O adiamento das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio 2020 devido à pandemia de coronavírus segue sendo assunto. Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons falou sobre os desafios que vem enfrentando com a remarcação dos Jogos para 2021 e como vem lidando com toda essa situação.
“Os maiores desafios são, em primeiro lugar, tratar de todos os efeitos que esse adiamento causa, tanto em relação a instalações esportivas, não-esportivas e níveis de serviço. Além disso, existe também a questão do fluxo de caixa. Muitos parceiros nossos e detentores de direitos de transmissão querem efetuar pagamentos relacionados a Tóquio no ano que vem”, explicou Parsons em entrevista à Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).
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“Outro desafio é como podemos apoiar os membros, principalmente os comitês paralímpicos nacionais e federações internacionais mais frágeis, para que elas não sofram com o adiamento dos Jogos, principalmente na questão financeira. Muitas são apoiadas por governos nacionais, que também vão enfrentar dificuldades com uma provável recessão pós-pandemia”, completou.
Parsons também comentou sobre os prejuízos físicos e técnicos que os atletas terão por causa da quarentena e do isolamento social impostos pelo coronavírus, mas acredita eles conseguirão chegar em alto nível às Paralimpíadas no ano que vem.
“Sabemos que esse era um ciclo de preparação que não foi inicialmente planejado para cinco anos. Mas acreditamos que, pelo fato de o adiamento ter sido anunciado com mais de 500 dias para o início dos Jogos, será possível uma adaptação aos treinamentos que fará com que tenhamos um nível alto de competitividade. Temos grandes treinadores nos comitês paralímpicos e federações nacionais que vão conseguir fazer com que os atletas cheguem em altíssimo nível aos Jogos de Tóquio”, pontuou.
Sem rotina
O adiamento das Paralimpíadas e a pandemia de coronavírus como um todo mudaram também a rotina de Andrew Parsons. Rotina, que ele definiu como uma “não-rotina”.
“Minha rotina é uma não-rotina. Tem sido uma época de muito trabalho. As reuniões quase sempre eram no horário da Europa, então tinha de acordar muito cedo para participar. Às vezes, também estou às 23h falando com comitês paralímpicos da Ásia, por exemplo. Por isso, digo que essa rotina é uma não rotina, algo novo. Também tenho procurado estar mais próximo dos comitês paralímpicos nacionais. É um exercício de falar com praticamente todos os países-membros, de todos os continentes, para entender seus desafios. Isso toma bastante tempo, mas é fundamental. É para isso que o IPC existe. Somos uma organização que existe para servir seus membros”, destacou.
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Ao mesmo tempo, Parsons disse que tem cuidado da família, saindo de casa apenas para o necessário, além de se exercitar regularmente. “Estou cuidando da família, cuidando da educação da minha filha, para que estude nos horários corretos, faça as lições de casa, e saindo apenas para comprar comida. Também estou tentando manter atividades físicas regulares, até para ajudar no aspecto da saúde mental”.
Conquista dupla
Andrew Parsons destacou ainda o valor especial que uma medalha nas Paralimpíadas de Tóquio terão, simbolizando também a superação deste momento crítico de pandemia de coronavírus pelo qual a saúde mundial está passando.
“Claro que conquistar uma medalha é sempre um momento inesquecível na carreira de um atleta. Mas, sabendo que vamos ter deixado essa pandemia para trás e que a humanidade vai ter vencido um inimigo que é comum a todos os indivíduos do planeta Terra, sem dúvida, terá um gosto especial. A Cerimônia de Abertura de Tóquio terá um significado maior talvez do que dos Jogos anteriores, porque vai ser um momento de celebração de que nós vencemos. As pessoas com deficiência venceram, porque fizeram parte dessa vitória num momento que pôs toda a humanidade do mesmo lado”, pontuou.
Por fim, Parsons deixou um recado de otimismo aos atletas paralímpicos brasileiros. E destacou a missão do Japão e do IPC em deixar um legado para pessoas com deficiências.
“Agora temos mais tempo para que possam se preparar e cuidar da sua saúde, que é a prioridade neste momento. A gente entende a frustração pelo adiamento dos Jogos, que também é nossa no IPC. Mas quando eles acontecerem ano que vem, vão continuar sendo incríveis. Serão Jogos que terão uma mistura muito grande da tradição japonesa com a tecnologia que é característica do país. Isso junto com um desejo muito grande do Japão e do IPC de deixar um impacto de longo prazo para as pessoas com deficiência do mundo todo – não somente os atletas. Os Jogos terão um alcance jamais visto. Agora queremos que os atletas possam cuidar da sua saúde e das suas famílias, mas serão Jogos incríveis e eles não perdem por esperar”, concluiu.