Não poder competir é devastador para o atleta. Você treina para as competições, mira uma olimpíada e, de repente, uma pandemia estoura e sua chance de disputar uma vaga olímpica é interrompida. “Com certeza eu fui pega de surpresa”, diz Priscilla Stevaux, atleta olímpica do BMX.
O coronavírus está afetando a rotina das pessoas e atingiu em cheio a vida dos atletas e os eventos esportivos. “Tudo foi cancelado em cima da hora, foi cancelando uma competição seguida da outra, o calendário ficou incerto.”
Incertezas
As principais competições esportivas estão paradas, a Olimpíada de Tóquio está ameaçada, bem como as suas formas de qualificação, seja via ranking ou pré-olímpico. No BMX, as vagas, majoritariamente são via ranking mundial. Sem competição, sem pontos no ranking.
“A minha última competição foi uma Copa Internacional, na Argentina valendo ponto para ranking. Fiz um primeiro lugar e voltei muito determinada a buscar essa vaga. Hoje, eu não faço ideia qual será minha próxima competição”.
Na corrida para Tóquio 2020, Priscilla Stevaux é a segunda melhor brasileira no ranking mundial de BMX e o país só tem direito a uma vaga no feminino. Sem competições e com a União Ciclística Internacional querendo congelar o ranking retroativo ao dia 3 de março, a ciclista está a 43 pontos de Paola Reis, que ficaria com a vaga olímpica.
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“No nível olímpico, tenho duas competições na Hour Class (HC), a classe que mais soma pontos tirando Mundial, Copa do Mundo e Pan-Americano, e eu teria que ter mais uma competição na classe HC para tirar a diferença no ranking da atleta que disputa a vaga comigo. Infelizmente não participar dessas competições acaba tendo um peso muito grande na disputa.”
Seguir em movimento
Sem competições de BMX, o jeito é treinar. “Quando a gente não pode competir, a gente tem mais tempo para treinar”, enfatiza Priscilla Stevaux. Só que o coronavírus está obrigado os atletas a buscarem novas formas de se manterem ativos e treinarem a técnica em tempos de isolamento social e contenção da proliferação da Covid-19.
“O único treinamento que a agente não está conseguindo fazer é o específico, na pista de BMX. Estamos fazendo umas adaptações com meu treinador. Dando tiros de velocidade na rua com obstáculos para tentar juntar as técnicas do bmx em velocidade, técnicas como alguns saltos, manual e passagem com uma roda. Os obstáculos são uns cones, algumas barreiras e adaptando as coisas. Os tiros de velocidade estão sendo individuais, sem grupos, normalmente eu fazia em grupo, e agora mais sozinha.”
E dentro de casa, o treino segue. “Estou fazendo treinamento de musculação em casa ao invés de ir na academia ou clube de campo, onde costumo treinar.”
Compreensão do momento
O momento pede adaptação e paciência diante das incertezas. “Estamos passando por um período muito difícil, temos de nos manter motivados, tentar seguir motivado. Sempre tentando pensar positivo.Eu tento me manter motivada todos os dias.”
E por mais que esteja abalada com a situação, Priscilla Stevaux sabe que o esporte acaba ficando pequeno diante da pandemia. “Tenho amigos meus, que moram ou estavam esperando para competir fora do país, chateados e frustrados, por não conseguirem disputar as competições, de não terem as competição que estavam agendadas. Porém, acreditam que a paralisação dos eventos e dos treinamentos são problemas muito menores, já que a pandemia vem crescendo a cada dia.”
No fim das contas, o momento pede calma e compreensão, além, claro, de um compromisso de cidadania para com as outras pessoas. “O importante agora é cada um fazer a sua parte, não só aqui, no mundo todo. Uma pessoa acaba influenciando o mundo inteiro. Então se cada uma fizer sua parte, teremos um número menor de casos. Manter a limpeza das mãos, ter paciência, é um momento difícil, mas que vai passar. E cada um fazendo sua parte, vai passar mais rápido para todo mundo.”