo do mundo, quer quebrar o jejum e subir ao lugar mais do alto do pódio olímpico pela primeira vez na história. 

O caminho até lá, no entanto, será longo. Como chega a seleção para os Jogos? O que ainda pode evoluir? Pia será um trunfo? Quem são as principais adversárias?

Para responder essas e outras perguntas, o Olimpíada Todo Dia conversou com Tamires, a lateral-esquerda do Corinthians e da seleção, e preparou, então, um guia com os principais pontos sobre a seleção brasileira feminina em Tóquio-2020. Confira!

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O ciclo olímpico 

“A Olimpíada parece longe, mas logo está aí”. Com esta frase de Tamires, começamos a contar a história da seleção nos últimos quatro anos. A Rio-2016 terminou com gosto amargo para a seleção brasileira. Mas foi o pontapé inicial de uma mudança.

Sob comando de Vadão, o time se classificou em primeiro do grupo, passou pela Austrália nas quartas de final, mas acabou caindo da semifinal para a forte seleção da Suécia, comandanda por quem? Pia Sundhage. O Brasil poderia ter garantido pelo menos uma medalha, mas acabou derrotado pelo Canadá na disputa pelo bronze.

Rio-2016
Derrota para o Canadá na Rio-2016 (Divulgação)

Começava, então, o ciclo olímpico de Tóquio-2020. E de lá para cá, muita coisa mudou. Saiu Vadão e entrou Emily Lima, a primeira mulher a comandar uma seleção de futebol brasileira. O ano de 2017, entretanto, não foi muito bom. 

Entre julho e agosto, o time disputou o Torneio das Nações nos EUA, terminando em último lugar ao empatar com Japão e perder para Estados Unidos e Austrália. Emily foi então demitida em setembro e Vadão retornou ao comando da seleção. No mês seguinte, a equipe disputou a Copa CFA, na China, na qual foi campeã ao derrotar México e Coreia do Norte, e empatar com a anfitriã. 

Meses depois, em abril de 2018, a seleção brasileira voltou ao topo ao conquistar seu sétimo título da Copa América derrotando a Colômbia. E não foi “só” isso. O troféu rendeu a primeira vaga do Brasil na Olimpíada de Tóquio-2020 e a classificação para a Copa do Mundo de futebol feminino. 

Seleção brasileira de futebol feminino - Tóquio-2020 - Tamires -Pia
A conquista do sétimo título da Copa América (Divulgação)

Ponto de virada

A Copa do Mundo de 2019 foi um marco na história do futebol feminino, com recordes de público e visibilidade. E foi também um ponto de virada na trajetória da seleção brasileira.

A equipe terminou a primeira fase do Mundial com duas vitórias, sobre Jamaica e Itália, e uma derrota para a Austrália. Com a terceira colocação do grupo, avançou para as oitavas de final onde encarou a França. Em um jogo equilibrado, as donas da casa só conseguiram a vitória na prorrogação, eliminando o Brasil, que caiu de cabeça erguida. 

Pela primeira vez, grande parte do país parou para assistir a seleção brasileira de futebol feminino. Mesmo que em número menor que em relação ao masculino, já foi uma vitória. O time chegou ovacionado, com festa no aeroporto. 

Mas nem tudo foram flores. Vadão foi questionado por muitas de suas decisões, especialmente pela não renovação do time, que teve o segundo elenco mais velho da Copa do Mundo. Resultado: demissão de Vadão e chegada de Pia Sundhage meses depois. 

O toque sueco

Pia levou os Estados Unidos ao ouro olímpico de 2008 e 2012 e a Suécia à prata em 2016. Chegou ao Brasil, portanto, rodeada de muita expectativa e fez jus a ela. Nos cinco primeiros meses de trabalho, foram sete jogos, nenhuma derrota e um vice-campeonato no Torneio da China, perdido nos pênaltis contra a seleção anfitriã. Mais do que “só” números e resultados, no entanto, viu-se uma evolução técnica e tática dentro de campo também. 

“A Pia chegou com uma ideia de jogo bem intensa. Ela quer que a gente treine 100% a todo momento e aumentou o nível de competitividade dentro da seleção brasileira. Isso é muito bacana. Já dá para ver nos jogos que ela esteve à frente da seleção a equipe querendo estar o tempo todo com a bola, querendo jogar com a bola no pé”, contou Tamires.

“Ela sempre exaltou esse talento nato do futebol que nós temos, a habilidade, o um contra um, o drible. E ela quer que a gente some isso com a parte tática e física, porque acha que essa junção vai fazer com que a seleção brasileira evolua ainda mais”, acrescentou a lateral.

Tamires - Pia Sundhage
Pia Sundhage e ao fundo Tamires (Divulgação/CBF)

O primeiro revés de Pia aconteceu apenas em março deste ano, justamente quando a seleção decepcionou e encerrou o Torneio Internacional da França com dois empates, com Holanda e Canadá, e uma derrota novamente para a equipe dona da casa, na reedição das oitavas da Copa. 

Depois disso, a pandemia de coronavírus paralisou o calendário esportivo mundial. As Datas-Fifa marcadas para abril, portanto, não foram realizadas. 

