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Tóquio 2020

História de Ana Patrícia vai do bullying aos Jogos Olímpicos

Nascida no interior de MG, a atleta do vôlei de praia sofeu bullying na infância, mas contou com o esporte para superá-lo e chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio

Ana Patrícia é uma das revelações do vôlei de praia do Brasil e ao lado de Rebecca Silva vai aos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Ana Patrícia foi bicampeão mundial sub-19 (Foto: Divulgação/CBV)

Ana Patrícia usou o vôlei de praia para superar o bullying que sofria enquanto criança, seguir na vida e chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Aos 22 anos, a atleta, que tem 1,94 m, sofreu com piadas durante o período escolar por ser fora do padrão antes de se firmar com umas das grandes promessas da modalidade no mundo.

“Por conta da altura, sofri um pouquinho na escola. Foi um período bem difícil mesmo e, querendo ou não, levamos alguma coisa para a vida adulta. O vôlei veio para transformar algumas crenças que eu tinha e para me realizar, não só como profissional, mas também como pessoa”, relembrou em entrevista para o Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Apesar da altura, Ana Patrícia demorou a encontrar o amor pelo vôlei. Criada em Espinosa, cidade ao norte de Minas Gerais e com pouco mais de 30 mil habitantes, praticou de tudo, exceto o esporte do qual é atleta hoje.

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“A vida de interior é bem simples, não tem muitas coisas para fazer. Na maior parte do tempo, ficava com os amigos praticando esportes. Jogava de tudo, menos vôlei. Sou apaixonada por futsal, jogava diariamente no time da cidade e ainda ficava nas peladas com os meninos. Pratiquei também natação e handebol, que foi o que me levou aos Jogos Escolares, em 2013”, disse.

Entrada no vôlei

Os Jogos Escolares, inclusive, foram motivo de uma virada na vida de Ana Patrícia. Descoberta pelo professor Augusto Figueiredo, a mineira deixou Espinosa e rumou para Betim, já na região metropolitana de Belo Horizonte, onde começou a treinar com o técnico Giuliano Sucupira e integrar a seleção mineira de vôlei de praia.

“Sempre tive na mente que seria atleta. E sabia que conseguiria, é incrível. Só que já estava ficando meio desanimada, porque estava ficando velha para o esporte e, por morar no interior, talvez não recebesse uma oportunidade. Mas sempre senti, nunca consegui pensar em outra coisa para a minha vida que não fosse ser atleta. Quando apareceu a oportunidade, agarrei com todas as forças”, disse.

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Apesar da entrada tardia no vôlei, Ana Patrícia evoluiu tão rapidamente que em quatro meses já foi chamada pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) para treinar no centro de desenvolvimento em Saquarema, no Rio de Janeiro. Em 2014, com 16 anos, disputou os Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China, e conquistou a medalha de ouro ao lado de Duda, que, com Ágatha, também estará nos Jogos Olímpicos.

“Tenho muitas boas lembranças, mas acredito que os Jogos Olímpicos da Juventude foram especiais por mostrar que estava no caminho certo. Talvez tenha sido o momento de maior afirmação, foi quando soube que teria futuro na modalidade”, disse.

Troca de dupla e inspiração

Junto de Duda, Ana Patrícia ainda conquistou o bicampeonato Mundial sub-21 em 2016 e 2017, ano em que trocou de parceira e passou a atuar com Rebecca Silva. A dupla, que já está garantida nos Jogos Olímpicos de Tóquio, é treinada por Reis Castro, técnico das medalhistas olímpicas Juliana e Larissa – bronze em Londres 2012 – e nove vezes campeão do Circuito Mundial.

“Estamos num grupo que todos pensam diferente. Há momentos em que não é fácil, mas, na maioria das vezes, nos acertamos muito bem enquanto equipe. Fico muito feliz de ter vindo para o Ceará porque vejo o quanto evoluí e o tanto que ainda tenho a crescer. Acredito que estou ao lado das pessoas certas”, afirmou.

Uma das jogadoras treinadas por Reis é a grande inspiração de Ana Patrícia. A mineira não esconde a admiração por Larissa, de quem recebe conselhos e tem um carinho enorme.

“No esporte tem muita gente que inspira, mas posso falar de uma pessoa que inclusive influenciou na minha decisão (de ir para o Ceará): a Larissa, de quem sempre fui muito fã e que tive a oportunidade de conhecer. Ela sempre me deu força, me inspirou a ser mais. Acima dela, só mesmo a minha família. Não há ninguém que me dê mais motivos para seguir em frente do que eles”, afirmou.

Superstições e Jogos Olímpicos

Ana Patrícia conta com uma ajudinha de forças maiores para se dar bem em quadra. A atleta é muito supersticiosa, e tem levado sua parceira Rebecca Silva para o mesmo caminho.

“Sou supersticiosa demais da conta. Mais até do que gostaria (risos). Sou supersticiosa com o pé que piso na quadra; com a cor do biquíni, que precisa ser igual até a final; com a comida… E faço a Rebecca me acompanhar em tudo porque, na minha cabeça, as duas precisam fazer para dar certo”, disse.

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A dupla Ana Patrícia e Rebecca é tida como a revelação do vôlei de praia nacional neste ciclo olímpico. Elas correram por fora, mas cresceram nos momentos decisivos e levaram a segunda vaga do Brasil.

“Quando penso nos Jogos Olímpicos, primeiro vem muita gratidão. O caminho foi muito duro até conseguirmos a classificação, mais do que qualquer um de nós imaginava. E, acima de tudo, muita felicidade, porque é a oportunidade de realizar o nosso sonho. Vamos nos preparar bastante para isso”, finalizou Ana Patrícia.

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