Há exatos dois meses, o COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciava o adiamento da Olimpíada de Tóquio por causa da pandemia de Coronavírus. Hoje, 24 de maio, faltam 14 meses para os Jogos. Mas será o bastante?
Apesar de a pandemia estar, aparentemente, se abrandando em algumas partes do mundo, em outras, em especial no Brasil, ela se agrava a cada dia. Competições internacionais seguem suspensas, assim como fronteiras continuam fechadas, e uma vacina ainda não é uma realidade palpável. Em meio a tudo isso, como prever se os Jogos Olímpicos em 2021 serão viáveis?
Desde o anúncio oficial do adiamento de Tóquio, uma coisa é clara: não existe um plano B. Ou seja, ou a Olimpíada acontece em julho e a Paralimpíada em agosto de 2021, ou não haverá Jogos, como afirmou o próprio presidente do COI, Thomas Bach.
Um ponto importante a ser considerado é a confluência de milhares de pessoas em um só lugar durante os Jogos. E mesmo com uma vacina contra o Coronavírus até lá, existe a dúvida se todos terão acesso a ela, como disse disse esta semana John Coates, ex-vice presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional) e Chefe da Comissão de Coordenação de Tóquio 2020.
“Nós temos sérios problemas, porque receberemos atletas vindo de 206 nações diferentes. E poucos países estão avançados no combate à pandemia. Teremos mais de 11 mil atletas nos Jogos, cinco mil árbitros e técnicos, 20 mil profissionais das mais variadas mídias, quatro mil trabalhadores do Comitê Organizador e mais de 60 mil voluntários. É muita gente. Tóquio 2020 só pode ser realizada em 2021. Não podemos adiar novamente. E temos que ter a consciência de que com vacina ou não, ela não será suficiente para o dividir com o mundo todo”.
Olimpíada diferente
Ainda há muitas questões a serem definidas, como: os Jogos terão ou não público? Quando e como os atletas continuarão o processo de qualificação para os Jogos? Eles podem ser mantidos saudáveis enquanto estiverem em Tóquio? Como serão a Olimpíada, considerando que o atraso está custando bilhões de dólares aos organizadores?
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Considerando todos esses questionamentos, é possível que a Olimpíada de Tóquio seja realizada, mas acabe sendo diferente do que estamos acostumados.
Toshiro Muto, chefe executivo do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, disse que o Comitê Organizador não está considerando o cancelamento dos Jogos caso a pandemia de Coronavírus continue a afetar viagens internacionais ou os treinos dos atletas. Mas disse que evento pode não parecer uma Olimpíada tradicional.
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“É hora de todos nós revisarmos quais são as coisas essenciais para esses Jogos e quais são os itens indispensáveis. Podemos criar novos Jogos Olímpicos e Paralímpicos exclusivos de Tóquio, mas exatamente como será, não posso lhe dar os detalhes”, disse Muto.
Retomada gradual
Em alguns países, treinos e competições começam a ser retomados aos poucos. O caso mais recente é o Campeonato Alemão de futebol, que deu continuidade à temporada, sem a presença de público e seguindo protocolos de segurança.
Na Espanha, o Primeiro-Ministro Pedro Sánchez anunciou o retorno da La Liga a partir de 8 de junho. Na Dinamarca, a final do torneio nacional de badminton foi autorizada. E a NBA já cogita retornar antes do final de julho.
O lado positivo do retorno gradual das competições, mesmo que de maneira diferente do usual pré-pandemia, é que será possível analisar e aprender com essas novas experiências. E nesse sentido, o período de 14 meses será benéfico.
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Pandemia no Japão
Mais do que analisar o cenário ao redor do mundo, é preciso analisar a situação do país-sede da Olimpíada. No último mês, o Japão viu o número de casos aumentar e o Primeiro-Ministro Shinzo Abe decretou estado de emergência. Inicialmente ele iria até 6 de maio, mas foi estendido até 31 de maio, podendo ser suspenso antes de acordo com o cenário da pandemia de Coronavírus no país.
Aos poucos, o estado de emergência vem sendo retirado de algumas prefeituras no país, mas não Tóquio ainda não é uma delas. Segundo o site Worldometer, o Japão não registrou nenhum novo caso confirmado e nenhuma morte por Coronavírus nas últimas 24 horas. No total, o país registra mais de 16 mil casos e 808 mortes.