O lado bom do adiamento

Se por um lado o adiamento de Tóquio-2020 adiou também o sonho da medalha olímpica, ele também teve um lado positivo. Se os Jogos acontecessem em 2020 como previsto, Pia Sundhage teria cerca de um ano no comando da seleção. Agora, com a Olimpíada em julho de 2021, a treinadora sueca terá quase dois anos à frente do time brasileiro. 

“Acho que pode ser benéfico sim, porque ela vai ter mais um ano para trabalhar, para dar a cara dela ainda mais para o time e colocar as ideias, o que ela acha que uma seleção tem que ter para ser vencedora cada vez mais nas nossas cabeças. Então com certeza a gente vai chegar com um entendimento de jogo mais próximo do que ela pensa daqui um ano do que chegaríamos talvez se a gente tivesse disputando a Olimpíada hoje”, pontuou Tamires. 

+Atletas destacam evolução e elogiam trabalho defensivo de Pia

Mas assim como a seleção brasileira vai ter mais um ano de preparação, todas as outras também terão. O nível do futebol feminino cresceu muito e para a lateral-esquerda do Corinthians, a concorrência, portanto, será alta em Tóquio-2020.

“Eu acho que todas as seleções vão chegar muito bem preparadas. Os Estados Unidos, como sempre, o Japão, a Austrália vão chegar fortes. A Holanda vem evoluindo cada vez mais… Então a gente tem aí muitas seleções que serão fortíssimas. É até difícil falar quais são as principais. Mas espero que o Brasil possa continuar trabalhando nesse próximo ano para que possa chegar forte também e desenvolver um excelente papel na Olimpíada.”

As adversárias

Tóquio-2020
A Holanda foi vice-campeã da Copa do Mundo de 2019 (Fifa)

Doze times se classificam Tóquio-2020. Até agora, oito já estão garantidos: Japão, Brasil, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Holanda, Suécia, Canadá e Estados Unidos. Ainda faltam definir um representante da África e dois da Ásia (com Pré-Olímpicos adiados pela pandemia), e um do playoff entre o Chile, vice-campeão da Copa América e o vice-campeão da África.

A Olimpíada não contará, no entanto, com duas fortes e tradicionais seleções: Alemanha, atual campeã olímpica, e Noruega. Isso abre espaço para que outras equipes que vêm evoluindo no cenário internacional possam se destacar. 

É o caso da Holanda, dona de uma geração nova e muito habilidosa. Em 2017, foi campeã europeia e no ano passado foi vice-campeã da Copa do Mundo, perdendo a final para ninguém menos que os Estados Unidos. 

Suécia e Grã-Bretanha, semifinalistas da Copa, também têm tudo para brilhar. A Suécia perdeu na semi para a Holanda e é a atual vice-campeã da Olimpíada. A Grã-Bretanha vem sendo figurinha carimbada nas semifinais dos maiores torneios europeus e mundiais. Nos Jogos Olímpicos, quem disputa é o Reino Unido, então o time poderá se reforçar com atletas da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

O time a ser batido, no entanto, é mais uma vez os Estados Unidos. Apesar da surpreendente eliminação na Rio-2016, a seleção tricampeã olímpica mostrou sua força na Copa do Mundo, liderada pela melhor jogadora do mundo, Megan Rapinoe, e virá mais uma vez forte para Tóquio-2020.

Tóquio-2020
As favoritas (USA Soccer)

Um pouco atrás estão Canadá e Japão. O Japão foi prata em Londres-2012 e caiu nas oitavas da Copa do Mundo para a vice-campeã Holanda. Isso sem falar que o fator casa pode ser um trunfo. O Canadá, por sua vez, foi eliminado pela Suécia nas oitavas do mundial e com a segunda maior artilheira da história, Christine Sinclair, é um time bastante encardido.

O retrospecto nos Jogos e a expectativa para Tóquio

A seleção brasileira de futebol feminino já disputou seis edições das Olimpíadas, ficando entre os quatro melhores em cinco oportunidades, com exceção de Londres-2012. A medalha de ouro, no entanto, ainda não figura no currículo da equipe. 

A estreia foi em Atlanta-1996, mas a equipe chegou pela primeira vez à final olímpica em Atenas-2004. Diante dos EUA, o Brasil acabou sofrendo a derrota na prorrogação e conquistou a medalha de prata, a primeira do futebol feminino na história. 

Seleção brasileira de futebol feminino
Com Marta e Cristiane, Brasil foi prata em Atenas (Divulgação/COI)

A campanha na Grécia foi repetida, literalmente, em Pequim-2008. Final, decisão na prorrogação e derrota novamente para as estadunidenses. Foi a segunda e por enquanto última medalha do Brasil, que caiu nas quartas em Londres-2012 e na semi na Rio-2016. 

Assim, a esperança agora é que a seleção brasileira de futebol feminino, ao menos, volte ao pódio em Tóquio-2020. E quem sabe, quebrar o tabu e conquistar a tão sonhada medalha de ouro. 

“A Olimpíada parece longe, mas logo está aí. Então a gente tem que se preparar desde já para continuar pensando em uma medalha olímpica. Acho que a gente pode chegar longe. A gente tem futebol e condições de trabalho para isso, temos uma comissão técnica muito competente, muito responsável, que está fazendo de tudo para que a gente consiga um bom resultado nessa Olimpíada. A soma de tudo é muito satisfatória”, concluiu Tamires.

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