Um grupo representando os moradores de rua de Tóquio está pedindo para usar a Vila Olímpica dos atletas para os Jogos do ano que vem como abrigo durante a pandemia de coronavírus, segundo informou a AP News.
Uma petição online dirigida aos organizadores das Olimpíadas de Tóquio e ao governo da cidade recebeu dezenas de milhares de assinaturas para que a Vila Olímpica seja ocupada pelos moradores de rua. “Se o surto de coronavírus continuar por algum tempo, muitas pessoas podem cair na pobreza e perder suas casas”, diz uma parte da petição.
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“Não sabemos quanto tempo essa crise vai durar e, portanto, precisamos mudar a maneira como pensamos. Isso inclui como trabalhamos, como lidamos com habitação e como prestamos ajuda às pessoas que precisam”, disse Ren Ohnishi, presidente do Centro de Apoio à Vida Independente.
Até agora, a organização de Tóquio e o governo ainda não comentaram sobre a possibilidade de ocupação da Vila Olímpica, que também foi cogitada para virar hospital de campanha para atender pacientes com coronavírus. O complexo terá 24 prédios, mas ainda não está pronto.
Situação delicada
Segundo a AP, a capital japonesa tem mil pessoas em situação de rua e estima-se que outros quatro mil estão ficando em “net cafes”, locais que oferecem acesso à rede e um cubículo para passar a noite. No entanto, muitos destes locais estão fechando. Por isso, o governo de Tóquio preparou cerca de 500 quartos em hotéis para aqueles que não podem mais ficar nestes “net cafes”.
A situação demanda uma atenção cuidadosa, uma vez que especialistas alertam pela possibilidade de maior disseminação do coronavírus, devido a incapacidade dos moradores de rua em manter um distanciamento social.
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“Nossa sociedade está sendo testada. No Japão, muitas pessoas ainda culpam os pobres por estarem em situação difícil”, disse o presidente do Centro de Apoio à Vida Independente. “A sociedade precisa se tornar mais inclusiva. Caso contrário, o surto de coronavírus se espalhará”, concluiu.
Tóquio e o Japão, no geral, viram o número de casos crescer consideravelmente nas últimas semanas. Por isso, o primeiro ministro, Shinzo Abe, decretou estado de emergência até, pelo menos, 6 de maio. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos foram adiados para julho e agosto do ano que vem, respectivamente.