Pela primeira vez na história, uma edição de Jogos Olímpicos foi adiada. Tóquio 2020 passou para 2021 há exato um mês por causa da pandemia do novo coronavírus. No entanto, apesar da nova data estar definida, o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Organizador estão perdidinhos em meio às dúvidas e projeções.
Com 15 meses para a abertura da Olimpíada, os organizadores estão se esforçando para reformular os planos para 2021, só que as incertezas são muitas. Não se sabe se a ameaça do coronavírus estará presente e qual o seu grau de contaminação.
Com a maior parte do mundo do esporte em espera por causa do coronavírus, o calendário internacional continua sendo outro ponto de interrogação.
Os atletas, parte fundamental do espetáculo, precisam de tempo suficiente para retomarem o treinamento e, para alguns, tentarem a qualificação antes de Tóquio 2020.
Fora que tem a conta dos gastos provenientes do adiamento. COI e o Comitê Organizador já andaram se estranhando. E o mundo ainda terá que lidar com uma forte recessão após a pandemia. Faltam 454 dias para a Cerimônia de Abertura de Tóquio 2020.
O adiamento
O anúncio da mudança de Tóquio 2020 para 2021 foi oficialmente acordado em 24 de março pelo primeiro-ministro Shinzo Abe e pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach.
O novo cronograma definiu que a Olimpíada será de 23 de julho a 8 de agosto de 2021 e as Paralimpíadas de 24 de agosto a 5 de setembro. No fim das contas, o adiamento ficou parecendo uma aposta do Comitê Organizador.
Japão em alerta
Uma semana depois do anúncio do adiamento, Shinzo Abe declarou estado de emergência para Tóquio e outras prefeituras, multiplicando efetivamente os desafios do Comitê Organizador de Tóquio, que agora está trabalhando com o pesadelo logístico no quintal de casa.
Neste contexto, a exibição da chama olímpica foi cancelada, os números de contaminados pelo coronavírus aumentou drasticamente no Japão, os parques com as famosas cerejeiras foram fechados e até um membro do Comitê Organizador foi infectado.
Tudo fechado
O estado de emergência foi ampliado para todo território japonês e forçou o fechamento das instalações olímpicas. A pandemia fez com que eventos esportivos como a temporada de sumô, beisebol e futebol fossem adiados.
Somente o necessário
Através de uma recomendação do COI, o Comitê Organizador começou a se mexer para reduzir os custos relacionados aos Jogos de Tóquio 2020, concentrando-se nos itens essenciais.
O presidente do COI, Thomas Bach, disse que a entidade deverá ter centenas de milhões de dólares em custos suplementares, mas não necessariamente para o Comitê Organizador.
Muito arriscado e sem plano B
Os questionamentos provenientes de especialistas assombram mais ainda o adiamento. Um professor japonês de doenças infecciosas questionou se a pandemia estará controlada no Japão e no mundo até julho do ano que vem.
Uma professora de saúde pública global vê a realização de Tóquio em 2021 sem uma vacina como “irrealista”. Reunir milhares de pessoas do mundo todo pode ser perigoso e pode causar uma nova onda de disseminação do coronavírus.
Pressionado, o Comitê Organizador revelou não ter plano B para Tóquio 2020. O único plano é a Olimpíada ser realizada na data estipulada em 2021.
E mais, Yoshiro Mori, o presidente do Comitê Organizador, disse que não há chance de uma nova remarcação de datas e que é difícil adiar a Olimpíada em dois anos.
Quem paga a conta?
Um dos maiores desafios para a nação anfitriã é o ônus de custos adicionais gerados pelo adiamento. Em meio a uma séria recessão após o surto de coronavírus, Tóquio enfrentará custos extras. Uma perspectiva que certamente alimentará a opinião pública negativa em um momento crítico.
O COI disse em seu site na segunda-feira (20) que Shinzo Abe havia comprometido o Japão a absorver sua parte dos custos adicionais – uma declaração que foi recebida com oposição imediata do secretário-geral do gabinete, Yoshihide Suga, e mais tarde excluída do site do COI a pedido do comitê organizador local.
Foi decidido durante a fase de licitação olímpica de Tóquio que a cidade-sede seria a primeira da fila para cobrir as despesas, caso o comitê organizador ficasse no vermelho. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, disse que está avaliando “como o governo japonês, o governo metropolitano de Tóquio e os organizadores lidarão com o custo adicional”.
Corrida olímpica
O COI, junto com as federações internacionais, alterou e ampliou o processo de qualificação olímpica após a pandemia. No entanto, apenas 57% das vagas já foram garantidos.
Quase metade das vagas para Tóquio 2020 ainda precisam ser definidas. Contudo, não há uma previsão de quando as principais competições poderão ser realizadas com segurança e a presença maciça de atletas do mundo inteiro. Isso pode acontecer somente em 2021, como acredita do Comitê Olímpico Brasileiro.
Mas a questão maior ainda é: será seguro o suficiente para a realização da Olimpíada de Tóquio em 2021?