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Tóquio 2020

Chama olímpica chega ao Japão, mas incertezas continuam

Tocha chegou pela provincia de Miyagi,mantendo a programação original mesmo em tempos de coronavírus. Pressão por mudanças persistem

Chama olímpica chega ao Japão
A chama olímpica foi recebida por Saori Yoshida e Tadahiro Nomura (Crédito: Twitter Tokyo2020/Erika Shimamoto)

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ganharam mais um capítulo nesta sexta-feira (20). A chama olímpica chegou ao Japão e foi recebida por dois atletas históricos do país: Saori Yoshida, tricampeã olímpica de luta livre, e Tadahiro Nomura, com três medalhas de ouro no judô. A cerimônia de chegada ocorreu na Base Aérea de Matsushima, na província japonesa de Miyagi, norte de Tóquio. Apesar de a programação seguir normalmente, o evento acontece no momento em que crescem as dúvidas sobre a competição por causa da pandemia coronavírus.  

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Além dos dois atletas, alguns dirigentes participaram da solenidade. “A tocha olímpica está em Tóquio pela primeira vez após 56 anos e espero que ilumine o caminho da esperança para muitas pessoas”, disse Yoshiro Mori, presidente do Comitê Organizador de Tóquio 2020 , lembrando das Olimpíadas de Tóquio de 1964. “Trabalharemos em estreita colaboração com o Comitê Olímpico Internacional, o governo japonês e o governo metropolitano de Tóquio e garantiremos jogos seguros e protegidos”, completou.

O avião responsável por conduzir esse importante marco olímpico trazia a inscrição “Revezamento da Tocha Olímpica Tóquio 2020” e “A esperança ilumina nosso caminho”. Ele começa oficialmente no dia 26 de março, em Fukushima. Mesmo com a manutenção do cronograma, as incertezas aumentam. Shinzo Abe, primeiro ministro japonês, descartou realização das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio e Paraolimpíadas sem público. “As Olimpíadas devem ser realizadas de uma maneira que atletas e espectadores se sintam seguros. O tamanho do evento não será reduzido e os torcedores também aproveitarão a emoção das Olimpíadas. É assim que espero que os eventos sejam realizados no Japão”.

Pressão pelo adiamento

Porém, não existem só as opiniões positivas sobre a manutenção da competição em seu cronograma atual. Kaori Yamaguchi, membro Conselho Executivo do Comitê Olímpico Japonês, solicitou o adiamento dos Jogos. Segundo ela, os sentimentos dos atletas devem ser a prioridade nesse momento. “Realizar as Olimpíadas em um momento em que os atletas não podem treinar tanto quanto gostariam é contrário ao lema ‘atletas em primeiro lugar’. Os Jogos devem ser adiados”, afirmou a dirigente, que foi medalhista de bronze no judô nas Olimpíadas de Seul em 1988,  em entrevista publicada no jornal Nikkei nesta sexta-feira (20).

Yamaguchi sugeriu que a resistência em se posicionar de forma contrária a realização das Olimpíadas com a data estabelecida transparece a mentalidade da população durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial. “No Japão existia uma atmosfera em que muitas pessoas sentiam que não podiam expressar sua oposição, mesmo sabendo que o país perderia. Receio que muitos membros e atletas do Comitê Olímpico Japonês se sintam desencorajados a dizer que um adiamento seria a melhor solução”, destacou. O ponto de vista de Yamaguchi não foi bem aceito por Yasuhiro Yamashita, judoca presidente do Comitê Olímpico Japonês. “É compreensível que as pessoas tenham várias opiniões. Mas é extremamente lamentável que alguém do Comitê Olímpico Japonês faça esse comentário”.

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Quem também apresentou sua posição sobre o assunto foi Sebastian Coe, presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Para ele, alterar as Olimpíadas para setembro ou outubro por causa do surto de coronavírus é uma possibilidade, porém, ainda é cedo para pensar em cancelamento. “É possível, tudo é possível neste momento”, disse Coe ao ser questionado em uma entrevista na BBC. “Acredito que a posição que o esporte tomou, e que era a sensação da conversa que tive outro dia com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e outras confederações, é que ninguém diz que se deve seguir adiante com os Jogos custe o que custar”, destacou. Sobre o cancelamento, Coe acredita que não seria a melhor decisão nesse instante. “Não é uma decisão que deve ser tomada neste momento. Não vamos tomar uma decisão precipitada quando ainda temos quatro meses pela frente”, completou.

“Cancelamento não está na agenda”

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), afirmou que a entidade está considerando diversos cenários, mas que o cancelamento não é um deles. “O cancelamento não está na agenda. Estamos comprometidos com o sucesso desses jogos. É claro que estamos considerando cenários diferentes, mas estamos a quatro meses e meio de distância dos Jogos. O que torna essa crise tão única e difícil de superar é a incerteza. Hoje, ninguém sabe dizer o que acontecerá amanhã, em um mês, e menos ainda em mais de quatro meses”, afirmou o mandatário em entrevista ao The New York Times.

Bach foi atleta e medalhista de ouro olímpico na esgrima e garante simpatizar com as posições dos atletas. “A pior coisa para a preparação é a incerteza que atrapalha o treinamento e os preparativos. Eu disse aos 220 atletas na ligação de quarta-feira que não podemos fingir que temos respostas para todas as suas perguntas. Estamos na mesma situação que eles e o resto do mundo. É uma situação excepcionalmente única e que requer soluções excepcionais”, concluiu o presidente do COI.

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