Vitória Rosa já obteve índice para os 200 m dos Jogos Olímpicos de Tóquio e está praticamente classificada para os 100 m através do ranking da World Athletics. A velocista de 24 anos, porém, pode ampliar o horizonte e passar a correr os 400 m também. Esse é o pedido de seu treinador, Katsuhico Nakaya, conforme ela revelou em live no Instagram do Olimpíada Todo Dia.
A velocista começou a treinar com Katsuhico Nakaya após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Com ele, além de garantir presença em Tóquio, Vitória Rosa conquistou três medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Lima e alcançou dois recordes no sub-23, o brasileiro nos 100 m (11s03) e o sul-americano nos 200 m (22s73).
“Meu treinador acha que sou quatrocentista. Antes eu não gostava de correr 300 m, mas quando eu comecei a treinar com ele, o Nakaya me colocou para fazer os 300 m. Eu comecei a gostar de fazer os 300 m. Tem dias nos treinos que eu até peço mais um”, disse.
“Eu sempre mantenho as passadas e o ritmo. Ele fica olhando isso e fala: ‘Quando vai sair os 400 m ?’ E eu respondo: ‘Está maluco (risos)?!’”, completou. “Se os treinos de 100 e 200 m já doem, imagina o dos 400 m. Às vezes eu vejo as meninas lá sofrendo”.
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Experiência
Apesar do receio em treinar os 400 m, Vitória Rosa já participou de uma prova na distância. Em um GP na Argentina, a carioca se juntou à Bruna Farias, Alessandra Santos e July Ferreira para correr o revezamento 4×100 m. Como a prova não tinha mais inscrições, elas decidiram competir o revezamento 4×400 m, mesmo com a Vitória reticente quanto à distância.
Na prova, Vitória Rosa era a terceira brasileira. “Quando estava chegando na minha vez, tremia. Peguei o bastão e só fui. Aguentei mais ou menos até os 350 m, depois cheguei igual um robozinho. Foi muito engraçado”, disse, falando sobre a força de vontade para completar o percurso.
“É igual no treino, estava doendo, mas eu tinha que completar. Nem que eu chegue me arrastando, mas vou passar esse bastão. Quando cheguei, estava com uma dor… até me joguei no chão. Estava sentindo uma dor que não conseguia ficar nem deitada”, concluiu.
Vitória Rosa não lembra o tempo que conseguiu, mas revelou que ficou surpresa com o desempenho. “Eu entrei como se fosse uma prova de 300 m: ‘Eu sei que os 300 consigo aguentar, o resto é o que Deus quiser’. Mas eu me surpreendi. Aguentei até os 350 e depois fui caindo”.
O foco continua nos 100 e nos 200 m, mas Vitória Rosa não descarta correr os 400 m no futuro. “O problema é a cabeça. Quando eu dominar isso acho que corro bem os 400 m”, disse.
Relação com Katsuhico Nakaya
Até os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Vitória Rosa foi treinada por Robson Alhadas, com quem construiu uma relação de ‘pai e filha’. O técnico, entretanto, tinha sonhos fora do atletismo e decidiu deixar o esporte. Isso foi um baque para a velocista, mas por indicação de Alhadas, ela escolheu Katsuhico Nakaya para ser seu treinador no ciclo olímpico de Tóquio, mesmo com o “santo não batendo” inicialmente.
“Tem umas pessoas que a gente vê e não se sente bem…sabe quando parece que o santo não bate. Era o jeito que eu via o Nakaya, mas sem ter nada contra. Quando eu fui treinar com ele, pude conhecê-lo melhor. Eu só conhecia ele de seleção, de revezamento, não tinha uma proximidade. Depois que comecei a treinar com ele percebi que tudo que passava pela minha cabeça era uma grande ilusão. Agora eu não quero mais largar ele (risos)”, disse.
“Eu não conhecia esse lado brincalhão dele. Só depois que fui treinar com ele que percebi isso. É muito legal essa troca que ele tem com todos. Ele é super respeitado, mas gosta de brincar, de zoar também. Tudo no seu limite. Ele é um grande profissional, muito técnico. Comecei a admirar muito ele”, completou.
Pan de Lima
Durante o aquecimento para as semifinais dos 100 m dos Jogos Pan-Americanos de Lima, Vitória Rosa viu a imagem de Robson Alhadas em Katsuhico Nakaya. Assim como nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando Alhadas tranquilizou a velocista em um momento difícil, o atual treinador deu uma palavra para diminuir a ansiedade da carioca.
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“Na semifinal, o Nakaya estava me olhando de longe. E eu também olhava para ele a todo momento. Estava muito tranquilo, e agachava que nem o Robson. Tinha momentos que o Robson fazia isso. Quando entrei para a semifinal, ele veio falar comigo: ‘São só regionais, fica tranquila’. Consegui minha melhor marca naquela semifinal. Imagina na final…”, disse.
Na final, Vitória Rosa, que sequer era uma das candidatas à medalha, conquistou o bronze, que virou prata, já que Michelle-Lee, de Trinidad e Tobago, a segunda em Lima, foi pega no doping. Nos Jogos Pan-Americanos de 2019, a brasileira ainda conquistou o ouro no revezamento 4×100 m, além de outra prata nos 200 m.