Indefinições, quaisquer que sejam elas, mexem com o ser humano. Pois imagine como essas perguntas mexeram esse tempo todo com os atletas, os personagens centrais dessa história chamada Jogos Olímpicos de Tóquio e seu inimigo, o coronavírus, até que uma definição fosse de fato tomada. Foi o caso do destaque da natação brasileira Brandonn Almeida. Apesar de apoiar a decisão do COI de adiar as Olimpíadas, o nadador do Sesi-SP, de 23 anos, falou da frustração e do cuidado psicológico em precisar esperar mais um ano para realizar o seu sonho.
“Esse cenário mudou os treinos de praticamente 90% dos atletas. Falei com uns 15, 16 e só um está conseguindo treinar normalmente. Normalmente não, porque afeta muito o nosso psicológico. Apesar de a maioria apoiar que seja em 2021, a gente estava preparado para que fosse este ano. Porém, a saúde em primeiro lugar. Não tem como ter Olimpíadas com os atletas em casa, sem treinar, outros pegando o coronavírus. Nós não somos super-heróis e estamos sujeitos a contrair esse vírus”, pontuou Brandonn em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
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Além do adversário invisível, que é o coronavírus, Brandonn destaca um outro rival de peso, que vem fazendo jogo duro com todo mundo: o fator psicológico.
“O que mais pega é o psicológico. Eu tinha dado a vida nos treinos, treinado em duas altitudes, e parece que a gente jogou tudo fora… Mas tenho trabalhado com a minha psicóloga para tentar manter a calma, o equilíbrio e a resiliência, porque a gente não pode fazer nada. Agora teremos mais um ano para se preparar, mas é também mais um ano de ansiedade. É claro que a gente vai ter que manter muito bem o corpo, mas a mente vai ser o que a gente vai precisar trabalhar mais. O momento é saúde, é melhorar esse cenário mundial, todos os atletas ficarem bem e quando todo mundo e os países estiverem recuperados, a gente volta com tudo”, completou.
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Por trás de tudo
Brandonn Almeida começou a praticar esporte com três anos de idade, incentivado por sua mãe. Passou por várias modalidades, como taekwondo, judô, futebol e muay thai, mas foi na natação em que o jovem paulista achou o seu lugar.
Aos oito anos, ele já estava nadando pelo Corinthians, onde percebeu que “levava jeito para a coisa” e começou a se destacar. E não parou mais. Desde 2015, Brandonn se tornou o melhor nadador de 400m medley do Brasil.
Foi recordista mundial júnior da prova, vice campeão mundial júnior, campeão Pan-Americano, disputou as Olimpíadas no Rio em 2016, foi finalista no Mundial de Budapeste em 2017 e medalha de bronze no Mundial de Piscina Curta em 2018. Foi assim que ele percebeu que talvez fosse possível alcançar seu maior sonho: uma medalha nas Olimpíadas.
Temporada complicada
Em 2019, porém, Brandonn não teve um de seus melhores anos. Não foi bem no Mundial de Gwangju e apesar de ser bronze no Pan-Americano de Lima, ficou longe de sua melhor marca. No final do ano, ele anunciou o fim da parceria de 14 anos com o Corinthians para ir ao Sesi e voltar a treinar com Carlos Henrique Matheus, com quem viveu sua melhor fase no Timão.
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Tudo isso motivado pelo sonho olímpico, que já que não vai acontecer neste ano por causa do coronavírus, tem tudo para acontecer no próximo. Por isso, Brandonn dá o tom: “Desde pequeno eu tenho isso de não parar enquanto em não consigo o que eu quero. Então a minha luta para alcançar meu sonho não vão parar enquanto eu não conseguir. Não vai faltar dedicação, motivação e treino”.