Campeão na Rio 2016, Bruno Schmidt passou por um ciclo para os Jogos Olímpicos de Tóquio conturbado. Encarando lesões e atuando com Evandro após três trocas, o atleta de 33 anos precisou fazer uma série de sacrifícios em busca de representar seu país mais uma vez em uma Olimpíada.
Após desfazer a dupla com Pedro Solberg, Bruno Schmidt aceitou o convite de Evandro para formar uma nova equipe a partir de 2019, ano que começava a corrida olímpica brasileira. Ao lado do carioca, o “Mágico” voltou a readquirir o ritmo de jogo após dois anos sofrendo com uma lesão que o impossibilitava de atingir seu melhor rendimento, mas precisou lidar com um novo problema.
“Na reta final da corrida olímpica para Tóquio, eu me machuquei. Tive um estiramento grau dois na coxa, achei que não conseguiria completar a corrida olímpica. Estava liderando, iria sair da corrida por uma lesão e deixar o Evandro vendido nessa situação porque quando um se machuca o outro também perde. Fiquei muito chateado, não só por mim, mas também pelo Evandro. Ele está no auge da carreira e foi uma lesão minha”, disse em entrevista realizada em uma live no Instagram do Olimpíada Todo Dia.
Agenda lotada
Para não deixar o parceiro na mão, Bruno Schmidt se sacrificou e jogou mesmo sem estar plenamente recuperado da lesão muscular. Ainda assim, a dupla terminou entre as duas melhores do Brasil no ranking mundial, garantindo a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
“Aos trancos e barrancos, fiquei sem treinar e joguei mais duas etapas ao final do ano. Quando acabou a classificação, eu fiquei três semanas sem fazer nada, só me recuperando. Minha perna estava latejando, joguei doze eventos, o pessoal sacando em mim. As pessoas acham que depois de um título olímpico é um mar de rosas, mas não é. Cada ano tem obstáculos e dificuldades”, afirmou.
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País com o maior número de duplas de alto nível, o Brasil define a classificação olímpica um ano antes dos Jogos. Deste modo, os brasileiros se desdobram para jogar todas as etapas do Circuito Mundial em busca da maior pontuação possível.
“A dificuldade é que você pega todos os torneios do Circuito Mundial e precisa jogar tudo, porque tudo vale para a classificação. E o Brasil é o país mais competitivo do vôlei de praia. Você tem seis duplas buscando essa vaga, você não pode parar para respirar. Enquanto o resto do mundo joga três etapas na Europa… aí tem uma etapa na China e eles não vão, ficam em casa descansando e esperam uma etapa ali perto. Eles vão em uma situação bem cadenciada. A gente jogou tudo ano passado, fomos duas vezes ida e volta do Brasil para a China em menos de um mês”, contou.
Pressão na Rio-2016
Bruno Schmidt e Alison Cerutti chegaram aos Jogos Olímpico do Rio de Janeiro, em 2016, como os favoritos ao título. Vencedores do Campeonato Mundial, do Circuito Mundial e do World Tour Finals, todos em 2015, os dois tiveram que lidar com a pressão do favoritismo atuando dentro de casa.
“Ser campeão olímpico em casa tem os dois lados. Se fosse para escolher onde ganhar uma Olimpíada, eu falaria no Brasil. Mas foi uma responsabilidade tão grande que me fez até mal. Eu queria muito corresponder às expectativas. Isso me consumiu muito, não foi prazeroso. Nas duas semanas de Jogos, perdi quatro quilos. E eu sou um cara com muita dificuldade de perder peso. Mas fiz o que tinha de ser feito”, disse.
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De qualquer modo, todo o sacrifício e a pressão foram recompensados. Bruno Schmidt pôde ser campeão em casa, mas não ficou com a medalha dourada. Ele resolveu dar o ouro de presente para seu pai, a quem é muito grato pelas conquistas na vida e no esporte.
“Quando acabou, realmente não tem como explicar. Nem nos meus melhores sonhos eu podia imaginar. Fiz a declaração para o meu pai, é um cara que sempre me manteve nos trilhos. Hoje em dia se for procurar aqui em casa, não tem medalha olímpica. Eu dei de presente para o meu pai, mas ainda é longe de recompensá-lo por tudo que ele me fez”, finalizou.